Atente-se neste artigo do Público, especialmente no 1º parágrafo:
"Sentir pouca realização pessoal no que se faz e um “cansaço extremo”. Experimentar um “aumento do cinismo” na relação com os colegas, uma espécie de desligamento “afectivo-emocional em relação às tarefas e ao trabalho”. Acumular stress há muito tempo. Tudo isto caracteriza o burnout — expressão usada pelos especialistas para falar de “esgotamento”."
Isto podia ter sido escrito acerca da minha pessoa. É exactamente assim que me sinto, e tenho a certeza de que muitos milhares de pessoas no país se sentem assim. E atribuo as culpas todas ao facto de não trabalharmos no que gostamos de fazer.
É tudo muito bonito ao princípio. Achamos que aguentamos, que somos capazes de fazer qualquer coisa, de nos desligar quando acaba o horário de trabalho e de separar a vida pessoal. Mas vai na volta, e após anos a fazer a mesma coisa, que em nada contribui para a nossa felicidade ou sequer de terceiros, sentimos o tal cansaço extremo. Custa a levantar da cama de manhã. As segundas-feiras pesam mais do que nunca. Passamos o dia todo a pensar na chegada do fim de semana. Sonhamos com uma vida alternativa em que fazemos algo que amamos e que nunca nos vamos cansar disso. E o ciclo vicioso renova-se.
O desligamento segue-se. Estamo-nos a marimbar para o que acontecer. Não há paixão no que se faz, a pouca chama do entusiasmo que alguma vez existiu foi-se. Podem chover urgências, pedidos, coisas para fazer, terramotos e chuva da grossa, que chega a um ponto em que nos estamos a cagar.
O cinismo em relação aos colegas é evidente. As diferenças entre nós aumentam. Tudo o que eles fazem ou dizem, irrita. Agradecemos por termos amigos, família, namorados, maridos, pessoas importantes, porque se tudo se resumisse àquela gente desinteressante, era depressão certa.
O stress e submeter-nos a ter um emprego qualquer, porque é o que há, vai acabar connosco. Antes do fim dos tempos, do armagedão, da revolta da natureza, do aquecimento global, vamos todos enlouquecer. E passar por este flagelo das sociedades modernas não faz sentido nenhum. A vida vai-se num suspiro.
1 comentários
Quem se sentirá realizado no trabalho? Mas lá terá de ser...
ResponderEliminarNos sonhos podemos ser felizes...