Originais, meu amigo!

by - terça-feira, julho 29, 2008


«_Você julga que seria possível fazer o que faço se as mulheres engolissem a minha energia? - admoestou-me, com repugnância na voz. - Julga que se podem produzir filhos e histórias ao mesmo tempo? Que se pode inventar, imaginar, se se vive sob a ameaça da sífilis? A mulher e a arte excluem-se, meu amigo. Em cada vagina está enterrado um artista. Que graça tem reproduzir? Não o fazem os cães, as aranhas, os gatos? Temos de ser originais, meu amigo.»

in A Tia Júlia e o Escrevedor (1988) - Mario Vargas Llosa


Um homem e uma mulher anulam-se mutuamente. E, nas suas relações, há que fazer escolhas. Se existem ameaças à liberdade criativa ou a qualquer outro tipo de liberdade, essas escolhas tornam-se mais prementes. O que é suposto é conseguir conciliar tudo. Mas, quando não é possível, teremos de ser originais, porque pares, todos na natureza têm um, desde os tempos da Arca de Noé... E criações, essas, são muito mais raras. No fundo, o sexo oposto não é necessário, a não ser que se crie uma necessidade da outra pessoa tão grande, que torne a solidão impossível.

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3 comentários

  1. "No fundo, o sexo oposto não é necessário, a não ser que se crie uma necessidade da outra pessoa tão grande, que torne a solidão impossível."

    Não sei até que ponto isto é possível. Sim, podemos viver uma vida inteira sem a companhia do sexo oposto. Mas não nos sentimos completos, mesmo que não necessitemos de uma pessoa em especifico. Não fomos feitos para estar sozinhos. E o se o resto dos animais anda aos pares, os humanos não são diferentes. Mesmo sozinhos, não deixam de desejar encontrar o seu par.

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  2. É o amor algo real? Provavelmente se fosse dizer isto na praça pública seria apedrejado como sinal de reprovação do público e relação à minha questão, porém, sempre defendi que só acredito naquilo que vejo, toco ou cheiro, e o amor não se vê, não se toca e não se cheira.
    Será o amor algo real, ou apenas uma ilusão criada pela débil mente humana?

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