Palavras do Abismo

Nem todos os meus sonhos são parvoíces estapafúrdias, há assuntos bem sérios a decorrer neste cérebro durante a noite!

O irmão dum amigo descobriu que tinha cancro, e toda a família decidiu ir fazer um rastreio. Vai na volta e a mãe do meu amigo, e ele próprio, também tinham. Criativo como é, e "bola prá frente", decidiu contar-nos através de uma banda desenhada feita pelo próprio, que recebemos pelo correio. Pese embora a obra de arte, fiquei triste, claro. 

Mais tarde, vejo o meu pai a folhear o pequeno livro e a choramingar. Questionando-o, descubro que ele pensava que eu era a visada do cancro. Meio que o descansei em relação à minha pessoa, "Pai, não é sobre mim, é sobre o D. Ele tem cancro. Uma merda." E não é que o homem desata num prato incontrolável? "Coitado do D., tão novo...", já a oferecer-lhe sentença de morte. E eu a pensar que a reação foi muito mais dramática do que quando ele pensava que era comigo...



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Joey Jordison. Mais um que partiu demasiado cedo, aos 46 anos. Sem dúvida alguma um dos melhores bateristas do mundo, que tive o privilégio e a sorte de ver ao vivo algumas vezes, antes de sair dos Slipknot. Uma inspiração para várias gerações de músicos e de metaleiros pelo mundo fora. Choramos-te, Joey. Obrigada.



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Neste dia, há 76 anos, acontecia a libertação do Campo de Concentração Auschwitz-Birkenau. Foi o fim do horror às mãos dos nazis para os sobreviventes, mas o terror do que passaram continuou a assaltá-los até ao dia das suas mortes. 

Sirva este dia para recordarmos os 6 milhões de judeus que perderam desgraçadamente a vida. Que sirva também para que não nos esqueçamos nunca do que o ódio e a segregação são capazes de fazer. Esta atrocidade, a maior vergonha da História mundial, aconteceu há apenas 76 anos. Existem pessoas ainda vivas que o viveram. Não é uma coisa abstracta perdida nos anais da História. Há pessoas da idade dos vossos avós que ainda vivem com o peso dessa merda. 

Devíamos saber melhor. Devíamos fazer melhor. Não deixemos que as diferenças nos desunam, porque a beleza da vida nelas reside. Não ostracizemos ninguém por ter uma religião diferente da nossa, uma cor diferente, uma orientação sexual diferente, uma nacionalidade diferente. Foda-se, o mundo é de todos. Como dizia Anne Frank, "o que aconteceu não pode ser desfeito, mas podemos impedir que volte a acontecer.". Que assim seja.

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Bruno Candé tinha 39 anos, era actor, tinha família. Foi morto em plena luz do dia numa conhecida zona lisboeta. Levou quatro tiros no peito. O assassino era um homem idoso que tinha uma arma sabe-se lá como e porquê. Há quem diga que havia atritos entre os dois por causa da cadela de Bruno. Há quem diga que o velho tenha dito coisas como "preto, volta para a tua terra" dias antes de o matar. Há quem tente desculpar o velho porque tinha problemas mentais. Há quem tente desculpar o velho porque a cadela de Bruno o incomodou.

Não sei se foi um crime motivado por racismo. Não tenho na minha posse os factos e o enquadramento. Mas pouco me importa. Seja qual for o motivo do ódio, foi ódio. Assusta-me que tenha sido num bairro qualquer, a uma hora qualquer, por um motivo qualquer. Podia ter sido eu, podias ter sido tu. Hoje, mata-se tão facilmente como se bebe um copo de água. Tiram-se vidas por nada. O ódio cresce por nada. E estou farta do ódio. Porque é que sentimentos tão negros crescem relativamente ao próximo? Compreendo pais que odeiem o homem que lhe violou a filha. Compreendo alguém que odeie a pessoa que ateou um fogo e lhe levou tudo o que tinha na vida. Compreendo reacções a quente a coisas graves como estas - mesmo assim, nada justificando que se mate a sangue frio.

Seja o motivo deste crime racismo ou não, o ódio prolifera no nosso país e no mundo. Nasça como nasça, cresça como cresça o ódio, somos um povo de brandos costumes mas de pavio curto, com preconceitos relativamente à raça, etnia, nacionalidade, género, preferências sexuais, e a toda e qualquer diferença.

O crescimento da extrema direita é prova disto. Eles comunicam por linhas tortas e dissimuladas que há quem seja inferior a outros por ter nascido em certo sítio, por morar em tal local, por ser vontade de deus, pelo seu passado, pelos traços físicos. Uma coisa que abomino é a generalização, que é perigosíssima. Julgar toda uma comunidade, uma etnia, um bairro, uma cidade, até uma família, pelos erros de um, é ter todos os instrumentos para atear um fogo que se pode tornar incontrolável. É um rastilho que acende simplesmente por não sermos todos iguais.

