Inferno

by - sexta-feira, agosto 23, 2013

Este ano já morreram três bombeiros enquanto enfrentavam os já habituais incêndios de verão no nosso país. Morrer queimado não é uma morte rápida e indolor. É sofrer o inferno na pele, sufocar, sentir os pulmões a encolher e perceber, numa consciência que dura demasiado tempo, que não há escapatória. Tudo terminou, ali.
Sei que chega a esta altura do ano e finalmente todos olham para os bombeiros com olhos de heróis. Morrem e ficam feridos a tentar proteger a nossa terra, numa bravura audaz que os enaltece. Dão todas as horas dos seus dias em prol de outrem e os noticiários, que não têm mais nada para transmitir na silly season, aproveitam a deixa e vestem a capa de super-heróis aos bombeiros.

Só que eles são super-heróis todo o ano. Quando não estão a apagar fogos, muitos deles começados por mentecaptos desocupados, estão a dar assistência médica, a ajudar idosos, a evacuar alguém numa situação perigosa, a prestar auxílio em inúmeras situações e por aí além. E isto tudo sendo voluntários e ganhando uma miséria para desempenharem tais funções.

Um bem haja a estes heróis sem capa que neste país não têm a atenção devida, não tanto do povo, mas das altas instâncias, políticos, dirigentes e do poder local, que preferem andar a tapar buracos nas estradas em altura de eleições do que dar alguma coisa a quem já dá tanto de si.


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