Pessoas estranhas #11 - a dançar como se ninguém estivesse a ver
Hoje no Metro estava a ler e pelo canto do olho apercebi-me de umas certas movimentações. Uma miúda dos seus 16 anos estava agarrada ao ferro (aquele tipo varão) a dançar à patroa, com os phones metidos, perdida no seu mundo.
Cabelo encaracolado indomável, óculos de aros cor-de-rosa, dentes grandes, alta e magricela, lá estava ela, dona daquilo tudo a mexer o corpito magro vendo-se no reflexo das portas. Estava ali a sentir mesmo a vibe, compenetrada. Não é que os passos fossem grande coisa, mas fiquei feliz porque dançar em qualquer lado como se ninguém estivesse a ver deve ser mesmo libertador. Dei por mim a invejá-la, ali a sacudir os seus males sem se importar com os olhares de soslaio. Que boa deve ser a sensação de ser-se alegre a fazer "figuras tristes".
Só que depois vi-a encolher os ombros, falar sozinha para o seu lado esquerdo onde não estava ninguém, sacudir a cabeça em sinal afirmativo, fez um adeus para o vazio, e pronto, afinal era só uma maluquinha. Mas dançar como se ninguém estivesse a ver deve ser bom à mesma.
3 comentários
Confirmo. É bom, sim senhora. E libertador. O meu palco mais frequente costuma ser o carro, nas viagens de e para o trabalho. Mas já o fiz em plena rua também... só me faltou a parte do amigo imaginário (thank god!)
ResponderEliminarVá, se headbanging contar como dançar também posso infiltrar-me nesta categoria :) *momentos de felicidade*
ResponderEliminarCá para mim essa "despedida" fazia parte do show. Tipo "beijinho no ombro"...uma vénia a quem assistia.
ResponderEliminarIsso ou então disse adeus à amiga que entretanto se sentou no canto oposto da carruagem a fingir que não a conhecia.
Seja como for "u go girl". Dança como se ninguém estivesse a ver e despede-se de quem não está lá. Coerente!