Não tivemos todos uma infância feliz, o mesmo acesso à saúde, aos estudos, a alimentos, ao emprego, a habitação digna. E é essa desigualdade que devemos combater. As nossas energias devem ser dirigidas para que toda a gente tenha as melhores condições de vida possíveis. Independentemente se são negros, brancos, amarelos, gordos, gays, velhos, pernetas, carecas, lindos, feios, bissexuais, mulheres, crianças, morenos, loiros, homens, ruivas, sardentos, doentes, saudáveis, magras, manetas, anões. Porque é na diversidade e na sua aceitação e respeito que reside muita da beleza de aqui estar. Por favor, vivam e deixem viver.

O Bruno não merecia morrer.


Imagem: PAN

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Não vou viver o suficiente para ver um mundo empático para com todos os animais. 
Não vou viver o suficiente para assistir à abolição das touradas no mundo inteiro. 
Não vou viver o suficiente para assistir ao fim da caça às baleias, golfinhos, tubarões e tantos outros.
Não vou viver o suficiente para ver o fim dos mercados de animais vivos.
Não vou viver o suficiente para assistir ao fim do transporte de animais vivos em condições nojentas por terra e por mar.
Não vou viver o suficiente para ver alguém ser condenado exemplarmente por atentar contra a vida de animais.
Não vou viver o suficiente para ver partidos, instituições e outras figuras que defendem os direitos dos animais não serem ridicularizados em praça pública.
Não vou viver o suficiente para que toda a gente compreenda que os animais têm medo, frio, fome, choram.

Mas...

Vivi o suficiente para ver o plástico e todo o tipo de lixo invadir o mar.
Vivi o suficiente para assistir a actos violentos contra vidas inocentes passarem impunes.
Vivi o suficiente para assistir ao agravamento do aquecimento global.
Vivi o suficiente para ver rios secarem e glaciares derreterem.
Vivi o suficiente para assistir à extinção de milhares de espécies provocadas pela ganância humana.
Vivi o suficiente para ver o Homem queimar florestas, habitats e animais em nome do lucro.
Vivi o suficiente para ver gastos os recursos naturais do planeta destinados a um ano inteiro, a meio do ano.

Vivi o suficiente para ver dezenas de animais morrerem queimados vivos porque duas filhas da puta queriam mais dinheiro. Essas bestas, não deviam ter vivido o suficiente.

Não é lá longe, é no meu país que se diz civilizado. Como elas, há muitos mais. Espero viver o suficiente para ver este e outros casos não caírem no esquecimento. Espero viver o suficiente para assistir a punições exemplares nos atentados contra vidas inocentes, sejam elas quais forem. Mas sei que não vou viver o suficiente para a humanidade compreender que o planeta é de todos.

Esta é a Mika. Saiu do abrigo ilegal de Santo Tirso com vida, mas não resistiu. Simboliza o que podia ter sido feito e não foi. Bem hajam os que não se calam e lutam contra a indiferença. Obrigada, por eles, seres puros e perfeitos que não merecemos. Nem que vivêssemos o suficiente.


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9 minutos. Foi o tempo que o afro-americano George Floyd esteve com a cara empurrada contra o asfalto. 9 minutos a suplicar, a pedir água, a dizer que não conseguia respirar. 9 minutos que representam aquilo que o mundo ainda é: o homem branco a subjugar o negro. Em 9 minutos, morreu. 

Ouve-se o eco do típico comentário racista: "aaahh, mas alguma coisa ele teve de fazer". Queridos, não era nenhuma questão de vida ou de morte. Ele não tinha reféns, não ameaçou ninguém, não tinha nenhuma arma, não representou perigo. Foi acusado de burla quando estava a fazer um pagamento. 

Era advogado, tinha 46 anos, e soube-se imediatamente que estava inocente. Dizem que ele resistiu à detenção, as testemunhas dizem que não. Quem o matou anda à solta enquanto decorre um inquérito, que como sempre não dará em nada.

Não me fodam, o racismo existe, a desigualdade existe, e na América se não fores um homem branco heterosexual (de preferência com porte de arma) corres o risco de levar uma sova, de não teres oportunidades na vida ou, simplesmente, de morrer na via pública. E é claro que isto não é só na América. 

Não, não vai ficar tudo bem, porque nunca esteve. Desculpa George, as pessoas são uma bosta.




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1917. Decorre a I Guerra Mundial. Dois soldados britânicos são enviados numa missão urgente - têm de entregar uma mensagem a um regimento que está prestes a atacar o inimigo e a cair numa cilada. Os dois soldados têm nas mãos as vidas dos seus companheiros. Têm um massacre para evitar, numa corrida desenfreada contra o tempo. Isto é baseado em factos verídicos.

