Quem nunca apanhou um(a) gajo(a) a meter música no meio da rua, ou nos transportes, ou noutro sítio público qualquer, em altos berros, a incomodar toda a gente, que atire o primeiro beat.

Estas criaturas que não respeitam o espaço sonoro alheio poderão ou não usar aquelas "calças" cujo cós está milagrosamente equilibrado entre o fim do cu e o altinho a que chamam pénis, ténis demasiado grandes, caps, e ter as pupilas levemente ou bastante dilatadas.

A poluição sonora varia consoante a proveniência, etnia, género, idade, mas a coisa não varia muito entre o trance psicadélico e kisomba. O instrumento também varia - pode ser um simples telemóvel até às potentes colunas que transportam sabe-se lá como, que os carochos normalmente são para lá de magricelas. Curiosamente, quem faz esta merda tem sempre um gosto musical duvidoso. Nunca vi ninguém nestes preparos a passar Beethoven, nem sequer uns Queen, Led Zeppelin, uma Ana Moura ou Marisa.

Mas ora que fiquei deveras surpreendida quando, esta manhã, a caminho do comboio, vejo um carocho com o seu rádio pela mão, aos altos berros, numa ruazinha da Margem Sul, a ouvir nada mais nada menos que as notícias. Deu para perceber que falavam de qualquer coisa relativa à Comissão Europeia, mas o meu choque e a rapidez da situação não deram para prestar maior atenção.

Ou os tempos estão a mudar; ou o rapaz é um daqueles nerds que se quer integrar e ainda não sabe como, fazendo figura de parvo; ou o gajo esqueceu-se dos CD's e teve de pôr num posto qualquer, e ali não apanha a RFM Kisomba.