Que mal têm as palavras
"_Que mal têm as palavras" - disse Beatriz abraçando-se à almofada.
_Não há pior droga que o blá-blá. Faz uma taberneira de aldeia sentir-se uma princesa veneziana. E depois, quando chega a hora da verdade, o regresso à realidade, reparas que as palavras são um cheque sem cobertura. Prefiro mil vezes que um bêbedo te apalpe o cu no bar, a que te digam que um sorriso teu voa mais alto que uma mariposa!"
in O Carteiro de Pablo Neruda
de Antonio Skarmeta (1986)
As palavras enlouquecem, levam as filhas a cometer loucuras e põem as mães em sobressalto. Os sorrisos elevam-se perante a elevação das palavras, e perdem-se nas metáforas dos enamorados.
Provocam medos e palpitações, suspiros e tremuras.
Mas todo o mal que delas provém, só do remetente depende, ou do ouvido e astúcia do destinatário.
3 comentários
Ora aí está um filme que o meu gajo quer que eu veja :P
ResponderEliminarQuanto ao tema: as palavras podem ser perigosas, tal como tu referes, seja por quem as diga ou por quem as receba. Perde-se muita vez a cabeça, dizem-se coisas que não se querem, ouvem-se coisas que não eram para ser ouvidas. Há mal entendidos, confusões. Mas, sem as palavras, o que fica?
Por muito bom que seja o silêncio, sem as palavras nunca iremos a lado nenhum.
Ah é verdade! Gosto do novo look do teu blog :D
ResponderEliminarIsto é mas é uma pescadinha de rabo na boca, como se costuma dizer! ;)
ResponderEliminarNão acho que "todo o mal que delas provém, só do remetente depende, ou do ouvido e astúcia do destinatário." Por vezes o remetente podem ser o mais claro e transparente possível, mas se o remetente não estiver para aí virado - nada feito. E não por uma questão de astúcia, mas sim de negação!