Esta é a premissa de 1917, de Sam Mendes. E que filmaço... Que jornada, que experiência imersiva, que intensidade, que tudo. Fiquei pasmada, e vi o filme na televisão (Videoclube). Que pena não o ter visto no cinema.

O filme foi gravado em one-shot e isso é absolutamente crucial para o sucesso, para que nos sintamos parte integrante da acção, podermos ver todos os ângulos e sentir-mo-nos como se estivéssemos ali, nas trincheiras, enfrentando perigos com os protagonistas. Parece mesmo impossível a forma como tudo foi filmado, evidenciando mais ainda que Sam Mendes é um génio e também o gigante trabalho de produção que o filme teve.

Para além disso é tenso e de uma beleza extraordinária, um autêntico poema. Ao contrário do que dizem algumas críticas, para mim, nunca foi aborrecido, e assisti de olhos arregalados e quase sem pestanejar. É um filme de guerra, onde a amizade, o cumprimento do dever, a generosidade, falam bem alto. Único. Um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos, arrisco-me a dizer. Os 3 Óscares arrecadados são super merecidos.

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Confesso que quando morre um escritor que aprecio me custa mais do que quando se trata de algumas pessoas que fizeram parte efectiva da minha vida e que nela nada, ou só mal, acrescentaram.

Era muito jovem (tinha talvez uns 13 anos) quando li o meu primeiro livro de Luís Sepúlveda - "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar". Esses tempos já lá vão, mas lembro-me de gostar. Lembro-me também de o reler, já em adulta, e dos novos contornos que assumiu dentro de mim. Com o discernimento da maturidade, a história tomou todo um novo peso, e os ecos do respeito e da amizade bateram ainda mais forte. É essa parte da magia dos livros de Sepúlveda - capazes de encantar as gerações mais novas e de tocar os meandros da alma dos adultos.

No início deste ano, numa das idas à terrinha, visitei a estante para revisitar alguns livros que não lia há algum tempo e trouxe comigo o "Diário de um killer sentimental". Um livro completamente diferente, cómico, irónico, e no entanto, como sempre, com uma moral elevada. Quis o destino que o estivesse a ler enquanto Sepúlveda estava a ser diagnosticado com o Covid-19. 

E agora, partiu. Senti uma pequena partícula dentro de mim crescer e manifestar um extremo desconforto. Ele fez parte do meu crescimento e, consequentemente, da pessoa que sou. A minha inteligência emocional é melhor também por causa dele. "O mais português dos escritores latino-americanos", com uma história de vida tão complexa e rica que o ajudou a ser um ser humano melhor. Dizem os amigos que gostava de ser tratado por Lucho. Obrigada por tudo, Lucho. És um dos que vai viver para sempre.




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Apesar de ser baseada numa história real que conhecia por alto, fiz questão de ver a série The Act sem saber mais, e poder assim surpreender-me. Deste modo, pude conhecer esta história surreal que ultrapassa a ficção em larga escala. É daquelas que nos faz arrepiar cabelo, tão inacreditável e chocante que diria ter sido escrita por Hitchcock.

Em linhas gerais, Dee Dee Blanchard era uma mãe que fez da sua própria filha refém, inventando-lhe doenças e limitações sem fim, desde tenra idade até ao dia em que a filha, Gypsy Rose, se revoltou e conspirou para a matar, o que acabou por acontecer em junho de 2015.

Dee Dee convenceu a filha e o mundo de que esta não podia andar, mantendo-a numa cadeira de rodas, que era demasiado fraca para brincar, que tinha leucemia, asma, epilepsia, alergia aos doces, problemas de visão, distrofia, apneia do sono, que tinha de se alimentar por uma sonda, que não podia conviver com outros meninos, que tinha danos cerebrais, que tinha de estudar em casa, rapava-lhe o cabelo dar um ar real à coisa, impediu o pai de ter uma relação com ela... Para além de ser uma das maiores manipuladoras da História com todos estes problemas médicos e muitos mais, Dee Dee apenas deixava Gypsy ver filmes da Disney, vestir-se de princesa, mantendo-a com mentalidade de criança, para parecer sempre criança também por dentro, frágil, débil, inspirando a comiseração dos vizinhos, conhecidos e desconhecidos que enviavam donativos frequentemente.

Para além disso, Dee Dee mentia à própria filha, e a quem perguntasse, sobre a idade real de Gypsy, extendendo ainda mais a mentira. Gypsy não era uma rapariga doente, nem nunca foi, mas é claro que acabou por ficar extremamente traumatizada e socialmente estranha pela maneira horrível como cresceu. Aquando da idade adulta, Gypsy arranjou maneira de se ligar à internet, acedendo a um mundo completamente novo, obtendo também algumas respostas, e é lá que viria a conhecer o seu namorado, com quem conspirou para matar a mãe.

