Não ficar triste por coisas que não merecem sequer a minha atenção.
"I'm an animal
Trapped in your hot car
I am all the days
That you choose to ignore
(...)
I only stick with you
Because there are no others"
Radiohead - "All I Need"
in In Rainbows (2007)
Eu penso que preciso. Mas não preciso, eu dependo. Porque apesar de não conseguir imaginar-me de outra maneira, eu sei que conseguiria suportar. Mas a ideia, agora, parece-me insuportável. E estou bem mas sinto-me como um animal preso dentro de um carro, no Verão, com as janelas fechadas. Estou bem, mas sinto-me sozinha e queria ir lá saber, perguntar, a toda a hora, se fui esquecida ou se estou a ser ignorada. Mas há apenas uma razão - os outros para mim, morreram, há muito, e és, erradamente, uma ilha que construí na minha cabeça e de onde não consigo escapar.
"All that is now
All that is gone
All that's to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.
'There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it's all dark.'"
Pink Floyd - Eclipse
in The Dark Side of the Moon (1973)
Tudo está em harmonia. Tudo está iluminado pelo sol. Olho pela janela e os seus raios batem igualmente nos rostos, nos edifícios, nos carros que passam. Tudo está em harmonia. Há quem esteja a fechar os olhos neste momento, queixo inclinado para cima, a sentir o prazer do calor do sol de inverno nos poros do rosto. E tudo está em harmonia. As árvores fazem a fotossíntese em silêncio, também banhadas pela luz. Tudo em harmonia. Tudo funciona e nada questionamos. Está sol lá fora.
Quando está sol quase ninguém se lembra da lua. Não nos preocupemos. Não há que ter medo e indagar sobre o que estará escondido no seu lado escuro. Esqueçam. Toda ela é escura. Assim como a vida. Levamos com os raios ultravioleta na cara e está tudo bem, iluminado, claro, quente. Não passa de uma tela que transmite um filme à frente dos nossos olhos desde que nascemos até ao destino final. Todos temos um lado negro. Todos já demos conta que ele existe. Todos já fizemos tentativas de o esconder. Todos temos medo. Estamos todos na escuridão.
E lá vamos continuando, em harmonia, dando vivas ao sol, enquanto a derradeira hora, que pode ser agora, nos levará finalmente para a escuridão a que pertencemos e onde todos, sem excepção, iremos parar.
Querido Pai Natal, que merda é essa de, no espaço de uma semana, me oferecer 3 fantásticas prendas: duas costelas deslocadas, a possibilidade de ter uma hérnia na coluna e uma infecção no pulmão? Fui uma menina má? Que eu saiba não fiz nada de mal. E há violadores de criancinhas que concerteza gozam de uma saúde melhor do que eu. E para além do incómodo das dores e mau-estar, a minha carteira está muito mais leve depois de quatro médicos e dezenas de medicamentos. Ah! E ainda faltam os raios-x e a TAQ. Se calhar a sua preocupação é que a minha carteira fique mais leve, para não andar tão mal da coluna, e eu é que ando a perceber mal as coisas, peço desculpa!
Ou então é alguma alminha bondosa que me anda a desejar que todas as maleitas do mundo me caiam nas costas. Mau-olhado. Makumba. Voodoo. Não sei! Mas se for esse o caso, espero que essa pessoazinha morra empalada com um pau enfiado do rabo até à boca e que seja grelhadinha ao género de leitão na brasa.
Caso não seja esse o caso, só queria deixar então um recado ao Pai Natal:
Best Christmas ever!
Ou então é alguma alminha bondosa que me anda a desejar que todas as maleitas do mundo me caiam nas costas. Mau-olhado. Makumba. Voodoo. Não sei! Mas se for esse o caso, espero que essa pessoazinha morra empalada com um pau enfiado do rabo até à boca e que seja grelhadinha ao género de leitão na brasa.
Caso não seja esse o caso, só queria deixar então um recado ao Pai Natal:
Best Christmas ever!
Não posso deixar de comunicar o meu orgulho e contentamento pelo sucesso do primeiro concerto de Rammsteil. Como ajudante / assistente / maquilhadora / manicure / fotógrafa / videógrafa, etc, estou totalmente babada por todos eles. Mas é claro que não posso deixar de salientar o meu menino, super sexy com as minhas perneiras enfiadas nos braços, e todo desembaraçado em palco. Venham mais concertos, mas atenção groupies, estou de olho em vocês! :)
"She is everything to me
The unrequited dream
A song that no one sings
The unattainable
She's a myth that I have to believe in
All I need to make it real is one more reason.
(...)
She isn't real
I can't make her real."
Encontrar palavras de afecto nas letras das músicas de bandas que são consideradas pelos puritanos quase como o "anti-cristo", agressivas, pesadas, enfim, é muito habitual. Penso que conseguem colocar as coisas de outra maneira que os românticos nunca conseguirão, e dar um sentido poético, e ao mesmo tempo, negro, do amor. Sem enfeites ou brejeirices. E esta música tira-me do sério. É de uma sinceridade tamanha que, apesar de dizerem que "ela não é real", é como se estivesse bem presente aqui, ao meu lado, e a conseguisse tocar. Ele é que não. E isso aflige-me. Só queria dizer-lhe para continuar a tentar...
"Life is a sexually transmitted disease"
R. D. Laing
É sempre bom quando se sabe, no mesmo dia, que duas bandas que gosto muito vêm a Portugal. "Gosto" é dizer pouco, os Metallica são a minha banda favorita. Quando aos Coldplay...gosto, muito. Por isso, espero ter dinheiro para um eventual passeio à Invicta :) Quanto a Lisboa, lá estarei certamente, James =)
"Must be a devil between us
or whores in my head
whores at the door
whore in my bed
but hey
where, have you been?
if you go i will surely die.
we're chained."
Pixies - "Hey"
Estamos acorrentados, sem correntes, sem o aço, sem cadeados ou chaves. É mais imaterial e mais forte do que tudo isso. Venham as "whores" todas desta vida, a ver se conseguem quebrar as correntes. Bem... há o ácido corrosivo. Uma machadada bem forte. Uma serra eléctrica. Metaforicamente falando, claro. Ficam as dicas.
"Most people have seen worse things in private than they pretend to be shocked at in public."
Edgar Watson Howe
Há quem se finja chocadíssimo com determinado assunto quando está em público, mas que em privado já fez / assistiu a coisas bem piores. São aquelas pessoas do género que ficam escandalizadas com imagens de pessoas a ter relações sexuais, mas que têm uma colecção de pornografia guardada no computador, que inclui todos os fetiches mais psicóticos e mais alguns. Aquelas pessoas que dizem "coitadinha daquela que leva nos cornos do marido", e que em casa arreiam na mulher / filhos / marido (sim, que eles também já levam) como se não houvesse amanhã, nem hoje, nem ontem. Cada um tem a vida que quer ter, e faz o que quer na privacidade da sua casa, mas por favor, falsos moralismos é que não. Todos temos podres, alguns de nós grandes podres, e... who cares? Sejam vocês próprios e não mintam para os outros nem para o espelho, a vida é tão mais tranquila quando se lida com a verdade.
Escolher entre saber e ser-se ignorante parece uma escolha fácil. Mas não é. Às vezes sabemos mais do que devíamos. Sabemos o que não queríamos saber. Coisas que moem, chateiam, nos alteram o dia, e fazem com nada do que façamos satisfaça. Coisas que não saem da cabeça. Coisas que se colam ao corpo e à cabeça, que não nos deixam dar um passo sem nos lembrarem da nossa miséria.
No que depender de mim, não deixarei mais essas coisas entrar. Prefiro resignar-me com a ignorância e ser um bocadinho feliz, do que saber e martelar hora após hora, dia após dia. Sei lá eu se vou estar aqui para a semana, ou amanhã, e não quero passar os meus últimos dias preocupada e com um peso nos ombros que me faz quase rastejar, junto ao chão, porque já nem a cabeça consigo levantar.
No que depender de mim, não deixarei mais essas coisas entrar. Prefiro resignar-me com a ignorância e ser um bocadinho feliz, do que saber e martelar hora após hora, dia após dia. Sei lá eu se vou estar aqui para a semana, ou amanhã, e não quero passar os meus últimos dias preocupada e com um peso nos ombros que me faz quase rastejar, junto ao chão, porque já nem a cabeça consigo levantar.
Toda a gente tem os seus sons do terror. Há quem empalideça e trema com o som das unhas a raspar a madeira, o giz sobre o quadro de ardósia, cadeiras a arrastar no chão... Pois o meu grande som do terror é o dos beijinhos repenicados.
Infelizmente vim no comboio ao lado de um casalinho adolescente e cheio de acne, mais aparelho nos dentes (eles agora são o pacote completo) e o som dos seus beijinhos pequeninos e repenicados assombrou-me toda a viagem. Não sei se era do aparelho ou não, mas o som ainda era pior do que habitualmente. Nem consigo descrever. Como se aquilo se propagasse no ar e ficasse a bailar junto dos meus ouvidos. Merda para os comboios cheios que não deixam margem para que se escape a este filme de terror. Não é que eu seja contra as manifestações públicas de afecto, eu própria já devo ter feito figuras ridículas, mas por amor da santa, em silêncio!
Juro que a minha vontade era dar um murro bem no meio da boca de cada um. A ver se sem os dentes da frente conseguiam fazer aquele sonzinho irritante.
