"Admiro os viciados. Num mundo em que está toda a gente à espera de uma catástrofe total e aleatória ou de uma doença súbita qualquer, o viciado tem o conforto de saber aquilo que quase de certeza estará à sua espera ao virar da esquina. Adquiriu algum controlo sobre o seu destino final e o vício faz com que a causa da sua morte não seja uma completa surpresa."
Chuck Palahniuk, in "Asfixia"
Um vício não pode ser apenas encarado como um malefício. É um hábito. Seja prejudicial à saúde ou não, embaraçoso, ou estranho, o vício é uma certeza. Já existem tão poucas certezas nesta vida, que nos agarramos ao que conseguimos para manter a sanidade. Neste mundo louco, onde já se morre por tudo e por nada, e onde não se está seguro em nenhum lugar, para quê levar uma vida imaculada? O vício garante-nos alguma estabilidade, e o momento em que dele desfrutamos é apenas nosso. Está ali, seguro, não nos deixa ficar mal. É claro que o objectivo não é arruinarmos o corpo e a mente, como em tudo, há que manter o controlo.
Viciemo-nos e esqueçamos por momentos tudo o que não podemos controlar.