Uma história tão estranha é meio caminho andando para dar uma óptima série, e é realmente estrondosa. Mas para isso muito contribui o duo de actrizes - Patricia Arquette como Dee Dee e Joey King como Gypsy - simplesmente perfeitas, fabulosas, tão fantásticas que já sinto os ecos dos Emmys. O design de produção, que seguiu detalhamente os pormenores, desde a casa onde viviam, até às roupas, maquilhagem, abriu as portas para o elevado realismo da série. A realização e cinematografia são também de ressalvar - tudo isto nos prende ao ecrã desde o primeiro episódio.

Não deixem de ver uma das melhores séries dramáticas do ano. Disponível na HBO.


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Ricky Gervais é uma das pessoas que mais admiro no mundo - para além daquela mente genial de onde saem grandes ideias, do elevado sentido de humor (negro), ele é um ser humano notável, um activista vegan que não se cansa de apontar o dedo a quem maltrata e abandona animais, que cria e promove acções para a sua defesa, levanta a voz contra as touradas e outras atrocidades; já para não falar das fortes críticas que não tem vergonha de tecer ao poder político.

Assim, quando a série After Life estreou, escrita e dirigida por ele, mergulhei de cabeça nos seus 6 curtos episódios. Estava à espera que fosse boa, mas não tão boa. Não é possível que tenha sido tão boa.

Em After Life, a esposa de Tony (Ricky) morreu de cancro. E ele, que outrora foi uma pessoa normal, torna-se praticamente insuportável para o resto do mundo, e até para ele próprio. Gozar a vida deixou de fazer sentido; levantar-se e realizar as tarefas normais parece despropositado; seguir em frente com a rotina parece obsceno; tudo porque metade dele morreu, e agora ele quer morrer também.

A depressão tornou-o num ser sem empatia - se ele não se consegue respeitar a si próprio, como é que iria ter em conta os sentimentos dos outros? Assim, deixou de ter filtro. Diz exactamente o que sente, extrapola toda a raiva que tem para cima dos outros, o que para nós, espectadores é, ao mesmo tempo, divertidíssimo e muito triste.

A série tem uma humanidade assustadora, e sentir, ver e ouvir alguém que passa por um período tão negro, faz-nos compreender um pouco a depressão. O impacto na sua vida é notório - a casa desleixada, as roupas por lavar; assim como o impacto nos outros - a família não sabe como lidar com ele, os colegas não sabem com lhe responder aos constantes comentários insultuosos e as pessoas que vão surgindo na sua vida não conseguem descodificar se ele está a sofrer ou é apenas um grande idiota.

É a cadela que o liga à realidade - é por ela que se levanta, que se esforça por ir ao supermercado, que opta por ocasionalmente sair de casa; é com ela que desabafa, e é ela a sua maior ligação com a falecida esposa. É uma relação terna que emociona e na qual muitos de nós nos podemos rever. Também o liga à realidade um vídeo que a sua mulher deixou, onde lhe dá poderosas indicações sobre como, basicamente, viver. Como se ela soubesse exactamente onde ele iria ter dificuldades, como se iria abaixo - como se fossem excertos de aprendizagem que o ajudam a reaprender a apreciar a vida.

After Life tem a capacidade de pôr em imagens, palavras e sons aquilo que não se consegue dizer. Acima de tudo, tem uma honesta brutalidade que choca e emociona ao mesmo tempo. Consegue ser triste, e conter em si esperança, raiva, beleza, humor negro - dá para rir e chorar no mesmo minuto. É genial, fresca, uma obra do caraças que marca um pico de Ricky Gervais. É absolutamente imperdível e está disponível na Netflix.

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Andava eu numa fase confusa da adolescência, em que não sabia se gostava mais de Backstreet Boys ou de Metallica, quando os The Prodigy se meteram lá pelo meio e deram-me novos horizontes. Abriram caminho por mim adentro com um poder que não consegui controlar, numa cena musical que na altura foi completamente inovadora. Suspirei muito com a imagem do Keith Flint. Aquela bola de fogo pronta a explodir, extravagante, enérgica, toda aquela imagem rebelde - aquele cabelo característico, todos aqueles piercings e tatuagens que me tiravam do sério e que, obviamente, influenciaram os meus gostos e aquilo que sou. Desde aquele tempo até hoje que os The Prodigy são uma das minhas bandas favoritas e o Keith é uma das figuras que tenho seguido como a um ícone.

Tive o prazer de os ver ao vivo, bem pertinho de mim, um par de vezes. E repeti, a quem me ouviu falar, que foram concertos de uma vida. Inesquecíveis. O corpo, sem pedir licença, dá o que tem e o que não tem porque eles fazem o que querem com os nossos invólucros. A sensação de esgotamento feliz e loucura ainda toma conta de mim quando penso na última vez que os vi.

