Anthony Hopkins é Anthony, um octogenário que está aos poucos a perder a noção da realidade. A demência é o prato forte do filme, apoiado por interpretações fabulosas não só do protagonista, vencedor do Óscar de Melhor Ator, como também de Olivia Colman, no papel da sua filha, Anne.
Vivemos o dia-a-dia de Anthony, experienciando os detalhes cada vez mais confusos que se passam dentro da sua cabeça. O próprio espectador não sabe o que é real, o que é uma mistura de vivências, ou o que é completamente inventado. Este pormenor é de uma delicadeza bruta, já que nos permite experienciar o que é ver o mundo através dos olhos de alguém senil - no fundo, colocarmo-nos no lugar do outro.
Começamos por ver um Anthony capaz de usar o humor e o charme para fugir à dura realidade, e até para desviar as atenções do assunto, mas depressa se torna devastador e de partir o coração. O facto de assistirmos a tudo na sua perspectiva torna tudo mais palpável e desperta-nos a empatia que podia faltar para compreender o que é o desmoronar de todas as nossas memórias, sentindo como nossas as suas dores.
Tudo isto suportado por um argumento maravilhoso, também vencedor de um Óscar. E que merecido. Aconselho este filme a todos - é uma viagem triste, sim, mas necessária, um autêntico abrir de olhos perante aquilo que nunca iremos verdadeiramente compreender.
Por fim, sinto uma necessidade extrema de agradecer ao Anthony Hopkins, por tudo o que ele foi e por tudo o que ainda é para o cinema mundial. Uma inspiração e um talento inesgostáveis, e este filme é, para mim, o ponto alto de uma carreira brilhante e um dos seus papéis mais humanos e inspiradores.
2 comentários
Mais uma vez, após leitura do post e ver o trailer, decidi ver o filme e que filme!
ResponderEliminarContinue a postar mais filmes, são sempre uma excelente escolha ;)
Fico contente por ter gostado! É mesmo daqueles imperdíveis :) Bons filmes!
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