Sonhos marados #12 - paredes invisíveis
Estava eu a almoçar com o meu namorado à mesa da sala, e de um momento para o outro as paredes, o chão e o tecto ficaram invisíveis. Não só as da minha casa, mas de todo o prédio e de todo o bairro, até onde a vista alcançava. Conseguia ver para dentro das casas de toda a gente. Fiquei perplexa, e mais ainda quando me apercebi que era a única com este "poder". O meu namorado continuou a comer, os meus gatos continuaram de um lado para o outro.
E eu olhei à volta e comecei a reparar nas coisas que se estavam a passar. O meu vizinho de baixo estava de cuecas no sofá a ver a Júlia Pinheiro, com a sua barriga proeminente a servir de poiso para o comando da televisão. A mulher dele estava por perto a passar a ferro, e o filho de ambos estava a bater uma punheta no quarto. Graças a deus debaixo dos lençóis.
Do outro lado da rua, um casal gorducho fazia o amor. Na casa por baixo deles uma mãe deu um chapadão à filha. No prédio ao meu lado uma miúda fazia ioga seguindo-se por vídeos do Youtube. Olhei para cima - oh não - e a cinquentona flácida estava a fazer a depilação às virinhas com uma gilette.
Uma sensação de desamparo apoderou-se de mim (neste ponto, não sei se provocadas pela vertigem de não ter chão ou se pela visão monstruosa da selva púbica da vizinha) e acordei, com chão, paredes, tecto e tudo e tudo e tudo. Uf.
1 comentários
Que riqueza de pormenores :)
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