Infelizmente vim no comboio ao lado de um casalinho adolescente e cheio de acne, mais aparelho nos dentes (eles agora são o pacote completo) e o som dos seus beijinhos pequeninos e repenicados assombrou-me toda a viagem. Não sei se era do aparelho ou não, mas o som ainda era pior do que habitualmente. Nem consigo descrever. Como se aquilo se propagasse no ar e ficasse a bailar junto dos meus ouvidos. Merda para os comboios cheios que não deixam margem para que se escape a este filme de terror. Não é que eu seja contra as manifestações públicas de afecto, eu própria já devo ter feito figuras ridículas, mas por amor da santa, em silêncio!
Juro que a minha vontade era dar um murro bem no meio da boca de cada um. A ver se sem os dentes da frente conseguiam fazer aquele sonzinho irritante.
Há poucas coisas de que gosto mais do que levar uma anestesia. De forma directa e rápida a carne adormece e a dormência toma lugar onde antes existia a dor. Em doses apropriadas, leva-nos um pouco do cérebro também. E assim, moles e um pouco mais parvos, somos tão mais felizes. Bendita a seringa do poder e da simplicidade, remédio para alguns males do corpo e da mente.
"The trouble with our times is that the future is not what it used to be."
Paul Valery (1871-1945)
Assistimos à degradação dos tempos desde há muito mais do que podíamos imaginar. Já em séculos passados o futuro era um mau presságio, e adivinhem, assim se mantém, aliás, agravou-se consideravalmente. O futuro já não é o que era, e quanto a mim, prefiro nem o imaginar.
"Come with me
Into the trees
We'll lay on the grass
And let the hours pass
(...)
Let me see you
Stripped down to the bone"
Depeche Mode - "Stripped" (1986)
Vamos correr sobre relva molhada, despindo-nos enquanto descemos uma íngreme ladeira, que nos faz correr mais e mais depressa até cairmos, já sem roupa, sentindo o fresco da relva na pele. Sem roupa, e sem problemas, continuaremos a despir-nos por dentro e a deitar tudo cá para fora. Cansados e bafejantes vamos assistir à passagem do tempo. Vai ser rápido porque acabámos de nos tornar perfeitos e os dias vão custar menos a passar, agora. Já somos a relva, chuva, pele e respiração ofegante, tudo numa só amálgama que tem tudo menos inocência.
Into the trees
We'll lay on the grass
And let the hours pass
(...)
Let me see you
Stripped down to the bone"
Depeche Mode - "Stripped" (1986)
Vamos correr sobre relva molhada, despindo-nos enquanto descemos uma íngreme ladeira, que nos faz correr mais e mais depressa até cairmos, já sem roupa, sentindo o fresco da relva na pele. Sem roupa, e sem problemas, continuaremos a despir-nos por dentro e a deitar tudo cá para fora. Cansados e bafejantes vamos assistir à passagem do tempo. Vai ser rápido porque acabámos de nos tornar perfeitos e os dias vão custar menos a passar, agora. Já somos a relva, chuva, pele e respiração ofegante, tudo numa só amálgama que tem tudo menos inocência.
"With the birds I'll share
This lonely view"
Red Hot Chilli Peppers - "Scar Tissue" (in "Californication", 1999)
Os meus dias são desertos intermináveis. Caminho sozinha e espero silenciosamente que o sol baixe e chegue a noite, minha amiga, companheira, que deixa tudo melhor, até ao dia nascer outra vez.
Acompanham-me os pássaros. Com eles partilho esta vista, de coisa nenhuma, apenas areia e mais areia, que me incomoda, cansa, se enfia nos sapatos, mas não tenho como livrar-me dela. Apenas a resignação de que estou destinada a estas caminhadas diárias, e de vez em quando lá vejo um pouco de mar e sinto o cheiro a maresia, e tudo fica um pouco melhor. Por segundos.
This lonely view"
Red Hot Chilli Peppers - "Scar Tissue" (in "Californication", 1999)
Os meus dias são desertos intermináveis. Caminho sozinha e espero silenciosamente que o sol baixe e chegue a noite, minha amiga, companheira, que deixa tudo melhor, até ao dia nascer outra vez.
Acompanham-me os pássaros. Com eles partilho esta vista, de coisa nenhuma, apenas areia e mais areia, que me incomoda, cansa, se enfia nos sapatos, mas não tenho como livrar-me dela. Apenas a resignação de que estou destinada a estas caminhadas diárias, e de vez em quando lá vejo um pouco de mar e sinto o cheiro a maresia, e tudo fica um pouco melhor. Por segundos.
"Esta insegurança é irritante. Um homem pode ser amado por cem mulheres bonitas e no dia em que uma feia lhe vira a cara desaba-se-lhe a confiança. Acha que as outras cem é que estavam enganadas e que só esta percebeu finalmente que ele não prestava para absolutamente nada. A uma mulher, em contrapartida, basta ser amada uma única vez para achar que os cem homens que a rejeitam são simplesmente parvos que não sabem o que perdem."
Miguel Esteves Cardoso
Não sei se será assim tão linear, e se se pode confinar a insegurança aos géneros, mas quem consegue ignorar cem rejeições em detrimento de ser amado, ou ter sido amado, uma única vez, é efectivamente de louvar e felicitar. É preciso mais do que força de vontade, é precisa uma auto-estima inabalável e acreditar em si próprio, o que digamos, não há por aí a sobrar nos dias de hoje. No entanto, penso, para se ter sido rejeitado cem vezes, embora metaforicamente falando, algo está errado. Dentro das grandes doses de auto-estima também há que olhar no espelho e ver o que anda a afastar os outros. Por vezes, comprar desodorizante, ou ter um aspecto limpo e saudável, não está nas prioridades de todos. Não mesmo, pelo que vejo, e cheiro, nos comboios e autocarros deste Portugal. Fica a dica.
Miguel Esteves Cardoso
Não sei se será assim tão linear, e se se pode confinar a insegurança aos géneros, mas quem consegue ignorar cem rejeições em detrimento de ser amado, ou ter sido amado, uma única vez, é efectivamente de louvar e felicitar. É preciso mais do que força de vontade, é precisa uma auto-estima inabalável e acreditar em si próprio, o que digamos, não há por aí a sobrar nos dias de hoje. No entanto, penso, para se ter sido rejeitado cem vezes, embora metaforicamente falando, algo está errado. Dentro das grandes doses de auto-estima também há que olhar no espelho e ver o que anda a afastar os outros. Por vezes, comprar desodorizante, ou ter um aspecto limpo e saudável, não está nas prioridades de todos. Não mesmo, pelo que vejo, e cheiro, nos comboios e autocarros deste Portugal. Fica a dica.
"Nunca esperei nada da vida. Por isso tenho tudo."
José Saramago
Pelos vistos o meu maior erro é esperar mais e mais da vida. Tenho de deixar de ser tão exigente, a ver se me queixo menos, e se os dias deixam de ser uma desilusão constante.
José Saramago
Pelos vistos o meu maior erro é esperar mais e mais da vida. Tenho de deixar de ser tão exigente, a ver se me queixo menos, e se os dias deixam de ser uma desilusão constante.
"Ninguém ousa dizer adeus aos seus próprios hábitos. Muitos suicidas detiveram-se no limiar da morte ao pensar no café onde vão todas as noites jogar a sua partida de dominó."
Balzac
Podemos agradecer aos nossos hábitos não nos perdermos ainda mais. Eles seguram-nos à vida, põem ordem nas coisas, justificam os nossos actos. Embora nem pensemos neles. Estão entranhados no que fazemos, provavelmente há anos, e alguns estão mesmo presentes desde o início da vida. Sem os meus hábitos, as minhas formas de escape e de desconexão momentânea da realidade, tenho a sensação que depressa entraria em colapso.
Todos os dias de manhã o café é a minha religião. Cumpro toda a rotina que vai desde o ligar a máquina de café até por fim ter ingerido todo o líquido que me acorda lentamente. Se isso me faltar, dou em maluca, embora seja "só" um café. Nunca nada é "só". Para mim, é a maneira real e simbólica do início do meu dia e do meu despertar para a vida que tenho de enfrentar mais uma vez. E se realmente pusesse em hipótese o suicídio, iria pensar duas vezes no prazer diário do cafézinho que iria perder.
Pelo menos, acho que lá em baixo ainda não há disso.
Balzac
Podemos agradecer aos nossos hábitos não nos perdermos ainda mais. Eles seguram-nos à vida, põem ordem nas coisas, justificam os nossos actos. Embora nem pensemos neles. Estão entranhados no que fazemos, provavelmente há anos, e alguns estão mesmo presentes desde o início da vida. Sem os meus hábitos, as minhas formas de escape e de desconexão momentânea da realidade, tenho a sensação que depressa entraria em colapso.
Todos os dias de manhã o café é a minha religião. Cumpro toda a rotina que vai desde o ligar a máquina de café até por fim ter ingerido todo o líquido que me acorda lentamente. Se isso me faltar, dou em maluca, embora seja "só" um café. Nunca nada é "só". Para mim, é a maneira real e simbólica do início do meu dia e do meu despertar para a vida que tenho de enfrentar mais uma vez. E se realmente pusesse em hipótese o suicídio, iria pensar duas vezes no prazer diário do cafézinho que iria perder.
Pelo menos, acho que lá em baixo ainda não há disso.
