Palavras do Abismo

Estava a chegar ao escritório (no sonho não estava em teletrabalho), e disseram-me que hoje se ia trabalhar a partir da cave. Eu e outra colega que estava a chegar ao mesmo tempo nem pusemos questões e dirigimo-nos para lá.

A cave estava escura, apenas com uma luz amarelada vinda de uma lâmpada pendurada no tecto, e bafienta. Já lá estavam alguns colegas a tentar, sem sucesso, apanhar o wi-fi. Nisto começámos a ouvir sons estranhos e começámos a procurar a sua origem. Era um gatinho, mas não verdadeiro, parecia um peluche que tinha ganho vida. E nós ficámos deslumbrados, dissemos como era bonito e parecia magia. E o gato fala: "Não é magia! Sou um espírito maligno enfiado neste objeto de pano e pelúcia! Temam-me! Vou-vos matar!". E nós, "ooooohh que fofo, o gato fala", e cagámos completamente nas ameaças, continuando a tentar trabalhar. 

O espírito foi procurar outro objeto para possuir, e voltou no corpo de "Dora, a Exploradora". Mais "ooohh" e "aaahh" surgiram, uma das colegas disse: "Aiii a Dora, a minha filha ama, se estivesse aqui ia encher-te de abraços". E o espírito maligno sentiu vontade de chorar. Depois acordei. Não sei que forma terá tomado a seguir, mas imagino que tenha sido um Nenuco ou uma goma de ursinho.



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Neste sonho mágico pisei um carregador de telemóvel que me feriu e fez sangue, e o contacto do carregador com a ferida fez com que eu passasse a funcionar a energia eléctrica. Não sei como o soube, mas soube-o imediatamente. "Oh fuck", pensei, à medida que a minha bateria se ia esgotando.

Bem, estando em casa não havia grande problema. Ligava o carregador do telemóvel ou do portátil à zona da ferida e, magia, os meus níveis energéticos subiam, dando-me aquele bem-estar de um autêntico viciado em droga. 

O pior eram as actividades fora de casa. Ir passear implicava planeamento - tinha obrigatoriamente de passar por locais que me permitissem carregar a bateria. Ou seja, passeios na natureza só muito curtos, ginásio nem vê-lo, viagens longas, adeus. E mesmo nos locais com fichas, tinha de me postar lá, feita poste, enquanto carregava. Imaginem estarem a ver uma exposição, e estar lá eu, encostada a uma parede, a olhar o infinito, com um carregador enfiado no pé descalço. Uma autêntica instalação moderna.

O meu maior medo era que, estando em casa, faltasse a energia. Ficaria estática, não morta, mas sem me conseguir mexer, até que alguém no mundo reparasse que a minha pessoa não dava sinais de vida. Provavelmente seria comida pelos gatos quando a ração escasseasse na tigela.

Sendo assim, o meu maior desejo era ser independente e passei a pedir powerbanks às pessoas pelo meu aniversário e no Natal. Só queria powerbanks, o mais potentes possível. Acordei, mas fiquei com uma imagem na cabeça do meu quarto atolhado de powerbanks até ao tecto e de ter desmaiado ao ver a conta da luz.




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Nem todos os meus sonhos são parvoíces estapafúrdias, há assuntos bem sérios a decorrer neste cérebro durante a noite!

O irmão dum amigo descobriu que tinha cancro, e toda a família decidiu ir fazer um rastreio. Vai na volta e a mãe do meu amigo, e ele próprio, também tinham. Criativo como é, e "bola prá frente", decidiu contar-nos através de uma banda desenhada feita pelo próprio, que recebemos pelo correio. Pese embora a obra de arte, fiquei triste, claro. 

Mais tarde, vejo o meu pai a folhear o pequeno livro e a choramingar. Questionando-o, descubro que ele pensava que eu era a visada do cancro. Meio que o descansei em relação à minha pessoa, "Pai, não é sobre mim, é sobre o D. Ele tem cancro. Uma merda." E não é que o homem desata num prato incontrolável? "Coitado do D., tão novo...", já a oferecer-lhe sentença de morte. E eu a pensar que a reação foi muito mais dramática do que quando ele pensava que era comigo...



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Estava dentro de uma casa (não era a minha e não sei onde era), e lá fora estava o caos instalado. Também não sei o porquê - era de dia mas o céu era de um cinzento escuro e sujo; as pessoas corriam e gritavam lá fora, sem rumo que me parecesse definido. Sentia-se no ar que algo estava para acontecer. Lembro-me de pensar que se estava bem era em casa, fechadinha, tranquila, observando pela janela e a comer (acho que era um gelado).

Nisto, ouve-se um barulho, primeiro ténue. Depois, começa a aumentar, como um avião que se aproxima. E do nada surge um carro que vem do céu, qual meteorito, e vai aterrar uns metros à frente de onde eu tinha o carro estacionado, sem lhe causar qualquer mossa. Mais uma vez pensei, que sorte, olha que bem se está em casa, nada me afecta, até o meu carro se safou por pouco.

