Os Ghost marcaram concerto no Porto, e eu, como fiel seguidora do meu Papa das trevas, decidi ir a pé da margem sul até ao Porto para dar mostras da minha fé. Não sei porquê, mas tinha imenso tempo livre neste sonho, não tinha sequer de tirar férias e decidi empreender viagem. O meu namorado ficou a tomar conta dos gatos e lá fui, apesar dos veementes protestos da minha mãe, que se opôs à minha empreitada.
Lá fui eu pelas estradas deste Portugal afora em ritmo apressado, apenas com água e barras de proteína dentro da mochila. Passadas umas semanas de intensa caminhada sem me sentir cansada e sem ter sequer uma bolha nos pés, como só acontece nos sonhos, ia eu para os lados de Santarém e pára um carro ao pé de mim. Sai de lá a minha mãe aos berros, com tupperwares na mão, a gritar. "Tens de comer! Tens de te alimentar como deve ser!", gritava ela. E estendeu-me jardineira. Fiquei danada, não só porque não conseguia estar em paz mas principalmente porque me fez um prato com carne. "Não respeitas as minhas decisões!", respondi-lhe. Lá se foi embora, a barafustar.
Quando cheguei ao Porto a primeira coisa que fiz foi ir buscar uma francesinha de tofu, que fui comer nas escadas da Sé em cima dos joelhos com talheres de plástico.
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