Se eu soubesse o que sei hoje...

by - quarta-feira, julho 15, 2015

Este post é dirigido aos adolescentes em fase de escolher aquilo que querem estudar. Escolham sempre algo de que gostem realmente. Não vão nas conversas das saídas profissionais e não avancem com as vossas escolhas baseadas no desemprego actual ou em estatísticas de trazer por casa. Encontrem aquilo que amam fazer, e se o fizerem com dedicação o mundo estará à vossa espera.

Quando escolhi tirar o meu curso foi totalmente a pensar no futuro, nunca no presente. Pois agora, no presente, estou profundamente arrependida. Nunca me faltou trabalho, felizmente, mas falta-me emoção e sentir-me completa. Falta-me vontade para continuar a fazer uma coisa que gosto mais ou menos, cuja única motivação é a monetária.

Podem dizer-me que trabalho é apenas isso, uma forma de contribuir para a sociedade que me dá de volta as condições essenciais à sobrevivência. Mas é mais do que isso. É lá que passo a maior parte do meu tempo, deixo os meus gatos em casa para ir para lá, deixo de estar com os meus amigos e família para ir para lá, deixo de conhecer o mundo para ir para lá. Por isso é bom que se goste de estar lá.

Quem me dera ter ponderado mais sobre o assunto, na altura em que podia fazer escolhas livremente e sem medos. Mas fui demasiado adulta e ter uma vida estável pesou mais do que ter uma profissão que me fizesse feliz. Podia ter pensado que o meu amor por animais se podia ter tornado uma profissão, ou o gosto por desporto, pela natureza, por actividades ao ar livre, pela música ou fotografia. Mas não.

Embora não seja tarde para mudar (nunca é), é mais difícil. Agora tenho responsabilidades e não posso deitar tudo ao ar para seguir um sonho. Devia ter pensado nisso antes. Resta-me esperar por alguma oportunidade, ou conseguir criá-la e caminhar para lá devagarinho. Até lá, vou aturando as vicissitudes do corporativismo e do consumo de massas que já odeio profundamente e que me vai deixando marcas no corpo e no espírito dia após dia.

Por isso, rapaziada, pensem bem. É normal nas vossas idades pensarem que conseguem aguentar qualquer coisa, mas lembrem-se que nada dura para sempre. E na altura crítica das vossas vidas vão querer sentir gratificação e alegria naquilo que fazem todos os dias para sobreviver. Sei que agora esta conversa pouco faz sentido, mas vai fazer.


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