The Act (minisérie, 2019)

by - terça-feira, maio 21, 2019


Apesar de ser baseada numa história real que conhecia por alto, fiz questão de ver a série The Act sem saber mais, e poder assim surpreender-me. Deste modo, pude conhecer esta história surreal que ultrapassa a ficção em larga escala. É daquelas que nos faz arrepiar cabelo, tão inacreditável e chocante que diria ter sido escrita por Hitchcock.

Em linhas gerais, Dee Dee Blanchard era uma mãe que fez da sua própria filha refém, inventando-lhe doenças e limitações sem fim, desde tenra idade até ao dia em que a filha, Gypsy Rose, se revoltou e conspirou para a matar, o que acabou por acontecer em junho de 2015.

Dee Dee convenceu a filha e o mundo de que esta não podia andar, mantendo-a numa cadeira de rodas, que era demasiado fraca para brincar, que tinha leucemia, asma, epilepsia, alergia aos doces, problemas de visão, distrofia, apneia do sono, que tinha de se alimentar por uma sonda, que não podia conviver com outros meninos, que tinha danos cerebrais, que tinha de estudar em casa, rapava-lhe o cabelo dar um ar real à coisa, impediu o pai de ter uma relação com ela... Para além de ser uma das maiores manipuladoras da História com todos estes problemas médicos e muitos mais, Dee Dee apenas deixava Gypsy ver filmes da Disney, vestir-se de princesa, mantendo-a com mentalidade de criança, para parecer sempre criança também por dentro, frágil, débil, inspirando a comiseração dos vizinhos, conhecidos e desconhecidos que enviavam donativos frequentemente.

Para além disso, Dee Dee mentia à própria filha, e a quem perguntasse, sobre a idade real de Gypsy, extendendo ainda mais a mentira. Gypsy não era uma rapariga doente, nem nunca foi, mas é claro que acabou por ficar extremamente traumatizada e socialmente estranha pela maneira horrível como cresceu. Aquando da idade adulta, Gypsy arranjou maneira de se ligar à internet, acedendo a um mundo completamente novo, obtendo também algumas respostas, e é lá que viria a conhecer o seu namorado, com quem conspirou para matar a mãe.

Uma história tão estranha é meio caminho andando para dar uma óptima série, e é realmente estrondosa. Mas para isso muito contribui o duo de actrizes - Patricia Arquette como Dee Dee e Joey King como Gypsy - simplesmente perfeitas, fabulosas, tão fantásticas que já sinto os ecos dos Emmys. O design de produção, que seguiu detalhamente os pormenores, desde a casa onde viviam, até às roupas, maquilhagem, abriu as portas para o elevado realismo da série. A realização e cinematografia são também de ressalvar - tudo isto nos prende ao ecrã desde o primeiro episódio.

Não deixem de ver uma das melhores séries dramáticas do ano. Disponível na HBO.


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