Raio de geração amaldiçoada. Brilhante, demasiado brilhante para um mundo demasiado merdoso. Viver uma vida longa não é para todos e a sua escolha foi feita. Privou o mundo de si mesmo, e por isso, nós, fãs, ficamos coxos, numa obscuridade de incompreensão que prevalecerá, porque, garanto, nunca sabemos o que vai na cabeça sequer na pessoa que está ao nosso lado neste momento. Só sei que quando chegarmos ao Inferno teremos uma banda sonora do cacete.

Vemo-nos por aí, Firestarter.


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"Estás a gozar, não estás? Só podes estar a gozar.

Porque é que haveria de estar a gozar?

Tu não queres morrer.

Também não quero viver.

É melhor estar vivo do que estar morto.

Dá-me uma razão.

Sei lá. Estares vivo para ires à praia no Verão.

O sol faz-me mal à pele.

Para tomares conta dos teus filhos.

Não tenho filhos nem quero tê-los.

Dos teus sobrinhos.

Sou filho único.

Para leres um bom livro.

Já te disse que detesto ler.

Ou veres um bom filme.

Os filmes roubam-nos a imaginação.

Para usufruíres dos prazeres da mesa.

Comer dá-me gases, tenho um estômago fraco.

Dos prazeres da cama.

Tenho um pénis pequeno e sofro de ejaculação precoce.

Porra, disse eu, quase a gritar, e que tal para poderes respirar? E sentires o calor do sol, e o frio da noite, e saboreares um fruto, e poderes olhar para as estrelas e perguntares-te que raio andamos a fazer aqui, e sentires medo e dúvida e esperança e aquelas coisas todas que as pessoas sentem quando não estão fechadas nas suas cabeças a tentar resolver uma equação impossível?"

in Ensina-me A Voar Sobre os Telhados, de João Tordo (2018) 

 

O que é certo é que as minhas razões de viver não são as tuas. As tuas dores não são as minhas. Não quer dizer que não as compreenda, mas tenho as minhas, que também doem, moem, e me distraem das tuas. Os nossos problemas são sempre maiores no nosso íntimo que os problemas dos outros. Mas acredito que cada um de nós lá terá as suas razões para se levantar da cama. Às vezes não são óbvias e não chegamos logo lá. Às vezes demoramos dias, meses, anos, a perceber. Às vezes, enquanto esperamos que se faça luz, faz-se mais negro. Às vezes, também, complicamos demais. Podem não existir razões efectivas mas há decerto sensações e sentimentos a que nos podemos agarrar. Nem que seja o sabor daquele gelado fresco num dia estupidamente quente. Um nascer do sol com um degradé perfeito de cores no horizonte que nos deixa colados ao chão. Ler os nossos Saramago, e José Luís Peixoto, e João Tordo, e Afonso Cruz, e o Camilo, e o Eça. Correr até as pernas tremerem e inspirar o ar às golfadas. O primeiro mergulho do ano. As nossas razões não têm de ser muito complexas, nem têm de se projectar a longo prazo. Viver é só sentir. Um dia de cada vez.

PS: desabafo inspirado nas palavras de João Tordo. Vale a pena lê-lo.


 
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Camille Preaker, interpretada por Amy Adams, é uma repórter que é enviada à sua terra natal, onde não regressa há muitos anos, para cobrir a história de um assassinato. O seu editor, que é também seu amigo, acha que a proximidade de Camille àquelas pessoas e à pequena cidade de Wind Gap pode ser a opção certa, não só para dar luz ao mistério mas também porque acha que lhe vai fazer bem conviver com os demónios do passado.

E são muitos. Vamos conhecendo cada um deles, sendo talvez o maior a sua mãe. Patricia Clarkson dá corpo a essa mulher estranha, hipocondríaca, que acha ter o mundo a girar à sua volta, e que vive num drama constante. Vamos tendo alguns flashbacks que nos ajudam a perceber todos os males que afligiram Camille durante a sua infância e adolescência, e vamos compreendendo porque é que é tão difícil para ela regressar a casa e enfrentar aquelas pessoas e as recordações.

Em Wind Gap vive não só a mãe, mas também o padrasto e a meia-irmã de Camille. Esta, com 13 anos e dona de uma beleza invejável, tem em si um pouco da rebeldia de Camille mas também algo de sinistro, certamente herdado da mãe. É a oportunidade para as duas se conhecerem melhor, e vamos vendo interacções muito interessantes entre as duas. Antigas amizades, amores, desconfianças e vergonhas vão sendo também desenterradas.

Há sempre mais camadas por descobrir - as coisas são sempre mais profundas do que aquilo que parecem. E isto é válido tanto para a vida de Camille e da sua estranha família, mas também em relação à onda de crimes que insiste em tornar-se cada vez maior, e envolta em mais mistério. Camille não vai olhar a meios para chegar ao fundo da questão, dando origem ainda a mais animosidade com os habitantes de Wind Gap, onde já se sente uma estranha, e da sua própria família.

