Os nobres salvadores da gaivota
A Joana e o Bruno são voluntários do núcleo do Porto da Animais de Rua. Passaram por um prédio devoluto e repararam numa gaivota à janela. No dia seguinte estava lá outra vez e perceberam que não conseguia sair de lá. Falaram com vizinhos, que confirmaram que a gaivota estava lá há três dias mas não sabiam o que fazer.
Os voluntários mexeram-se e rodearam o prédio para ver se havia entradas. Como não havia, falaram com a polícia que conseguiu o contacto da dona do prédio, que disse que passava por lá mas não apareceu. Um dos agentes foi falar com os trabalhadores de uma obra nas imediações e estes puseram à disposição uma grua. A PSP parou o trânsito para que pudessem operar a grua e conseguiram entrar pela janela do primeiro andar. Finalmente chegados ao animal, cobriram a gaivota com uma toalha e trouxeram-na para a rua.
Tudo foi testemunhado por várias pessoas que emocionadas e a aplaudir viram a gaivota beber água durante 10 minutos e a comer. Aos poucos, recuperou as forças e por fim voou rumo à liberdade. Não teria sobrevivido mais um dia.
Acções como estas dão-me esperança na humanidade. Todos os dias há histórias de maus tratos, abandonos e outros crimes praticados contra animais e histórias como estas enchem-me o coração. Muitos (a maioria) vão dizer que "é só uma gaivota", mas para mim, para a Joana e para o Bruno, para os agentes, para os trabalhadores da obra e para os que assistiram e deram força, era uma vida. E uma vida merece respeito, atenção e cuidado. Ainda mais me emociona o espírito de entreajuda e a colaboração de toda a gente em prol daquele ser que só soube pedir ajuda com o olhar. A compaixão imperou e impediu a morte lenta de um animal inocente.
Obrigado Joana e Bruno por não desistirem, obrigado aos agentes que se preocuparam, obrigado aos trabalhadores que ajudaram. Vocês são heróis. Obrigado pelo final feliz, tão raro nos dias de hoje.
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