Quando se sente na pele, e por baixo dela, e em todo o lado, todos os poros, veias, entranhas, em cada átomo, o que é a perfeição, é difícil esquecer. E eu senti. Sou uma das poucas pessoas privilegiadas deste mundo que se orgulha de saber o que são dias perfeitos. Aqueles dias que se podiam imortalizar para sempre. Torná-los um modelo de como devem ser todos os outros dias para resto das nossas vidas.
O pior dos dias perfeitos é saber que acabam. Que amanhã há que voltar à mesma rotina de sempre, àquela que nos mata um bocadinho a cada dia, àquela que, ao levantarmo-nos de manhã, nos faz saber que durante esse dia, não sorriremos nunca.
E cá estou eu, sem vontade alguma de sorrir. Porque ontem, ainda tudo era perfeito, e hoje, bem, sinto-me na merda, contrariada, infeliz, miserável, desejando poder acelerar o tempo para os próximos dias perfeitos, ou recuar, e imortalizar aquilo que ainda ontem sentia.
Cada vez percebo menos o sentido desta vida. Dizem que o objectivo é ser feliz. Pois, eu já fui, e num passado tão recente - ontem! - e foi tão simples... Deixem-me voltar para trás, ou ser assim, tal como ontem, para sempre. Não me metam um rebuçado na boca para depois o tirarem...
O pior dos dias perfeitos é saber que acabam. Que amanhã há que voltar à mesma rotina de sempre, àquela que nos mata um bocadinho a cada dia, àquela que, ao levantarmo-nos de manhã, nos faz saber que durante esse dia, não sorriremos nunca.
E cá estou eu, sem vontade alguma de sorrir. Porque ontem, ainda tudo era perfeito, e hoje, bem, sinto-me na merda, contrariada, infeliz, miserável, desejando poder acelerar o tempo para os próximos dias perfeitos, ou recuar, e imortalizar aquilo que ainda ontem sentia.
Cada vez percebo menos o sentido desta vida. Dizem que o objectivo é ser feliz. Pois, eu já fui, e num passado tão recente - ontem! - e foi tão simples... Deixem-me voltar para trás, ou ser assim, tal como ontem, para sempre. Não me metam um rebuçado na boca para depois o tirarem...
Como é que as pessoas insistem em apagar as pegadas que deixam? Têm assim tanto a esconder? Se calhar sim. E a parva sou eu, por ainda as ouvir e achar que são um poço de virtudes.
Só que pinga a pinga, o poço vai secando, e a minha paciência para ouvir constantes balelas, também.
Começo a tornar-me fria e calculista no que faço, contra a minha vontade. A culpa não é minha. Tudo o que me entra nos ouvidos é primeiro filtrado, e só depois decido se guardo ou deito fora. A maioria das vezes deito fora. Já nada do que possam dizer me convence.
Não depois do que eu já vi, e que vou guardar para sempre.
Só que pinga a pinga, o poço vai secando, e a minha paciência para ouvir constantes balelas, também.
Começo a tornar-me fria e calculista no que faço, contra a minha vontade. A culpa não é minha. Tudo o que me entra nos ouvidos é primeiro filtrado, e só depois decido se guardo ou deito fora. A maioria das vezes deito fora. Já nada do que possam dizer me convence.
Não depois do que eu já vi, e que vou guardar para sempre.
Ontem à noite, antes de dormir, tive um meio-sonho. Ainda sem dormir profundamente, e consciente do som dos carros a passar na estrada, lá fora, semi-sonhei que repousava. Num lugar exclusivamente destinado a esse efeito - para que pessoas cansadas fossem descansar, durante uns tempos, sozinhas. Essa era uma das regras da casa de repouso - só podiam entrar pessoas sozinhas. Sem amigos, conhecidos, ou familiares. Qualquer pessoa que se conhecesse naquele lugar, seria do zero.
Haviam salas de leitura, massagem, exercício, reflexão, todas mergulhadas no silêncio mais profundo e reconfortante de sempre. As refeições que nos apareciam à frente eram sempre aquilo que mais nos apetecia comer.
E o melhor de tudo, é que lá o tempo parava. Quando saíamos daquela casa mágica, quer tenhamos lá ficado um mês, um ano, uma década, cá fora tudo estava igual ao que tínhamos deixado. O trabalho não estava acumulado. A pilha de roupa por passar continuava vazia. A vida continuava, mas agora sim, tínhamos cabeça para enfrentar tudo isso, pelo menos durante uns tempos.
Haviam salas de leitura, massagem, exercício, reflexão, todas mergulhadas no silêncio mais profundo e reconfortante de sempre. As refeições que nos apareciam à frente eram sempre aquilo que mais nos apetecia comer.
E o melhor de tudo, é que lá o tempo parava. Quando saíamos daquela casa mágica, quer tenhamos lá ficado um mês, um ano, uma década, cá fora tudo estava igual ao que tínhamos deixado. O trabalho não estava acumulado. A pilha de roupa por passar continuava vazia. A vida continuava, mas agora sim, tínhamos cabeça para enfrentar tudo isso, pelo menos durante uns tempos.
"Let her cry...if the tears fall down like rain
Let her sing...if it eases all her pain
Let her go...let her walk right out on me
And if the sun comes up tomorrow
Let her be...let her be."
Hootie & The Blowfish - "Let Her Cry"
Por muito que por vezes queiramos ser mais fortes, ou aparentá-lo, não conseguimos simplesmente colocar uma máscara ou um pano à frente da cara, escondermo-nos de todos e dizer mil vezes que está tudo bem. Há tempo para tudo. Até para desilusões, dissabores e demais problemas que venham. Há tempo para chorar e gritar, espezinhar, e deixem-nos estar. Porque ninguém é de ferro e todos precisamos de descarregar. Chega de falinhas mansas. Deixem-nos ser. Não venham com conversas de que compreendem, que vai passar, que é uma má fase. Nós sabemos isso tudo. Queremos é viver isso, tal como se vivem as boas notícias. Faz parte, e nós aguentamos tudo. Afinal, ser humano é isto.
Let her sing...if it eases all her pain
Let her go...let her walk right out on me
And if the sun comes up tomorrow
Let her be...let her be."
Hootie & The Blowfish - "Let Her Cry"
Por muito que por vezes queiramos ser mais fortes, ou aparentá-lo, não conseguimos simplesmente colocar uma máscara ou um pano à frente da cara, escondermo-nos de todos e dizer mil vezes que está tudo bem. Há tempo para tudo. Até para desilusões, dissabores e demais problemas que venham. Há tempo para chorar e gritar, espezinhar, e deixem-nos estar. Porque ninguém é de ferro e todos precisamos de descarregar. Chega de falinhas mansas. Deixem-nos ser. Não venham com conversas de que compreendem, que vai passar, que é uma má fase. Nós sabemos isso tudo. Queremos é viver isso, tal como se vivem as boas notícias. Faz parte, e nós aguentamos tudo. Afinal, ser humano é isto.
"Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence."
Simon & Garfunkel - The Sound of Silence
Pensamentos obscuros assaltam-me e não sei como cá vieram parar. Não tenho a mente assim tão conspurcada a ponto de a escuridão me toldar as ideias. Ultimamente tenho estado tão pessimista que não me reconheço. Fui eu que mudei ou foram as circunstâncias? Olho à minha volta e só vejo tristeza e desilusão nos olhares. Mas o olhar mais triste de todos é aquele que vejo ao espelho. 26 anos de vida e o peso de 100. Enquanto durmo, alguém ou alguma coisa tem de cá vir implementar estas coisas obscuras que me atormentam durante o dia. Não vejo outra explicação. E continuo, todo o dia, a esconder-me no som do silêncio, o único que é doce para mim - quanto todos se calam e ninguém fala comigo.
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence."
Simon & Garfunkel - The Sound of Silence
"Hey, you know they're all the same.
You know you're doing better on your own, so don't buy in.
Live right now.
Yeah, just be yourself.
It doesn't matter if it's good enough for someone else.
It just takes some time, little girl, you're in the middle of the ride.
Everything will be just fine, everything will be alright."
Jimmy Eat World - The Middle
As pessoas conseguem ser muito mesquinhas. Principalmente os adolescentes. Aquela luta para serem o centro das atenções, para não serem alvo de gozo, passando essa batata quente para um qualquer pobre coitado com mais borbulhas, gordura, ou menos auto-estima. É uma fase muito estúpida, como uma corrida para ver quem faz quem sentir-se pior. Nestas alturas, só queria dizer aos visados que vai correr tudo bem. Que sejam eles próprios, sempre. Mas enfim, é uma fase, e tudo passa. O pior é quando não passa. Quando vejo pessoas com idade para ter muito juizinho e comportam-se que nem adolescentes com as partes baixas aos saltos, só me apetece é dar-lhes uma estalada seca, com as costas da mão, e deixar uma marca vermelha dos meus dedos naquelas bochechas ordinárias.
Sim, ando agressiva, mas há limites para o que se vê por aí.
You know you're doing better on your own, so don't buy in.
Live right now.
Yeah, just be yourself.
It doesn't matter if it's good enough for someone else.
It just takes some time, little girl, you're in the middle of the ride.
Everything will be just fine, everything will be alright."
