Pessoas estranhas #121 - o casal pegajoso

by - segunda-feira, maio 27, 2019

No último mês, um casal passou a apanhar o mesmo comboio que eu. Enquanto o comboio não vem, é vê-los sentados num dos bancos de espera, ela com a perna por cima das dele, ele passando-lhe a mão entre o joelho e o rabiosque, as suas línguas a sugarem tudo à volta, num frondoso "shlep shlep" dos barulhinhos da baba. Minutos antes de o comboio chegar, levantam-se, vão para a plataforma (mesmo no sítio onde as portas abrem, cabrões), levando consigo os mucos e os barulhos do seu desejo.

Seria de esperar que fosse um jovem casal que, longe dos olhares dos pais, aproveitassem aquele momento raro para se comerem, dando azo às viagens das hormonas e da testosterona. Só que não - ele, quase cinquentão, baixo, careca e barrigudo. Ela, nos seus trinta e muitos, loira, mais elegante, que, não sendo um mulherão, é claramente muita areia para a camioneta do senhor. Isto pode explicar a ânsia do homem em aproveitar enquanto é tempo, porque a qualquer momento a mulher pode aperceber-se que o sex appeal dele é mais baixo do que o duma caracoleta (e no Inverno, fora da época delas).

Embora eu queira ficar ao pé do sítio onde a porta abre, é-me penoso estar mesmo atrás do casal pegajoso. Tenho sempre a cabeça enfiada no livro e o meu olhar fica protegido deste desplante, mas os meus ouvidos sangram com aqueles barulhos do amor. É desconfortável para toda a gente à volta deles, que, num comboio que depois se enche, tem de ficar a centímetros dos novos adolescentes que acabaram de descobrir o sexo, transformando a viagem numa fabulosa orgia.

Nestas coisas sou muito púdica. No que toca a barulhos e fluidos de outras pessoas, prefiro manter a distância. Eu até tenho nojo do meu próprio suor. A visão daquelas bocas babadas e a audição daqueles "shlep shlep" deixa-me doente. Demonstrações públicas do amor sexual são uma merda e, senhores, assim fartam-se rápido. Acalmem lá o pito.

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