Esta é certamente uma das séries do ano. Tem uma realização, fotografia e edição do outro mundo, aliadas a interpretações fora de série. Eu nem simpatizava muito com a Amy Adams, mas Sharp Objects fez-me mudar completamente a razoável opinião que tinha sobre ela. Talvez porque é um papel diferente de tudo o que fez até agora. Aqui, ela é vulnerável, problemática, viciada, negligenciada, incompreendida, e não a mulher bonita e forte que normalmente vemos no grande ecrã. Por mim, o Emmy pode ser já entregue.

Há também que destacar Patricia Clarkson no papel da mãe. Está tão perfeita que nos desperta as piores sensações do mundo, como é o pretendido. Desde raiva, nojo, medo, desconfiança, aquela mulher loira com algo de angelical consegue passar-nos a completa imagem oposta das aparências que quer passar para a comunidade.

Tenho também de mencionar os fabulosos flashbacks. O passado e o presente, por vezes, enrolam-se, conforme Camille vai recordando certas pessoas e situações, e essas viagens ao passado são supremas. O trabalho de edição é fantástico, as passagens entre as duas épocas são sublimes e só mesmo vendo para perceber. O papel de Sophia Lillis como Camille adolescente também contribui em muito para esse sucesso.

Daqui a uns tempos (não agora, que tenho a história demasiado presente), quero ler o livro de Gillian Flynn com o mesmo nome, no qual é baseado esta série. Se tiverem de escolher uma série para ver nos próximos tempos esta é altamente recomendada. Tem apenas 8 episódios e vê-se num instante, e sem conseguir parar, e com uma grande capacidade de nos deixar de queixo caído.

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Eve (Sandra Oh) é uma investigadora do MI5 mas com um papel algo enfadonho e pouco participativo. Cedo percebemos que ambiciona muito mais. Os psicopatas atraem-na, ela quer entendê-los, percebê-los, desvendá-los e apanhá-los. E a sua vontade chama a atenção de uma superior, que está a levar a cabo uma investigação pela porta do cavalo acerca de uma assassina internacional. Eve é então convidada, para seu extremo gáudio, a liderar uma equipa para tentar apanhar uma das maiores assassinas de todos os tempos.

Villanelle (Jodie Comer) é essa mulher misteriosa, uma assassina profissional excelente no que faz e que ultimamente tem estado na ribalta porque as suas vítimas têm sido de alto gabarito. Eve e a sua equipa sentem dificuldade em acompanhá-la e a encontrar sentido nas mortes que vão ocorrendo em todo o mundo e que aparentemente não têm qualquer ligação.

É verdade que comecei a ver esta série pela Sandra Oh. Nos tempos em que ainda via a Anatomia de Grey adorava-a e quando percebi que este seria um registo completamente diferente a curiosidade surgiu. No entanto, acabei por me apaixonar forte e feio pela Jodie Comer. Deve ser um dos melhores desempenhos a que já assisti nas séries que já acompanhei, e já vi centenas.

A sua falta de empatia (que contribui para o bom desempenho da sua profissão de assassina) faz com que imite comportamentos para se adaptar às situações, o que origina cenas muito, muito cómicas, que, dentro do tema, fazem-nos perguntar a nós próprios porque é que estamos a rir tanto quando o tema é a morte e há sangue, cadáveres e violência no ecrã. O humor negro impera, fazendo desta série um sucesso numa área em que não é fácil brilhar - o thriller / comédia.

Para além disso, a relação platónica que se vai construindo entre Eve e Villanelle, entre perseguidora e perseguida, toma outros contornos, também eles engraçados e inesperados.

Se tiverem oportunidade experimentem ver, penso que serve a todos os gostos. Acho que nunca tinha gostado de uma série de investigação / crime que se desse tanto à comédia. Mas tem ali algo de refinado e raro, não é uma comédia óbvia. Só pelas interpretações vale a pena.

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Devido ao documentário transmitido na RTP1 (disponível aqui) algumas pessoas estão agora a acordar para a vida. Outras continuam a dormir, a olhar para o lado e a assobiar, que não é nada com elas.

Eu não vi o documentário. Não vi porque me custa, porque choro, porque faço parte de grupos de defensores dos animais e já estou farta de saber o conteúdo. Sei o que se passa, e não preciso de ver e ouvir novamente os gritos e as lágrimas destes seres.

Não sei como as pessoas conseguem dormir à noite descansadas, sabendo que a comida que aparece no prato é obtida à custa do sofrimento e da dor de seres vivos, cuja inteligência e sensiência, sabemos hoje devido à evolução científica, equivale à de uma criança pequena. Não sei como conseguem ser egoístas ao ponto de pôr o seu paladar acima do modo como se tratam os outros habitantes do planeta. É uma questão de dignidade, de respeito, de sensibilidade.