Mas o céu parece abrir-se, e qual terramoto com réplicas, começam a cair motas, trotinetes, scooters, bicicletas... E estava-se mesmo a ver que um deles ia acertar no meu carro! Aí sim, comecei a panicar, pensando, porra, será que tenho seguro contra objectos locomotores que caem do céu? Mas, numa reviravolta surpreendente do destino, o Vin Diesel sai ileso do carro que se havia espatifado, entra no meu carro (sabe-se lá como, mas depois de 500 filmes de carros deve conseguir abri-los e ligá-los com o pensamento) e começa a desviar-se dos obstáculos que vão caindo, com extrema perícia. 

Resumindo, o meu carro foi o único que sobreviveu naquela rua, e não faço ideia porque é que foi o escolhido. No fim, ele estaciona no mesmo sítio onde o carro estava, e vai à vida dele. Eu continuo a observar à janela, comendo, e nem um gesto de agradecimento lhe faço. Acho que devo ter pensado, cabrão, pára masé de fazer filmes do Velocidade Furiosa, que já ninguém pode com isso. 




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Os zombies, no sonho, eram uma realidade. Tínhamos de conviver com eles, tal como estamos agora a lidar com uma pandemia. A mobilidade e a liberdade foram condicionadas, fomos aconselhados a ficar em casa e a denunciar suspeitos.

O grande problema era que, ao contrário do que vemos nos filmes e nas séries, estes zombies tinham um aspecto normal. Não andavam com a cara numa amálgama parecendo cera derretida, tinham a dentição completa, falavam em vez de emitir sons de estômagos e de instestinos e andavam normalmente sem ir contra as coisas que se mexiam. Não havia maneira de os distinguir dos humanos, senão já muito perto do fim das nossas vidas, quando eles revelavam as mandíbulas e as enterravam no nosso pescoço, arrancando pedaços de carne antes de nos comerem o cérebro, o fruto mais apetecido. Como tal, dissimulavam-se entre nós, trabalhavam nos mesmos locais, iam ao restaurante, usavam os transportes públicos, misturando-se no povo, seleccionando e atacando subtilmente as vítimas, sem testemunhas.

Ora, sendo quase humanos, era possível corrompê-los. Subornos a zombies era coisa normal, inevitável de acontecer, e quase todos tinham uma moeda de troca para oferecer em caso de ataque. Por exemplo, um rapaz foi poupado porque revelou a localização de um armazém repleto de trabalhadores precários a pernoitar em condições deploráveis. Resolveu esse problema, salvou a sua vida e ainda proporcionou pequeno-almoço, almoço e jantar para uma semana a uma família de zombies inteira.

Eles também aceitavam bens e dinheiro. Lá por comerem cérebros não queria dizer que não gostassem da boa vida, tal como qualquer um. Foi assim que me safei. Fiquei sem o meu carro, que não vale assim tanto, mas serviu para viver mais um dia. Toda uma preocupação e uma logística, enfim, uma maçada.




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No meu sonho já era possível viajar entre planetas. Estava na internet a decidir-me por uma viagem para fazer sozinha, e estava indecisa... Plutão, Vénus? Que escolher? Bem, vou mas é ao México. Decisão extraordinária.

No entanto, fui de foguetão, claro. Acontece que o foguetão fazia escala na minha terrinha, e aproveitei para dormir na casa dos meus pais. A minha mãe ajudou-me a fazer as malas (pormenor que virá a ser importante).

No dia seguinte, parti numa viagem extraordinária que durou menos de cinco minutos. O foguetão aterrou tranquilamente em Cancún. Ai, as águas, esta cor, a transparência, coisa linda.
Aluguei um quarto na casa de um senhor que vivia sozinho com o seu cão. O senhor pareceu-me de confiança, adoro animais, por isso pus-me à vontade, tomei um banho e fui vestir roupa lavada. Abri a porra da mala. A minha mãe, essa brincalhona, tinha substituído a minha roupa por vestidos de princesa, saias de tule cor-de-rosa, camisolas de unicórnios. Rais' partam. Sabendo perfeitamente a minha preferência por cores escuras, quis brincar comigo... mula.

Bem. Não há-de ser nada. Aqui ninguém me conhece, que se lixe. Optei por uma saia de tule e camisola de unicórnios. Sexy. Saí à rua para explorar as redondezas e testar a vestimenta. Uma merda. Toda a gente a olhar, a apontar. Gringa estúpida, diziam os seus olhares. Fiquei triste. Voltei à casa.

Parecia não estar ninguém. No entanto, comecei a ouvir um som. Vpzz, vpzz, vpzz... Entro numa divisão e vejo o dono da casa a fazer o amor com um aspirador. Vira-se para mim, e diz-me: "tenho um problema. Não consigo deixar de foder objectos". Diz-me isto, sem deixar de parar a cópula e com o semblante carregado de vergonha. E eu, em vez de ir correr porta fora, tentei ajudar.

"Mas como? Porquê? Já tentou pedir ajuda?" E ele ia-me respondendo, enquanto alternava objectos. Abriu um livro, fechou-o sobre o falo, e cá vai disto. Passou depois para um aquecedor que sabe-se lá como tinha um buraco. Pegou em duas frigideiras, apertou o membro entre elas e vá de fazer lume.

Se eu não tivesse acordado, tinha rodado a casa toda. Espero que o cão se tenha safado.



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