Árctico (2018)

by - quinta-feira, julho 11, 2019


Árctico é um filme de 2018 protagonizado por Mads Mikkelsen. Pronto, o selo de qualidade está garantido, podemos acabar por aqui. É verdade que o dinamarquês "me encanta", mas o filme é mais do que o Mads. Mas não muito mais, porque todo o peso da trama recai nos seus ombros.

Ele interpreta um piloto cujo avião se despenhou algures no Ártico. Completamente sozinho num cenário branco de neve, suportando o frio imenso, vai sobrevivendo dia após dia pondo em prática as suas skills de sobrevivência. Este é um ponto que diverge dos outros filmes do género. Normalmente, os personagens que se veem nestas situações vão sobrevivendo (ou não) por tentativa e erro, fazendo inúmeras coisas erradas. Aqui, Overgård faz tudo bem, mas não é suficiente. Todos os dias, limpa a área de SOS, carrega um rádio manualmente na esperança de obter algum contacto, verifica os iscos feitos com canas improvisadas com as quais vai apanhando peixe.

Não sabemos há quanto tempo ele está ali, mas a rotina repete-se. Até ao dia em que é quebrada pela queda de outro avião... Dos dois tripulantes a bordo, uma mulher ainda respira. Overgård leva-a consigo para o seu avião caído, trata-lhe os ferimentos, dá-lhe de comer e beber quando ela tem períodos de semi-consciência. Vai falando com ela, mas dado o seu estado grave e diferente nacionalidade torna-se quase um monólogo. Depressa toma consciência de que, para ajudá-la a sobreviver, terá de sair dali. Terá de carregá-la e contar apenas consigo próprio e com um velho mapa para tentar chegar a um ponto onde pensa que conseguirá ajuda.

Assim, puxando um trenó onde carrega esta desconhecida mulher deitada, aventura-se numa difícil e longa caminhada que é uma ode ao homem versus natureza.

A beleza deste filme reside em muitos pontos. Um dos mais óbvios são os cenários fantásticos, o branco sem fim das montanhas, as intempéries, a mãe natureza arreliada. Outro, é, claro, o Mads. Esta tem de ser uma das interpretações da sua vida. Para além de carregar o filme às costas, fá-lo impecavelmente e com um evoluir de emoções que assusta. Começamos por vê-lo resignado, calmo, solitário, mas competente, nas suas tarefas, assistimos ao evoluir da sua empatia por aquela mulher e acabamos por vê-lo numa luta desenfreada e sofrida pela sobrevivência de ambos.

É um dos melhores filmes de sobrevivência que irão ver, dramático, intenso, com uma cinematrografica fantástica, com um Mads de peso, num filme quase silencioso mas que transmite emoções até quando o céu muda de cor...


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