Durante o transporte, os animais são sujeitos a temperaturas de mais de 40º e a água disponível depressa desaparece. Não têm espaço sequer para se virar, vão uns em cima dos outros, pouco importando aqueles que já mal se conseguem manter de pé, que têm feridas ou lesões. Seguem assim, horas intermináveis, dias, semanas, o tempo que for preciso até chegarem ao destino. Quando o transporte tem dois andares, os animais da parte de baixo ficam cobertos de merda, o que aumenta ainda mais a sua temperatura corporal e pode dar origem a infecções. Na transladação, são pendurados pelas patas por uma grua, esperneando, levando com choques eléctricos, e gritando por ajuda que não virá. Muitos morrem antes de chegar, apenas eles sabendo a dor por que passaram. São jogados para o mar, se estiverem num barco.

Mais valia que fossem mortos à partida. Mortos em meios controlados, com anestesia, e transportados em meios refrigeados. Mas isto sai muito mais caro. E nestas coisas o lucro fala sempre mais alto. Para além disso, nos países para onde são transportados são seguidos rituais de morte próprios. Ou seja, para além de tudo o que passam na viagem, muitas vezes são mortos a sangue frio em rituais bárbaros.

Portugal é um país civilizado e não pode permitir isto dentro das suas portas. A petição do PAN para existir um limite de horas de transporte diárias e a presença de um veterinário é assim tão descabida? E ainda assim é apenas uma gota no oceano. Temos de parar de exportar para o Médio Oriente e Norte de África, simplesmente. Mas como isto escapa às leis nacionais e europeias, valem a lei daqueles países. E o lucro, sempre o lucro.

Por mais que os responsáveis joguem areia para os olhos do povo, basta estar presente num dos portos onde atracam os barcos para ver a realidade tal como ela é. A realidade é muito suja, tem lágrimas a escorrer pelos focinhos, ossos partidos, fome, morte. Não podemos ficar de braços cruzados, chega de compactuar com o sofrimento alheio. Estes animais não têm culpa da vergonha que devíamos sentir. Se não sabem o que fazer, comecem por assinar esta petição. Se querem fazer mais, procurem os grupos nas redes sociais, informem-se, a acção está por todo o lado e o maior cego é aquele que não quer ver.

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Do Cardeal Copia.

 

Ou do Papa Emeritus


Ontem à noite, num concerto dos Ghost nos Estados Unidos, um fã caiu inanimado, e depois das tentativas de reanimação acabou por falecer. O resto do concerto foi cancelado (e havia pessoal indignado com isso!). É uma situação horrível, mas se é para morrer, eu escolho morrer assim. Ao pé do meu Papinha querido. Com entrada garantida pelos caminhos da luxúria pelo Inferno adentro e a segurar a mão do meu alto dignatário do descanso eterno nas trevas. Amén.
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Este filme conta a história de Christine Chubbuck, a primeira pessoa a cometer suicídio em directo na televisão. Poderá ser um grande spoiler para muitos (peço desculpa), mas é um facto. Nos anos 70, ela era repórter num canal da Florida, nos Estados Unidos, e lutava contra a depressão.

Remetida várias vezes para reportagens de segundo plano e que fugiam ao objectivo que ela perseguia - que era ter um verdadeiro impacto social com as suas histórias - acabou por ficar obcecada quando surgiu uma vaga importante noutro canal. Depois de o chefe lhe apontar que as suas causas não geravam audiências, começou, por todos os meios, a procurar histórias mediáticas, mas que não geraram o sucesso esperado.

Christine perde a cabeça várias vezes e outras tantas se vai levantando e tendo novas ideias, tudo em nome do estatuto que julga que lhe pertence. Vai-se afastando dos seus colegas, gerando discussões e momentos embaraçosos que vão afectando também a relação com a sua mãe, com quem vive. Tudo culmina no momento em que ela não vislumbra outra solução para o sucesso, para as audiências ambicionadas e para o mediatismo desejado do que dar um tiro na própria cabeça, em directo. Tinha 29 anos.

Apesar da estranheza deste acto e de ser fácil fazer um filme também ele mediático acerca do mesmo, não foi esse o caminho escolhido - e ainda bem. Conhecemos Christine como ser humano, como alguém que tem por dentro algo muito negro e inexplicável, mas que é uma pessoa como tantas outras a trabalhar por um objectivo. Sentimos facilmente a empatia e é com calma que acompanhamos o desenrolar das suas desilusões. Não é um simples filme sensionalista e comercial que explora uma grande tragédia - longe disso. É subtil, tem detalhe e sofisticação, num excelente trabalho de realização de Antonio Campos.

Não há palavras suficientes para descrever o profissionalismo e o trabalho da actriz Rebecca Hall para se colocar no papel de Christine. É simplesmente divinal sem qualquer tipo de alarido, é uma coisa natural, mas complexa, que só é possível com uma preparação fora de série. Também já tinha saudades de ver Michael C. Hall (o eterno Dexter) no grande ecrã.

