Que aprendam a fazer rotundas e a usar os piscas. A sério. A vida de todos melhoraria bastante, seus desastres do asfalto.
Finalmente vi o filme-terror-sensação do fim deste verão, mas digamos que foi muita parra para pouca uva, que é como quem diz, não valeu a ponta de um chavelho. Prometeram-me sustos e cenas macabras mas só obtive bocejos e tédio, ou então estou uma pessoa muito exigente no que ao terror diz respeito.
A freira é uma das icónicas vilãs da saga The Conjuring e tinha tudo para ter uma backstory aceitável, mas talvez o facto de não ter James Wan ao comando das operações tenha contribuÃdo para o resultado ser um bocado "meh". Traduzindo para linguagem de gente, o argumento é pobre e foi esticado ao máximo, espremido para dar uns quantos copos de sumo, mas aquilo podia caber num pequeno shot.
Os clichés são mais que muitos. A história é básica e previsÃvel. Os actores não são grande coisa. As tentativas de meter humor ali para o meio são apenas tristes e desapontantes. Há uma personagem em especial, Frenchie, cuja utilidade é mandar bitaites para aliviar a tensão, e quase sinto vergonha alheia por aquele actor. Valha-nos uma banda sonora porreira e uma fotografia aceitável, que não chegam para salvar a desilusão que senti.
Vale o inÃcio e o fim do filme. O resto é encher chouriços. Ainda bem que não fui ver isto ao cinema. Talvez seja destinado a uma geração mais recente que se contenta mais com o visual e com o ambiente da coisa, ou com o susto fácil. Ou então estou uma cÃnica, ou só de mau humor.
Adoptei um gato. Pensava eu. À medida que o bicho foi crescendo, vi que me tinham dado gato por lebre, ou neste caso, por javali. Comecei a reparar nas crescentes presas laterais e no pelo crespo, no formato do focinho, e pensei "foda-se, adoptei um javali".
Depois de pensar no que fazer à vida, visto que seria uma crueldade manter um javali num T2 e com mais 3 gatos, resolvi deixá-lo na Arrábida, perto das comunidades de javalis que por lá andam. Um animal destes só estaria bem na natureza, e perto dos seus pares. E lá fui, despedindo-me com saudade.
Quando o despertador tocou foi o choque total - foi tão brutal que pensei que o javali me estava a atacar por tê-lo abandonado e saltei da cama pronta a correr. Antes de me aperceber que foi tudo um sonho, ainda arranjei tempo para esta imagem me vir à cabeça:
Depois de pensar no que fazer à vida, visto que seria uma crueldade manter um javali num T2 e com mais 3 gatos, resolvi deixá-lo na Arrábida, perto das comunidades de javalis que por lá andam. Um animal destes só estaria bem na natureza, e perto dos seus pares. E lá fui, despedindo-me com saudade.
Quando o despertador tocou foi o choque total - foi tão brutal que pensei que o javali me estava a atacar por tê-lo abandonado e saltei da cama pronta a correr. Antes de me aperceber que foi tudo um sonho, ainda arranjei tempo para esta imagem me vir à cabeça:
"F... é um homem arrebatado, irascÃvel, pundonoroso até o delÃrio. Receio do seu carácter e da violência das suas determinações uma explosão que teria podido talvez ser-lhe fatal."
in O Mistério da Estrada de Sintra, de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão (1870)
pun·do·no·ro·so |ô|
(pundonor + -oso)
adjectivo
Que tem pundonor; denodado; brioso.
Plural: pundonorosos |ó|.
E como fiquei practicamente na mesma...:
pun·do·nor |ô|
(espanhol pundonor)
substantivo masculino
1. Sentimento de dignidade, brio. = AMOR-PRÓPRIO, HONRA
2. Recato, decoro. = PUDOR
in Dicionário Priberam da LÃngua Portuguesa.
Esta veio da lÃngua portuguesa no tempo da Maria Caxuxa, e tem talvez ali um travozinho espanhol. De qualquer maneira, todos aspiramos a ser pundonorosos de certa forma, amando quem somos, sendo honrados e dignos, permitindo-nos andar de cabeça erguida como um verdadeiro cavalheiro ou dama deve andar. Ao mesmo tempo, sem espalhafacto, metidos na nossa vida, perpetuando o respeito pelo decoro da vida alheia, e não só. Ser pundonoroso, apesar de soar a doença contagiosa, até é fofo.