Jimmy Eat World - The Middle
As pessoas conseguem ser muito mesquinhas. Principalmente os adolescentes. Aquela luta para serem o centro das atenções, para não serem alvo de gozo, passando essa batata quente para um qualquer pobre coitado com mais borbulhas, gordura, ou menos auto-estima. É uma fase muito estúpida, como uma corrida para ver quem faz quem sentir-se pior. Nestas alturas, só queria dizer aos visados que vai correr tudo bem. Que sejam eles próprios, sempre. Mas enfim, é uma fase, e tudo passa. O pior é quando não passa. Quando vejo pessoas com idade para ter muito juizinho e comportam-se que nem adolescentes com as partes baixas aos saltos, só me apetece é dar-lhes uma estalada seca, com as costas da mão, e deixar uma marca vermelha dos meus dedos naquelas bochechas ordinárias.
Sim, ando agressiva, mas há limites para o que se vê por aí.
"They're trained to seduce you
Suck you dry quick as they can
They bite down, reduce you
Now you're barely a man"
Korn - "Liar"
Fico estupefacta com o tempo que nos querem fazer perder, constantemente. Passar horas do meu dia com pessoas que não me dizem nada, por "diversão"? Qual diversão? Eu divirto-me é com aqueles que quero bem, aqueles que gosto e que estão na minha vida não por motivos profissionais e tem de ser, mas porque criámos laços afectivos e emocionais fortes por uma razão ou outra. Quero lá saber de eventos para aparecer e ficar bem na fotografia, com sorrisos mais amarelos que comida podre, e tanta vontade de estar lá como de ser espezinhada pelo maior elefante africano do planeta. Não faço fretes! Adeus, divirtam-se, que eu divirto-me é em sair desta bolha pseudo-social no fim de cada bosta de dia e correr para os braços de quem me faz feliz. Já não me basta sentir a obrigação e o peso de me levantar todos os dias para isto... ai a minha vida.
"Lembrar-me que inevitavelmente terei que morrer é a mais importante ferramenta que eu alguma vez encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida. Porque praticamente tudo - todas as nossas expectativas externas, todo o nosso orgulho, todo o nosso medo do embaraço ou fracasso - todas estas coisas simplesmente caem em face da morte, deixando apenas aquilo que é realmente importante. Lembrares-te que mais cedo ou mais tarde vais morrer é a melhor forma que eu conheço de evitar a armadilha de que temos alguma coisa a perder. Nós já estamos nús. Não existe nenhuma razão para não seguirmos o nosso coração."
Steve Jobs
Nós não temos nada, pela simples razão de que somos efémeros. Mais efémeros que as paredes de betão que nos acolhem ou as árvores que nos dão sombra. Não temos nada - o mundo tem-nos a nós temporariamente a habitá-lo. E esquecemo-nos disto todos os dias, enlaçados numa existência metódica e pouco profunda. Pouco arriscada, porque nos preocupamos demais. Com consequências, com o que dizem de nós, com o embaraço, fracasso que as nossas acções podem provocar. A perspectiva da morte, tão perto, pode dar-nos o empurrão que precisamos para viver. Para nos tirar um peso dos ombros. Podemos fazer merda, podemos errar, tentar outra vez, desistir, vencer, desde que seja isso que nos faça felizes no momento. A morte faz-nos seguir o coração, é preciso ouvi-lo de uma vez antes que a dita cuja faça a visita final.
Rest in peace, Steve. Seguiste o teu coração, tocaste-nos, e inspiraste-nos, até ao teu momento final.
Steve Jobs
Nós não temos nada, pela simples razão de que somos efémeros. Mais efémeros que as paredes de betão que nos acolhem ou as árvores que nos dão sombra. Não temos nada - o mundo tem-nos a nós temporariamente a habitá-lo. E esquecemo-nos disto todos os dias, enlaçados numa existência metódica e pouco profunda. Pouco arriscada, porque nos preocupamos demais. Com consequências, com o que dizem de nós, com o embaraço, fracasso que as nossas acções podem provocar. A perspectiva da morte, tão perto, pode dar-nos o empurrão que precisamos para viver. Para nos tirar um peso dos ombros. Podemos fazer merda, podemos errar, tentar outra vez, desistir, vencer, desde que seja isso que nos faça felizes no momento. A morte faz-nos seguir o coração, é preciso ouvi-lo de uma vez antes que a dita cuja faça a visita final.
Rest in peace, Steve. Seguiste o teu coração, tocaste-nos, e inspiraste-nos, até ao teu momento final.
Passei a vida a dizer que NÃO,
vem uma pessoa e muda-me a opinião.
vem uma pessoa e muda-me a opinião.
"When I was 5 years old, my mother always told me that happiness was the key to life. When I went to school, they asked me what I wanted to be when I grew up. I wrote down ‘happy’. They told me I didn’t understand the assignment, and I told them they didn’t understand life."
John Lennon
Poucas são as pessoas que quase desde sempre souberam o que queriam ser. E mais do que uma profissão, mais do que saber que função irão desempenhar no nosso sistema massificado de modo a ganhar os trocos que lhes permitirão sobreviver, é mais importante saber que se quer ser feliz. E isto é tão subvalorizado que me dá comichão. Ensinam-nos as profissões desde pequenos, quem faz o quê, qual é o papel de cada um na sociedade. Que é preciso dinheiro para tudo. Que os papás são ausentes porque têm de ir trabalhar. Esquecem-se que o essencial é mesmo tirar partido de estarmos cá.
Deviam ensinar - não importa o que faças para ganhar a vida. Tens é de ganhar à vida. Não te deixes vencer, nunca. Luta sempre por aquilo que queres, e terás prazer em cada passo dado. Porque estar cá não é fácil, vais ser julgado, pisado, maltratado. Se não seguires o objectivo da felicidade, facilmente te perderás por outros caminhos dos quais irá ser difícil sair. Concentra-te naqueles que gostam de ti e de quem gostas. Colecciona motivos que te façam sorrir. Aproveita.
John Lennon
Poucas são as pessoas que quase desde sempre souberam o que queriam ser. E mais do que uma profissão, mais do que saber que função irão desempenhar no nosso sistema massificado de modo a ganhar os trocos que lhes permitirão sobreviver, é mais importante saber que se quer ser feliz. E isto é tão subvalorizado que me dá comichão. Ensinam-nos as profissões desde pequenos, quem faz o quê, qual é o papel de cada um na sociedade. Que é preciso dinheiro para tudo. Que os papás são ausentes porque têm de ir trabalhar. Esquecem-se que o essencial é mesmo tirar partido de estarmos cá.
Deviam ensinar - não importa o que faças para ganhar a vida. Tens é de ganhar à vida. Não te deixes vencer, nunca. Luta sempre por aquilo que queres, e terás prazer em cada passo dado. Porque estar cá não é fácil, vais ser julgado, pisado, maltratado. Se não seguires o objectivo da felicidade, facilmente te perderás por outros caminhos dos quais irá ser difícil sair. Concentra-te naqueles que gostam de ti e de quem gostas. Colecciona motivos que te façam sorrir. Aproveita.
A mudança que mais custa é aquela que é inesperada. A que não pedimos para acontecer. Aquela que nos incomoda, quando estamos confortáveis num lugar, e mandam-nos para outro, contra a nossa vontade e sem nos perguntar a opinião. E assim, de repente, começar do nada, novas caras, novas relações, uma adaptação a outra nova realidade. Eu, que queria apenas estabilidade, volto a estar na corda bamba mais uma vez, por entre dúvidas diárias acerca do que me irá acontecer, o que vou fazer, quais vão ser as minhas responsabilidades. E quando tudo souber, nova mudança, que quase nunca é para melhor, só para eu ser um bocadinho mais feliz na minha instabilidade, passe a ironia.
Ai, quem me dera tanta coisa. Quem me dera que tudo fosse simples, para começar.
Ai, quem me dera tanta coisa. Quem me dera que tudo fosse simples, para começar.
"Porque o que mais custa a suportar não é a derrota ou o triunfo, mas o tédio, o fastio, o cansaço, o desencorajamento. Vencer ou ser vencido não é um limite. O limite é estar farto."
Vergílio Ferreira
Enquanto houver vontade e motivação, vai-se sobrevivendo às derrotas, ou celebrando as vitórias. Se a coisa correr mal, queremos ultrapassar essa situação, dar mais de nós, aprender com os erros, tentar de novo. Se a coisa corre bem, melhor ainda, o contentamento é absoluto e queremos outros tantos sucessos. Agora, quando o tédio e fastio se instalam, que mais há a fazer? As funções que desempenhamos e às quais estamos vinculados tornam-se tão repetitivas e monótonas que nos tornamos pessoas fartas e aborrecidas à velocidade da luz. Tudo custa, nessa altura. E esse é o limite. Não é a derrota. Motivados, encaramos a derrota. Entediados, a derrota mata-nos.
Vergílio Ferreira
Enquanto houver vontade e motivação, vai-se sobrevivendo às derrotas, ou celebrando as vitórias. Se a coisa correr mal, queremos ultrapassar essa situação, dar mais de nós, aprender com os erros, tentar de novo. Se a coisa corre bem, melhor ainda, o contentamento é absoluto e queremos outros tantos sucessos. Agora, quando o tédio e fastio se instalam, que mais há a fazer? As funções que desempenhamos e às quais estamos vinculados tornam-se tão repetitivas e monótonas que nos tornamos pessoas fartas e aborrecidas à velocidade da luz. Tudo custa, nessa altura. E esse é o limite. Não é a derrota. Motivados, encaramos a derrota. Entediados, a derrota mata-nos.
