(re)descobertas musicas #25 - o último dos Rammstein

by - sexta-feira, maio 31, 2019


Há 10 anos que os Rammstein não lançavam um álbum. Os fãs desesperaram, ansiaram e muitas unhas foram roídas nesta década. A banda que conheci com a óbvia Du Hast tornou-se numa das minhas favoritas de sempre - às vezes, nos momentos em que me sinto mais íntima com eles, chego a concluir que é a minha favorita. O facto de cantarem em alemão se calhar contribui para isso. Mal os percebo, farto-me menos. Quase tudo neles é simples e por isso tantas vezes são criticados. Isso e por serem provocadores com temáticas menos simpáticas. Mas não é por terem melodias menos complicadas e não tentarem encontrar o sentido da vida nas notas musicais que vou gostar mais ou menos deles. Ouvi-los adequa-se ao que estou a sentir, quase sempre, e por isso sinto-me tão próxima que dói.

Basicamente, não passa um dia em que não oiça Rammstein. Se estou no trabalho, estou quase sempre com raiva de alguém, e oiço Rammstein. Se estou no ginásio e preciso de pujança, oiço Rammstein. Se preciso de marcar o ritmo de uma caminhada com aquele teclado característico, oiço Rammstein. Se quero ouvir a melhor cover de sempre, ponho a Stripped a tocar. Portanto, precisava de novas músicas de Rammstein. Este álbum homónimo, que traz um enigmático fósforo sobre um fundo branco, não se me entrou imediatamente. As duas primeiras, Deutschland e Radio, que foram singles, tiveram videoclip e foram lançadas primeiro, conquistaram-me logo. Isto apesar de não corresponderem às típicas músicas deles. São muito mais dançáveis, combinam na perfeição o industrial e os ritmos que nos fazem abanar o esqueleto - acho até que se podem denonimar de dance metal, digo eu, que não percebo nada de música e dou os nomes que quero às coisas.

Quando o videoclip da Deutschland foi lançado foi o falatório total. Primeiro, porque "brincam com o Holocausto" e blá blá blá, depois porque metem uma mulher negra a parir cães, mas digo-vos, isto é uma produção do cacete, uma obra-prima dos videoclips modernos, um hino ao motivo pelo qual inventaram o filme, um épico dos vídeos de música.



Agora que já ouvi o álbum quinhentas vezes já gosto das músicas todas. Mas há uma, bem especial, que desde o incío me bateu bem forte e é para essa, Puppe, que é o meu destaque. Não é que seja uma música pesada - não é - mas tem ali algo de muito negro. A letra fala de um menino que fica no quarto enquanto a irmã se prostitui no quarto ao lado. Ele tem uma boneca, e na música relata-nos tudo o que está a fazer à boneca para se sentir melhor. Ora eu não sabia isto quando ouvi a música pela primeira vez, e mesmo assim senti o negrume a percorrer-me o corpo. O refrão é um grito de revolta, que até parece sair de tempo. Parece até que o Till se está a cuspir todo. Tem ali muitos diabos a sair-lhe da garganta. É uma música do caraças.


Para mim, o fósforo já pegou fogo.

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