Na série Bodyguard, disponÃvel na Netflix, Richard Madden (Game of Thrones) interpreta David Budd, um herói de guerra veterano que agora trabalha numa unidade que tem como missão proteger membros do governo. Depois de um episódio em que se evidenciou ao salvar inúmeras vidas numa tentativa de ataque terrorista, foi destacado para proteger e acompanhar a Secretária de Estado, Julia Montague.
Foi uma relação algo turbulenta ao inÃcio, visto que Montague, bastante conservadora, defendia valores e medidas que iam totalmente contra os princÃpios de Budd, principalmente no que toca ao envio de tropas em situações militares. O especialista em protecção e segurança, sendo um profissional acima de tudo, manteve uma abertura na relação entre os dois e os três primeiros episódios mostram uma viragem surpreendente na maneira como os dois, que têm de trabalhar muitÃssimo de perto, se relacionam.
Mais do que o tema relacional entre Budd e Julia, vamos assistindo ao crescente suspense, a um puzzle polÃtico que vai aos poucos sendo montado, e à consagração de um dos melhores argumentos do mundo televisivo deste ano, que acaba por nos prender a respiração no fim de cada acto e, basicamente, não conseguimos parar de ver, até porque existem inúmeras situações inesperadas e surpreendentes, o que não é assim tão banal dentro do género. Os momentos de tensão estão absurdamente bem feitos, deixando-nos paralisados, embasbacados e babados em frente à televisão.
O casting é soberano mas, claro, o destaque é todo para Richard Madden que, por ser figura central, leva o peso todos aos ombros. Safa-se lindamente, interpretando um homem duro, no entanto perturbado, que é também pai e é, e quer continuar a ser, um dos profissionais de topo na segurança nacional e por isso, é também impenetrável e inabalável (pelo menos à primeira vista).
Uma escola em Vigo está nas bocas do mundo por causa de uma disciplina de sucesso, destinada aos rapazes - trabalho doméstico.
Lá, eles põem o avental, e aprendem o básico de lidar com uma casa, que inclui, entre outras tarefas, limpar, lavar a roupa, aprender a cozinhar, passar a ferro, e até mesmo aprender algumas técnicas de costura.
Ora isto é uma disciplina realmente útil, que não só os prepara para poderem viver sozinhos ou em comunidade sem quaisquer problemas, como promove a igualdade de género. Porque estas coisas não são trabalho de mulher, são de todos. E, ao compreender isto, estes rapazes serão também homens melhores.
Só tenho uma crÃtica - isto devia ser também para meninas, porque ser gaja não garante talento e predisposição para estas coisas. Basta olhar para mim que, tirando gostar de cozinhar, preferia perder um dedo mindinho e nunca mais fazer nada do resto. Mas pelo menos sei fazer... há garotas que são umas verdadeiras atadas (e mimadas) que faleceriam caso tivessem de morar sozinhas e sem ajudas.
De qualquer maneira, é uma grande ideia, que irá certamente fazer muita gaja (e gajo) feliz.
Fonte: CM Jornal
Lá, eles põem o avental, e aprendem o básico de lidar com uma casa, que inclui, entre outras tarefas, limpar, lavar a roupa, aprender a cozinhar, passar a ferro, e até mesmo aprender algumas técnicas de costura.
Ora isto é uma disciplina realmente útil, que não só os prepara para poderem viver sozinhos ou em comunidade sem quaisquer problemas, como promove a igualdade de género. Porque estas coisas não são trabalho de mulher, são de todos. E, ao compreender isto, estes rapazes serão também homens melhores.
Só tenho uma crÃtica - isto devia ser também para meninas, porque ser gaja não garante talento e predisposição para estas coisas. Basta olhar para mim que, tirando gostar de cozinhar, preferia perder um dedo mindinho e nunca mais fazer nada do resto. Mas pelo menos sei fazer... há garotas que são umas verdadeiras atadas (e mimadas) que faleceriam caso tivessem de morar sozinhas e sem ajudas.
De qualquer maneira, é uma grande ideia, que irá certamente fazer muita gaja (e gajo) feliz.
Fonte: CM Jornal