"Se me dessem uma vida infinita para viver suicidava-me de imediato. É a certeza da morte que dá valor à vida".
in "A Rapariga Errada", de Pedro Paixão
Penso que ninguém poderá imaginar como é ter uma vida infinita - é apenas fantasia, sempre será. Todos terão certamente vontade de saber qual seria a sensação de a vida não ter fim. Sem o envelhecimento, o cansaço, a constatação da passagem do tempo. Chegar a uma certa idade, e o nosso corpo parar ali. Sem rugas, manchas no corpo, plena sanidade. Para sempre frescos e fofos. Acredito piamente que a existência da morte nos faça valorizar estarmos aqui, mas seria fantástico viver sem prazo de validade. Quando deixássemos algo para depois, o depois teria um espaço tão grande que tudo acabaria por acontecer. E quando nos fartássemos, a escolha seria nossa, ou se vive, ou não. Uma escolha. Como um contrato a ser renovado por acordo de ambas as partes.
in "A Rapariga Errada", de Pedro Paixão
Penso que ninguém poderá imaginar como é ter uma vida infinita - é apenas fantasia, sempre será. Todos terão certamente vontade de saber qual seria a sensação de a vida não ter fim. Sem o envelhecimento, o cansaço, a constatação da passagem do tempo. Chegar a uma certa idade, e o nosso corpo parar ali. Sem rugas, manchas no corpo, plena sanidade. Para sempre frescos e fofos. Acredito piamente que a existência da morte nos faça valorizar estarmos aqui, mas seria fantástico viver sem prazo de validade. Quando deixássemos algo para depois, o depois teria um espaço tão grande que tudo acabaria por acontecer. E quando nos fartássemos, a escolha seria nossa, ou se vive, ou não. Uma escolha. Como um contrato a ser renovado por acordo de ambas as partes.
"Perguntamos a uma pessoa de 60, 70 anos o que fez para não ter feito as coisas que achava essenciais aos 20 anos, e a pessoa provavelmente diz: não me lembro. Se calhar esteve a pagar contas de electricidade. É uma coisa assustadora, a papelada para uma pessoa estar viva. Apetecia-me muitas vezes dizer: não me chateiem, quero só estar vivo."
Gonçalo M. Tavares in "Entrevista a MilFolhas (Público), em 8 Janeiro 2005"
Ultimamente tenho-me preocupado bastante com o que fazer à vida. Estou constantemente a desejar que o tempo passe e que o relógio avance, para daqui a uns anos estar a desejar que o tempo pare e que o relógio retroceda. O ideal é que cada segundo de vida fosse celebrado, festejado, que desse um prazer imenso estar vivo, fazendo aquilo que se gosta, quando apetece, com quem desejamos.
Ora as papeladas desta vida não ajudam nada a este desejo. A partir de uma certa idade, passamos tanto tempo presos a burocracias, que só se ganham rugas, pés de galinha, dores de costas e outras maleitas. Não entendo para que é que tenho de preencher tanto papel, ir tantas vezes às Finanças, à Câmara, à Loja do Cidadão e mais o raio que o parta, perder horas da minha vida e da minha juventude, saliva e sanidade, para estar em conformidade com o que alguém estabeleceu, passando pelas frondosas filas e gentes antipáticas deste planeta. Terei 70 anos e não me lembrarei do que fiz aos 20, porque foi dentro de quatro paredes brancas e com cheiro a suor, em gabinetes apertados, filas intermináveis e bebés a chorar, que passei uma boa parte da minha juventude, nada memorável.
E em vez disso poderia ter estado a jogar à bola na praia e a atirar areia para cima do cabelo de alguém, fugindo de seguida, como se fosse escapar, por entre risos que ficam para sempre.
Gonçalo M. Tavares in "Entrevista a MilFolhas (Público), em 8 Janeiro 2005"
Ultimamente tenho-me preocupado bastante com o que fazer à vida. Estou constantemente a desejar que o tempo passe e que o relógio avance, para daqui a uns anos estar a desejar que o tempo pare e que o relógio retroceda. O ideal é que cada segundo de vida fosse celebrado, festejado, que desse um prazer imenso estar vivo, fazendo aquilo que se gosta, quando apetece, com quem desejamos.
Ora as papeladas desta vida não ajudam nada a este desejo. A partir de uma certa idade, passamos tanto tempo presos a burocracias, que só se ganham rugas, pés de galinha, dores de costas e outras maleitas. Não entendo para que é que tenho de preencher tanto papel, ir tantas vezes às Finanças, à Câmara, à Loja do Cidadão e mais o raio que o parta, perder horas da minha vida e da minha juventude, saliva e sanidade, para estar em conformidade com o que alguém estabeleceu, passando pelas frondosas filas e gentes antipáticas deste planeta. Terei 70 anos e não me lembrarei do que fiz aos 20, porque foi dentro de quatro paredes brancas e com cheiro a suor, em gabinetes apertados, filas intermináveis e bebés a chorar, que passei uma boa parte da minha juventude, nada memorável.
E em vez disso poderia ter estado a jogar à bola na praia e a atirar areia para cima do cabelo de alguém, fugindo de seguida, como se fosse escapar, por entre risos que ficam para sempre.
Combinação de circunstâncias ou de acontecimentos que influem de um modo inelutável;
Tendência para circunstâncias maioritariamente positivas ou maioritariamente negativas;
Série de desgraças ou desgostos.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Há quem se apoie e se justifique na sorte em diversos aspectos da sua vida. Há quem simplesmente não acredite nela, que é só um conceito inventado para justificar o injustificável, uma desculpa esfarrapada para aqueles que simplesmente não se esforçam. Eu acho que acredito na sorte sobretudo quando ela não existe. Não estou a falar de mim. Considero-me sortuda, tenho tudo o que preciso, e é mais do que a maioria das pessoas no mundo tem. Tenho um emprego estável, tenho família, amigos espectaculares, um namorado adorável, hobbies, interesses, tempo, sou jovem. O pior é quando as "séries de desgraças ou desgostos" acontecem às pessoas que eu mais gosto, sucessivamente, tornando-as mais amargas, descrentes, infelizes, e eu não poder fazer nada para mudar isso. Sinto-me mal, péssima, em olhar para esses que eu adoro, vê-los definhar, perder a cabeça, e eu não conseguir mudar esse destino. Aí digo: "que má sorte" tem esta pessoa. E em menos de nada, lá está a sorte, ou a falta dela, a existir mais do que nunca. Quando as coisas correm mal, não há conceitos que nos valham. Mas não paro de perguntar "porquê"? Porque é que esta pessoa tem de sofrer tanto, se é tão boa pessoa e não merece? E eu, que gosto tanto dela, definho por dentro também, e não sou feliz enquanto ela não o for.
Tendência para circunstâncias maioritariamente positivas ou maioritariamente negativas;
Série de desgraças ou desgostos.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Há quem se apoie e se justifique na sorte em diversos aspectos da sua vida. Há quem simplesmente não acredite nela, que é só um conceito inventado para justificar o injustificável, uma desculpa esfarrapada para aqueles que simplesmente não se esforçam. Eu acho que acredito na sorte sobretudo quando ela não existe. Não estou a falar de mim. Considero-me sortuda, tenho tudo o que preciso, e é mais do que a maioria das pessoas no mundo tem. Tenho um emprego estável, tenho família, amigos espectaculares, um namorado adorável, hobbies, interesses, tempo, sou jovem. O pior é quando as "séries de desgraças ou desgostos" acontecem às pessoas que eu mais gosto, sucessivamente, tornando-as mais amargas, descrentes, infelizes, e eu não poder fazer nada para mudar isso. Sinto-me mal, péssima, em olhar para esses que eu adoro, vê-los definhar, perder a cabeça, e eu não conseguir mudar esse destino. Aí digo: "que má sorte" tem esta pessoa. E em menos de nada, lá está a sorte, ou a falta dela, a existir mais do que nunca. Quando as coisas correm mal, não há conceitos que nos valham. Mas não paro de perguntar "porquê"? Porque é que esta pessoa tem de sofrer tanto, se é tão boa pessoa e não merece? E eu, que gosto tanto dela, definho por dentro também, e não sou feliz enquanto ela não o for.
Dizem "melhores dias virão". "São fases". "Há dias em que uma pessoa se sente mais farta e em baixo".
Pois bem, hoje é outro dia e senti-me ainda mais miserável do que ontem ao levantar o rabo da cama.
Fazendo contas por alto, mais 12.000 dias e 96.000 horas de trabalho e estou safa. Há que ter ânimo, não é verdade?
Pois bem, hoje é outro dia e senti-me ainda mais miserável do que ontem ao levantar o rabo da cama.
Fazendo contas por alto, mais 12.000 dias e 96.000 horas de trabalho e estou safa. Há que ter ânimo, não é verdade?
Hoje, ao acordar, dei por mim assolada por uma tristeza absoluta. O cansaço tomou-me de assalto. Não um cansaço físico, mas uma manifestação do meu cérebro que me dizia: "Não vás. Apetece-te ficar na cama, fica. Não te apetece ficar um dia inteiro à frente do computador, não vás trabalhar. Está calor lá fora e a inércia chama-te, e vais enfiar-te outra vez naquelas paredes brancas e sem piada. A vida tem de ser mais do que isso." Pois tem. Senão, vou ser miserável até ao fim dos meus dias. Sou tão jovem e já estou farta das mesmas rotinas, dos objectivos, prazos, stress, de percorrer o mesmo caminho todo o santo dia que já nem tenho de ver onde meto os pés, porque já sei o caminho de cor. Vai ser sempre assim? A vida é só isto? Ter de suportar dias de merda para se chegar ao fim do mês e ter dinheiro para fazer o básico que me anima durante umas horitas? Foi para isto que fomos colocados neste planeta e o matamos aos poucos? São muitos mais os dias de desespero, tédio, depressivos, do que dias alegres. Penso: e daqui a 20 anos? Estarei certamente ainda a fazer coisas que não me apetece, e com muito mais peso em cima das costas.
