Não te conhecia bem, Mauro. Cheguei a conhecer, em tempos idos. Quando eramos adolescentes maltrapilhos e achávamos que tínhamos todo o tempo do mundo. E hoje morreste.
Éramos da mesma turma no 9º ano e lembro-me do teu ar de rufia. Faltava-te um dente da frente, eras magrinho, parecia que tinhas bichos carpinteiros, não paravas quieto um segundo. Sempre a disparatar, sempre a ser respondão para os professores, sempre a refilar com tudo e fazendo frente a toda a gente. Eu ria-me das piadas parvas, das palhaçadas que fazias, e deixava-te copiar nos testes. Depois, lá ias tu de bike para casa. Simpatizava contigo. Tinhas piada.
Depois, o tempo e a distância encarregarram-se de nos afastar. Não fazia ideia que o filho da puta do cancro te tinha atacado. Lamento muito. Lamento que te tenha calhado a ti, tão novo, quando eu me lembro de ti tão vivo. Apesar de não falarmos há tanto tempo, o choque chegou à mesma e hoje é um dia triste.
Adeus, rufia.
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