Um filme que passou fora dos grandes circuitos comerciais mas que foi nomeado e ganhou vários prémios em festivais de cinema mais low-profile. Recomendado.

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"Não sei como vou morrer, não sei se vou ter tempo para pensar. Mas, muitas vezes, quando tenho de fazer avaliações importantes, imagino como seria se estivesse para morrer. E estou. Quem está vivo, está para morrer.
Os moribundos libertaram-se das ilusões. Nessa queda, o que não importa é leve, desprende-se e fica para trás. São acompanhados apenas por aquilo que pesa. Morrem nus.
O julgamento dos moribundos é mais livre.
Não saber o que se quer é um luxo de quem tem demasiadas possibilidades. Os moribundos sabem sempre o que querem.
A morte é uma balança.
Talvez quem esteja a ler estas palavras já saiba como vou morrer, como morri."

in O Caminho Imperfeito, de José Luis Peixoto

Conseguissemos nós o desprendimento e a leveza daqueles que já nada esperam, que têm um desejo único e total - talvez o mais importante das suas vidas prestes a terminar. Talvez esse ensejo derradeiro seja a motivação que precisemos, quando ainda longe da morte, não conseguimos descortinar o caminho. Mas, enfim, seremos eternas almas, quais traças, a vaguear ao redor das várias possibilidades de luz, até ao fim. Desde que não nos esqueçamos, como o autor menciona no livro mencionado, "o caminho também é um lugar".


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Gosto de ver filmes de terror que não sejam americanos porque nos oferecem sempre ideias mais frescas, menos comerciais, e que acabam por ser mais assustadoras do que as originárias da popularizada América. Este é da Netflix, canadiano e falado em francês. É um filme de zombies, ou mortos-vivos, com características muito próprias.

Quando o filme começa já o mundo está cheio destes zombies que fogem bastante à ideia generalizada que se tem dos mesmos, devido sobretudo ao The Walking Dead e afins. Estes zombies não estão com meias medidas - não se arrastam devagarinho a fazer aqueles sons estranhos que os anunciam - são rápidos, correm, são inteligentes, silenciosos, salvo as raras vezes em que gritam, som que parece preceder o ataque.

Num mundo caótico onde não sabemos como nem porquê surgiu o vírus (e nem importa), um pequeno grupo de sobreviventes vai percorrendo as estradas e as casas perto de Quebec, numa tentativa de encontrar esconderijo e comida. A história é simples - trata apenas do relato de sobrevivência de um grupo que se vai encontrando e aumentando. Não há espaço para sentimentalismos ou para acudir aos que vão ficando para trás. Não há misericórdia para as personagens com quem vamos criando laços - a morte chega a todos.

Um dos grandes trunfos do filme é que se baseia mais na tensão do que na acção. É um dos filmes mais tensos que já vi, onde o silêncio é desconcertante. Tudo é subtil, sem estereótipos, e cada personagem é um mundo que vamos conhecendo de forma sublime e sem grandes conversas.

Existem algumas cenas violentas onde nada nos é escondido, tudo é gráfico, cru, intenso. As florestas do Canadá são um emblemático cenário bem conhecido do realizador, e como tal são exploradas pela mente de quem bem conhece cada recanto e as glorifica. Apesar de ser low-budget, é um dos melhores filmes de terror que vi nos últimos tempos e recomendo-o a todos os fãs do género.

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Desafiou não só as leias da física como também viveu mais do que alguma vez alguém pensou, quando lhe foi diagnosticada Esclerose Lateral Amiotrófica, que o atirou bem cedo para uma cadeira de rodas. Isso não o impediu de se tornar uma das principais figuras deste século e do passado, trabalhando todos os dias da sua vida e mantendo um sentido de humor desafiante.

Um físico brilhante, um pioneiro, corajoso, um homem fora de série, que se debruçou sobre a teoria dos buracos negros e a teoria do espaço-tempo. Autor, professor, pai, avô, inspirou várias gerações e vai concerteza continuar a inspirar. Um homem que já era mito há muito tempo e vai guardar esse estatuto para sempre.

Influenciou a cultura pop, participando em séries de televisão (como Os Simpsons, A Teoria do Big Bang, Futurama, Star Trek: The Next Generation), inspirou documentários, a sua característica voz mecanizada foi utilizada em vários meios, sendo o meu preferido, claro, a música Keep Talking dos Pink Floyd. O filme sobre a sua vida, A Teoria de Tudo, onde Eddie Redmayne lhe deu corpo e foi premiado com um Óscar, é uma grande obra cujo sucesso deu ainda mais notoriedade à sua pessoa e à doença.

E se eu, uma leiga, sou sua fã incondicional, imagino o tamanho da perda para a comunidade científica. Fica o trabalho, que não é pouco, a imagem, a preserverança, a coragem, o arrojo, que o fazem eterno. A Humanidade foi uma sortuda por teres existido.


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