Que depressão. A vida é só isto? Que negócio merdoso fizemos.
Que depressão. A vida é só isto? Que negócio merdoso fizemos.
"My body aches from mistakes
Betrayed by lust
We lied to each other so much
That in nothing we trust
How could this be happening to me
I'm lying when I say "Trust me"
I can't believe this is true
Trust hurts
Why does trust equal suffering
Absolutely nothing we trust"
Megadeth - "Trust"
in Cryptic Writings (1997)
Confiar é uma mentira. Se não conhecemos NUNCA, a 100%, quem nos rodeia, como é que podemos confiar? Isso é uma mentira inventada para uns e outros ficarem descansados. O pior é quando nunca se está descansado. Quando se sabe, no fundo, que a confiança vai acabar por ser abalada, uma e outra vez, até não restar mais sanidade ou paciência. Por isso, confiar dói. Corrói os dias que se arrastam sem sabermos o que se passa. Ilude-nos o cérebro, apenas isso. Faz-nos ganhar tempo para o inevitável. Simplesmente, uma pessoa ou é de confiança, ou não. Por mais confiantes que sejamos, se for em relação a uma pessoa que não o merece, o buraco em que nos enfiaremos será muito maior, no fim. Então, mais vale contar já com o pior, especialmente quando sabemos que tal pessoa não é flor que se cheire. Nós tentamos, pensamos que a podemos mudar, mas não, é apenas outra das mentiras que repetimos em frente ao espelho, de manhã, enquanto olhamos para dentro de nós, e pensamos: como é que vim parar a este ponto?
"Um dia, vais escolher um homem e talvez antes de escolheres o certo vais conhecer muitos outros. (...) Homens há muitos, mas dividem-se apenas em duas categorias: os corajosos e destemidos e, do outro lado, os grandes cobardes. Para perceber a que grupo pertence cada um deles é fácil, basta saber o seguinte, o cobarde é furibundo dentro de casa porque rejeita qualquer desafio e trata a mulher e os filhos como uma prova contínua da sua coragem inexistente; ao passo que o verdadeiro corajoso, com as pessoas que lhe são queridas é carinhoso e justo porque não tem medo de nada no mundo e desafoga sempre fora de casa a sua fúria, e sempre com quem é forte como ele ou lhe até superior em força. É isto que te peço, que escolhas apenas homens de grande coragem, porque se caíres nas mãos de um cobardolas não conseguirás impedir a minha intervenção, e contanto que to tire da frente é até possível que o mate."
in "Os Pais dos Outros", de Romana Petri
Pelos filhos, um bom pai é capaz de tudo - até matar. E isso não faz de si má pessoa, apenas alguém que zela por aqueles que lhes são próximos. Infelizmente, os homens corajosos não são assim tantos, e aqueles há que descarregam todas as fúrias da sua triste vida nos indefesos que lhe são próximos. Aqueles que não lhes podem fugir, presos entre quatro paredes de horror, dia após dia. E estão debaixo dos nossos olhos, são nossos vizinhos, nossos conhecidos, pessoas por quem passamos na rua. Não fazemos ideia da monstruosidade que lhes corre nas veias, e acaba nos punhos, nos murros, pontapés, e palavras afiadas que matam silenciosamente quem sofre com eles.
Estou certa que quem maltrata os seus há-de provar a doce vingança, mais dia menos dia. Senão, devia. Provar o fel de que são feitos. Justiça divina.
"Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer"
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
As palavras são tantas vezes inúteis. Sejam lidas, proferidas, ouvidas, por vezes mais vale fazermos orelhas moucas, olhos cegos, e boca calada. A nossa felicidade aumenta proporcionalmente à nossa ignorância. Há palavras e frases que quando entram na nossa cabeça, ficam lá para sempre. Agarram-se a nós, qual super-cola, não nos deixando fugir ou os pensamentos voar. Ou voam, para sítios errados. Sítios negros, onde só pensamos o pior. Onde a parte negra das palavras martelam segundo após segundo os ossos do nosso crânio. E dói. Dói ouvir as palavras, dói lê-las, seja como for o meio em que elas chegam até nós. Custa tanto. Pintámos um mundo tão melhor do que este, e por existirem as malditas palavras foi-se, puf, é tudo negro agora.
Ouvi, calei, e da minha boca acabaram-se as sentenças. Agora, só sairão facas.
Perda da ilusão;
Decepção, desapontamento;
Desengano;
Frustração.
Há sempre algo que desconhecemos, em alguém que pensamos conhecer inteiramente. É um engano tão grande. Nunca conhecemos ninguém. Não sei porque é que continuo a criar ilusões na minha cabeça, uma após a outra. Nunca fui ingénua nem de ir em cantigas. Não há explicação, nem desculpa, para que esteja sempre a cair no mesmo buraco. Não conhecemos ninguém, nem há ninguém em quem se possa confiar a 100%. Há sempre fantasmas do passado, que passam a ser os do presente, e por cá ficam, a pairar. E nós baixamos a cabeça, com o peso, e quando sabemos estamos no chão. A rastejar. Quem me dera rastejar já para fora daqui, para onde quer que seja onde as pessoas sejam um bocadinho, mas só um bocadinho, mais puras do que estas que me rodeiam, e cuja ideia de que estejam vivas no mesmo planeta que eu me dá náuseas.
Decepção, desapontamento;
Desengano;
Frustração.
Há sempre algo que desconhecemos, em alguém que pensamos conhecer inteiramente. É um engano tão grande. Nunca conhecemos ninguém. Não sei porque é que continuo a criar ilusões na minha cabeça, uma após a outra. Nunca fui ingénua nem de ir em cantigas. Não há explicação, nem desculpa, para que esteja sempre a cair no mesmo buraco. Não conhecemos ninguém, nem há ninguém em quem se possa confiar a 100%. Há sempre fantasmas do passado, que passam a ser os do presente, e por cá ficam, a pairar. E nós baixamos a cabeça, com o peso, e quando sabemos estamos no chão. A rastejar. Quem me dera rastejar já para fora daqui, para onde quer que seja onde as pessoas sejam um bocadinho, mas só um bocadinho, mais puras do que estas que me rodeiam, e cuja ideia de que estejam vivas no mesmo planeta que eu me dá náuseas.
"Mother Tongue speaks to Me
In the strongest way I've ever seen
I know that she sees in Me
Her proudest child, her purest breed.
(...)
Virando costas ao Mundo
Orgulhosamente sós
Glória Antiga, volta a nós!"
Moonspell - Alma Mater
in Wolfheart (1995)
A nossa pátria mãe está inundada de filhos (da puta) que a querem matar. Tanta identidade, patriotismo, orgulho em ser português, e no fim, é o fim, de tudo. Estamos na cauda de tudo. Na ponta de tudo. Na cauda da Europa, do desenvolvimento, do emprego, da inclusão social, e de tudo o que nos lembremos assim de repente. O que é preciso fazer para voltarmos à glória antiga? O que é que mudou? Porque é que já não somos capazes? Descobrimos as praias e não conseguimos deixar a posição deitada e o estorricar ao sol?
Agora vão levar-nos também a língua, o modo como escrevemos desde há séculos. Porra, fomos nós que inventámos a Língua Portuguesa, não seriam os outros que a deveriam adaptar? Somos uns vergados, vendidos, e não há ninguém entre os nossos representantes que diga um NÃO a todos esses filhos da puta que nos querem matar. Epá, que o façam logo, rebentem com isto tudo, que a morte lenta, dói mais!
In the strongest way I've ever seen
I know that she sees in Me
Her proudest child, her purest breed.
(...)
Virando costas ao Mundo
Orgulhosamente sós
Glória Antiga, volta a nós!"
Moonspell - Alma Mater
in Wolfheart (1995)
A nossa pátria mãe está inundada de filhos (da puta) que a querem matar. Tanta identidade, patriotismo, orgulho em ser português, e no fim, é o fim, de tudo. Estamos na cauda de tudo. Na ponta de tudo. Na cauda da Europa, do desenvolvimento, do emprego, da inclusão social, e de tudo o que nos lembremos assim de repente. O que é preciso fazer para voltarmos à glória antiga? O que é que mudou? Porque é que já não somos capazes? Descobrimos as praias e não conseguimos deixar a posição deitada e o estorricar ao sol?
Agora vão levar-nos também a língua, o modo como escrevemos desde há séculos. Porra, fomos nós que inventámos a Língua Portuguesa, não seriam os outros que a deveriam adaptar? Somos uns vergados, vendidos, e não há ninguém entre os nossos representantes que diga um NÃO a todos esses filhos da puta que nos querem matar. Epá, que o façam logo, rebentem com isto tudo, que a morte lenta, dói mais!
1. Repulsão do estômago; repugnância; náusea.
2. [Figurado] Tédio, aborrecimento, grande mágoa.
3. Luto.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Pode ter vindo até mim no seu sentido figurado (grande mágoa), mas manifesta-se na sua perfeita consequência: náusea e repugnância. Uma sensação na barriga que me diz que vou vomitar a qualquer segundo. Que me inibe a vontade de comer ou estar de pé. De sair lá para fora e vaguear. De ser a pessoa alegre e positiva que já fui. A repugnância é dos sentimentos mais fortes que se pode sentir em relação a outra pessoa. E dá mais volta à barriga que uma gastrite. E muda-nos. A partir do momento em que se repugna, já nada será como dantes.
