O dia em que mandei o telemóvel pela janela do 4º andar

by - domingo, novembro 23, 2014

Quando chega a altura de receber o subsídio de Natal ou de férias (embora seja curto porque recebo duodécimos) esfrego as mãos de contente porque finalmente posso dar-me um mimo. Sim? Não!

Nos últimos anos essas quantias foram gastas em despesas de saúde e a substituir equipamentos que nessa altura decidem morrer. Parece que as circunstâncias da vida estão à espera desses momentos em que poderia ter eventualmente algum dinheirinho de lado para gozar comigo.

Recebi o meu subsídio de Natal há três dias e, não querendo desafiar a má sorte, planeava não sair de casa durante um mês para não me cair uma telha em cima ou furar algum pneu.
Mas parece que não preciso de sair de casa para o azar bater à porta.

O meu namorado está sempre a insistir comigo para sacudir as mantas do sofá, porque têm pó, pelos de gatos, e sempre a queixar-me, lá procedo às sacudidelas na janela.

Estava eu distraída com os gatinhos a brincar no meio das mantas, quando levo uma delas - a última - para a janela, sacudo-a, e ouço um objecto estranho a bater na janela dos vizinhos e a estatelar-se no chão lá em baixo. Ainda pensei: "Ahah! Algum vizinho deixou cair o telemóvel, olha ali uma bateria no meio daquela poça de água." Foram precisos uns 20 segundos para a minha mente aceitar que eu acabava de fazer aquilo.

Assassinei o meu telemóvel. Mandei-o do 4º andar. Ele estava enrolado numa manta, e eu, no meu perfeito juízo, vou sacudi-la na janela e mato-o.

Lá ponho uma capa para a chuva por cima do meu pijama cheio de buracos e desço os 4 andares que me separam do defunto. Quando vejo que o ecrã não tem mazelas (boa, Samsung!) ainda tenho alguma esperança, mas quando olho para a bateria afogada e toda torta perco a esperança, e ao que parece a parte de trás do telemóvel ficou presa em cima do letreiro do café por baixo da minha casa.

Portanto, parece que vou continuar com pijamas rotos e botas sem sola mais um Inverno.


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