2. [Figurado] Tédio, aborrecimento, grande mágoa.
3. Luto.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Pode ter vindo até mim no seu sentido figurado (grande mágoa), mas manifesta-se na sua perfeita consequência: náusea e repugnância. Uma sensação na barriga que me diz que vou vomitar a qualquer segundo. Que me inibe a vontade de comer ou estar de pé. De sair lá para fora e vaguear. De ser a pessoa alegre e positiva que já fui. A repugnância é dos sentimentos mais fortes que se pode sentir em relação a outra pessoa. E dá mais volta à barriga que uma gastrite. E muda-nos. A partir do momento em que se repugna, já nada será como dantes.
"A palavra 'progresso' não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes."
De que servem os equipamentos topo de gama, os ecrãs de não sei quantas polegadas, mísseis, naves, satélites a pairar por aí? De que servem os hologramas, o Cinema em 3D, as vídeo-conferências, o TGV? De que nos servem o ipod, e o ipad, e o imaiscoisasquevirão, as auto-estradas da informação, e as de betão? De que nos serve o bluetooth, e os megapixeis, os arranha-céus, o Airbus, e cada um de nós ter um computador à frente dos olhos? De que serve o progresso quando existem crianças infelizes? Não deita tudo por água abaixo? Não relativiza o conceito de progresso? Não nos estamos a concentrar nas coisas erradas? Não estão os fundos deste mundo a destinar-se ao que não deviam?
Nunca seremos mais do que isto, tristemente.
"O costume português é deixar-se tudo em palavras, mas palavras que são bolas de sabão deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos."
Já o era há quase um século atrás, e continua a sê-lo. O nosso país é uma afronta à inteligência de quem o habita. Os nossos líderes são-no apenas de nome. As suas palavras, não são proferidas para as entendermos, mas antes para ficarmos a pensar nelas, desistindo ao fim de pouco tempo. Não se fala com clareza, não se explica - impõe-se, sem ter consideração pelo homem comum. Querem entreter-nos, mandar areia para os olhos, bolas de sabão para o ar, como se nunca atingíssemos o estado adulto. Sempre fomos, e sempre seremos, um país de coitadinhos.
"Admiro os viciados. Num mundo em que está toda a gente à espera de uma catástrofe total e aleatória ou de uma doença súbita qualquer, o viciado tem o conforto de saber aquilo que quase de certeza estará à sua espera ao virar da esquina. Adquiriu algum controlo sobre o seu destino final e o vício faz com que a causa da sua morte não seja uma completa surpresa."
Chuck Palahniuk, in "Asfixia"
Um vício não pode ser apenas encarado como um malefício. É um hábito. Seja prejudicial à saúde ou não, embaraçoso, ou estranho, o vício é uma certeza. Já existem tão poucas certezas nesta vida, que nos agarramos ao que conseguimos para manter a sanidade. Neste mundo louco, onde já se morre por tudo e por nada, e onde não se está seguro em nenhum lugar, para quê levar uma vida imaculada? O vício garante-nos alguma estabilidade, e o momento em que dele desfrutamos é apenas nosso. Está ali, seguro, não nos deixa ficar mal. É claro que o objectivo não é arruinarmos o corpo e a mente, como em tudo, há que manter o controlo.
Viciemo-nos e esqueçamos por momentos tudo o que não podemos controlar.
Há números que nos são especiais. O 28 é o meu número especial.
Foi num dia 28 que olhei, pela primeira de inúmeras vezes, um olhar azul que se viria a tornar o meu céu.
Foi o dia em que eu não soube, mas saberia em breve, que te quereria ver todos os dias.
O dia em que disse não, mas que foi sim, assim que te vi.
O dia em que comecei a importar-me sinceramente com alguém.
"We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black"
Amy Winehouse - "Back to Black"
in Back to Black (2006)
É preciso ter cuidado com as vezes que se "morre". Há uma delas que há-de ser a última. Para valer. Sem mais birras, depressões ou estragos do corpo. Depois, tudo preto, e nada mais. De vez. É como as vezes que nos despedimos. Uma delas vai ser a última. E se já foi?
... cheirar a pipocas 'pra caraças no Metro, e não se poder comer, por se estar a regressar do dentista. E o fantasma dele a correr atrás de nós, gritando "Não comerás durante duas horas!".
Evil dentist, I'll be back!
Evil dentist, I'll be back!
"Frustração. Do lat. frustratio que vem do advérbio frustra (em vão, debalde). Acção de impedir que um ser atinja o objectivo que pretende pela sua própria dinâmica. Estado em que se encontra o organismo quando depara com um obstáculo mais ou menos importante no caminho que impede a realização completa de um comportamento.
Em Psicanálise designa a privação sentida como injusta, de satisfações materiais ou psíquicas."
in Dicionário Enciclopédico
Acrescento: Sentimento de impotência perante adversidades que fogem ao nosso poder, e põem em causa a nossa sanidade mental, por nos sentirmos atados, imobilizados e condicionados por circunstâncias da sorte. Ter vontade de mandar tudo ao ar e nascer de novo.
Em Psicanálise designa a privação sentida como injusta, de satisfações materiais ou psíquicas."
in Dicionário Enciclopédico
Acrescento: Sentimento de impotência perante adversidades que fogem ao nosso poder, e põem em causa a nossa sanidade mental, por nos sentirmos atados, imobilizados e condicionados por circunstâncias da sorte. Ter vontade de mandar tudo ao ar e nascer de novo.
"Plans of what our futures hold
Foolish lies of growing old
It seems we're so invincible
But the truth is so cold
(...)
Now and then I try to find a place in my mind
Where you can stay
You can stay awake forever
How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned
Place and time always on my mind
I have so much to say but you're so far away"
Avenged Sevenfold - "So Far Away"
in Nightmare (2010)
Todos sabemos que não somos imortais. O que não pensamos assim tantas vezes, é que os outros também não. Não é apenas o nosso corpo que desaparecerá para sempre, mas também daqueles que fazem parte da nossa vida. Nada nos prepara para a ausência definitiva daqueles que amamos. Se os voltamos a encontrar, ninguém sabe. O certo é que fica sempre algo por dizer, mesmo que não haja nada. Quando já não temos oportunidade, aí é que surge tudo o que deveria ter sido dito e não foi. As ideias que deveriam ter sido trocadas, os abraços dados, os risos soltos, juntos. E agora? Escrevem-se cartas soltas, sem destinatário? Há tanto, mas tanto, que está aqui preso, e não sai, desperdiçado, ao desbarato. Todos os dias me recordo, e todos os dias lamento, o meu tanto que ficou por dizer, e vocês, tão longe.
“The only antidote to mental suffering is physical pain.”
Karl Marx
Quando a dor física nos atinge, bloqueia-nos uma grande parte do cérebro, o que nos impede de pensar com discernimento nas coisas mais simples. Falar torna-se um castigo, ouvir os outros uma tortura. A paciência atinge os seus limites. No entanto, todos os outros problemas são relativizados por momentos. O principal objectivo é livrarmo-nos da dor. As prioridades mudam. Sabemos que não estamos em condições para mais nada até a dor desaparecer. Atacados pela dor física, o egoísmo encontra a sua plenitude. Apenas o foco da dor importa, e acabar com ele.
Tanto a dor mental, como a física, dilaceram de uma tal maneira que nos imobilizam. Só agora, fustigada por uma intensa dor física, tendo a comparar as duas. Mas não sei a que será pior.
Hoje sonhei que tinha pelos na palma da mão esquerda. Pequenos pelos castanhos claros e eriçados. Procurando o significado:
"To dream you have hairy hands, means you will have wealth and abundance."
Hope so!
"To dream you have hairy hands, means you will have wealth and abundance."
Hope so!
Ter estado presente neste que é um dos maiores e melhores festivais da Europa, tem um grande senão. Agora, ir a um festival em Portugal simplesmente não é suficiente. A música, a organização, as pessoas, estão muitos pontos acima do que aquilo que alguma vez teremos por cá. Estive no 1º dia do Optimus Alive para ver Coldplay e:
. Fiquei uma hora para ser atendida para comer;
. Quando comi, comi com pó;
. Fiquei na fila para ir à wc (não sei se estou enganada, mas só vi uma zona de wc's) e mesmo assim fiz várias tentativas para encontrar uma que estivesse em condições higiénicas que me permitissem dar uma simples mija;
. O preço das bebidas aumentou em relação ao ano passado;
. As barracas de lojas e marcas são superiores em número às barracas de comida;
. O palco é baixo, e pessoas do meu tamanho não vêm nada, se estiverem numa zona minimamente movimentada;
. Ia andando à porrada com uma espanhola, que estava num grupo com mais vacas do mesmo país, a mandar baforadas de cigarro para a minha cara e para as pessoas à volta, esbracejando e empurrando tudo à volta com mochilas maiores que elas;
. Para quem acampa, o campismo fica longíssimo do recinto;
. Tive de ir a correr para apanhar transporte antes do fim do concerto, porque este ano não fizeram os mesmos autocarros especiais do ano passado.
Pois bem, no Sonisphere:
. Com muitos mais milhares de pessoas (mais do dobro), sempre que quis comer fui imediatamente atendida;
. Existem dezenas de pontos com casas de banho portáteis (limpas e com papel higiénico) espalhados pelo recinto, e todos com água potável;
. O campismo é dentro do recinto do festival;
. Todo o espaço é relvado;
. Andava-se à vontade pelo recinto, mesmo com muitos milhares a mais do que os festivais portugueses;
. Zero de pó;
. Supermercado aberto 24h com tudo o que é necessário;
. O público do festival, ingleses e estrangeiros, caso nos toquem nem que seja com a unha, pedem desculpa;
. Não existem barracas de marcas. Existe o merchadising oficial do festival, e lojas de cd's, vinis, roupa, pin's...
. Os duches são pagos, mas são quentes, e há cabines individuais;
. As barracas de comida estão espalhadas por todo o recinto, desde a bilheteira, até ao palco principal;
. Os concertos começam de manhã (11h00) e terminam às 22h30 no palco principal. Assim, quem tem de apanhar transportes de seguida, fá-lo sem dificuldades. Quem fica pelo festival, curte o espaço sem pressas;
. O recinto tem parque de diversões com carrosseis (que passam metal e não pimba), casino, máquinas de jogos, e até a famosa discoteca silenciosa;
. Aquele público é simplesmente diferente. Quando termina um concerto, vai tudo comer, fazer xixi, beber umas cervejas. Ninguém fica ali agarrado à grade. Para se ver um concerto bem lá na frente, basta aparecer em frente ao palco 10 minutos antes e o lugar está assegurado;
. Da música, nem se fala. No mesmo festival estiveram presentes Metallica, Slayer, Megadeth, Anthrax, Limp Bizkit, Slipknot, Volbeat, Cavalera Conspiracy, Biffy Clyro, Opeth, Arch Enemy, entre muitas centenas, algo impensável num festival português, que parece que em vez de se preocuparem em fazer um cartaz de jeito e coerente, trazem as bandas todas à balda, metem 3 cabeças de cartaz de renome e já está.
A única coisa má foi a lama, que no último dia já tinha invadido todas as zonas de passagem. Mas no clima britânico, em que chove todos os dias, não se pode pedir mais, e a questão resolve-se com umas galochas.
Foi uma experiência memorável, inesquecível, que só peca mesmo pela comparação que agora não consigo deixar de fazer em relação aos nossos festivais. Uma coisa é certa, só voltarei a um festival português por alguma banda que não consiga deixar de ver. De resto, vou fazer todos os possíveis para sair daqui e fazer coisas como deve ser.
Frame from film "The Passion of the Christ" (2004), directed by Mel Gibson
Se o arrependimento e a vergonha não matam imediatamente, despertam demónios de facas afiadas, cá dentro, dispostos a usar as suas armas para sair violentamente dos corpos. Quão grande é o negrume que leva um ser a pensar que provocar a própria morte é a única saída?
Randy 'The Ram' Robinson:
"Now, I don't hear as good as I used to, and I forget stuff, and I aint as pretty as I used to be. But god damn it, I'm still standing here, and I'm The Ram."
in The Wrestler (2008)
a film by Darren Aronofsky
Deixamo-nos levar pela leveza da idade dos tempos áureos, sem nos importarmos a quem magoamos - os cegantes holofotes não nos deixam ver para fora de nós. A nossa pele brilha perante tamanha luz, somos gigantes, belos, recolhemos a admiração de todos e nada mais importa. Depois, é tarde demais. Quando os holofotes se apagam, percebemos que estamos sozinhos numa sala escura e cheia de sombras.
O peso dos erros dói mais que toda a pancada que levámos durante a vida.
"Em todos os males que nos acontecem, olhamos mais para a intenção do que para o efeito. Uma telha que cai de um telhado pode ferir-nos mais, mas não nos desola tanto como uma pedra atirada de propósito por uma mão maldosa. O golpe, por vezes, falha mas a intenção nunca erra o alvo."
Jean Jacques Rousseau, in 'Os Devaneios do Caminhante Solitário'
Somos atingidos de tão variadas formas, mas aquelas que mais nos ferem advêm da intenção de nos ferir. Se nos acontecer algum mal originado pelo mero acaso, culpa-se a má sorte, Deus, o Diabo, o destino, mau-olhado. Dizem-se uns palavrões, brada-se aos céus, mas a verdade é que passado um tempo, normalmente breve, chega a resignação. "Não se pode fazer nada". "Não vale a pena chorar sobre leite derramado". Ouve-se, ou diz-se, nestas situações.
Quando o mal que nos acontece advém de uma intenção de nos magoar, o caso muda de figura. A dor é outra. Seja o mal físico ou psicológico, a dor atinge uma profundidade desconhecida, que até dá medo reconhecer que existe. A coisa não passa de um minuto para o outro, não. Dói, remói, e amanhã, quando acordamos, ainda lá está. A dor da rejeição, da traição, da vingança, da indiferença, do mau-trato, não se esquece. Acumula-se no currículo negro da nossa dor e, de tempos a tempos, sai cá para fora.
Venha toda a má-sorte, que me atinja por onde quiser, que me levantarei de todas as vezes. Quanto à outra dor, já não sei.
"Once upon a time I could control myself
Once upon a time I could lose myself
You think I got my eyes closed
But I'm lookin' at you the whole fuckin' time...
Once upon a time I could love myself.
Once upon a time I could love you."
Once - Pearl Jam
in "Ten" (1991)
Ver vídeo
Em tempos, controlova-me, ou deixava-me levar, dependia. Mas pensava nisso. Hoje, as coisas encarrilam-se sem pensar nelas, simplesmente acontece. E gosto assim. Se tiver de ser é, caso contrário, amigos na mesma. Já vão longe os tempos em que planeava apanhar uma grande piela com semanas de antecedência e contava os dias para o fatídico momento em que decidia desleixar-me. E depois, bem, era como se o mundo acabasse, ou a bebida, no dia seguinte. É incrível como a idade e a maturidade nos ensinam a gerir expectativas e nos dão perspectivas bastante diferentes do mesmo. Hoje, continuo a divertir-me, e quando me divirto mais é quando não estou à espera.
É como as pessoas. Quando menos se espera é que aparece quem realmente importa. E os que antigamente lá estavam, e hoje se mantêm, também merecem ser louvados. Era uma vez uma menina que cresceu, e aprendeu a ver tudo com olhos de ver.
Jacob: Who's the woman who works with the horses?
Camel: That ain't no woman, that's the boss' wife and she don't talk to nobody and you don't talk to her.
in Water for Elephants, a film by Francis Lawrence (2011)
"And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here"
Depeche Mode - Home
in Ultra (1997)
Finalmente, sinto-me em casa. O mundo abriu os braços para mim e abraça-me num doce e imperceptível gesto. Nasci para estar aqui, para me dar com as pessoas que fazem parte da minha vida. Sinto-me com sorte, e só tenho a agradecer a quem de direito o facto de colocar no meu caminho as pessoas certas, no momento certo. Agora, que parei para pensar, tomei a consciência de que tenho tudo o que preciso, e quase expludo de euforia contida.
"Tonight maybe we're gonna run
Dreaming of the Osaka sun
Dreaming of when the morning comes
(...)
They are turning my head out
To see what I'm all about."
Coldplay - "Lovers in Japan"
in Viva la Vida or Death and All His Friends
VER VÍDEO
VER VÍDEO
Vamos lá. Trás apenas o teu corpo, armário de desilusões, e vamos percorrer o Mundo. Virá-lo do avesso, e a nós também. Ver do que somos feitos, finalmente. Matéria-prima de um pôr-do-sol ao contrário. Anda, vamos admirar tudo de longe e a nós, de perto. Vamos sem saber onde pertencemos, e a não querer respostas. Vem, vamo-nos perder onde quer que pisemos. Sem sentido, sem pensar. Vamos sobrevoar Osaka de balão e mandar cascas de tremoços cá para baixo. Mesmo sabendo que a possibilidade de isto acontecer é reduzida, a ideia fez-me sorrir, e é por isto que o mundo gira.
"Still don't know what I was waiting for
And my time was running wild
A million dead-end streets and
Every time I thought I'd got it made
It seemed the taste was not so sweet
So I turned myself to face me."
David Bowie - "Changes"
in Hunky Dory (1971)
David Bowie é um artista conhecido não só pelas suas qualidades musicais, mas também pelas diversas mudanças a que se submeteu ao longo de décadas de carreira. Há quem diga que esta música reflecte a sua ambiguidade sexual e as imensas mudanças de visual que marcam o seu estilo. Bowie soube acompanhar as tendências, está sempre à frente do seu tempo e é um ícone eterno. Devíamos aprender todos um pouco com ele. Sem grandes escândalos e poucas polémicas, Bowie esteve sempre no topo. Mudou, adaptou-se, por si próprio, apoiado nas suas qualidades inegáveis, sem os alaridos que alimentam o ego dos artistas nascidos nas últimas décadas.
E tal como cada um de nós, ele teve tantos caminhos à disposição, tantas metas cumpridas e por cumprir, e a sensação de que o que foi já alcançado não é assim nada de especial. Aquela pequena desilusão que sentimos quando estamos prestes a alcançar um objectivo que se vê afinal não ser assim tão importante.
Todos queremos mudar - o nosso aspecto, os nossos hábitos, as nossas companhias, tudo - e muitas das vezes de um modo pouco natural. Já que o queremos tanto, pelo menos olhemos para os bons exemplos daqueles que souberam mudar, com estilo.