Ora na Áustria, uma ciclista profissional foi atropelada enquanto andava de bicicleta perto da cidade de Graz. Ficou com um braço partido, e o condutor do automóvel deu-lhe com um tronco na mona e levou-a para uma casa isolada no campo.

Nathalie acordou nua, sentada e amarrada a um cadeirão, e sofreu maus tratos severos. O raptor chegou a tentar afogá-la numa banheira. É uma daquelas situações doentias que infelizmente é cada vez mais recorrente neste mundo de merda. Um autêntico filme de terror para a jovem mulher, que no entanto foi mantendo o sangue frio.

Dentro deste cenário horrível até para o cinema, o mais insólito foi o modo como a mulher se conseguiu safar. Vendo que o gajo tinha muitas orquídeas em casa, começou com falinhas mansas apregoando o seu gosto por plantas. E assim, o cabrão foi mudando, ficando menos agressivo, conversando sobre a sua paixão sobre jardinagem e, aos poucos, abrindo-se e contando episódios traumáticos sobre a sua vida.

Já nas boas graças do raptor, Nathalie conseguiu convencê-lo a deixá-la ir embora, que ia fingir que tudo não tinha passado de um acidente e deixando-o de fora do episódio. Tudo acabou na graça do senhor, ele até a levou a casa, qual Uber do darkside e, graças aos dados GPS da bicicleta, a polícia conseguiu localizá-lo, e agora o homem (que tem problemas mentais) está preso.

Apesar disto não ter piada nenhuma, não consigo deixar de pensar que todos têm o seu ponto sensível e que muitas histórias que acabam mal podiam ter tido outro rumo se este fosse descoberto. Imaginemos que o raptor era vegan... Poderíamos dissertar sobre os perigos da carne, o impacto ambiental da pecuária, o sofrimento dos animais e, quem sabe, dali a um bocado estaríamos felizes a comer um hamburger de feijão.

O ponto é encontrar as causas e gostos destas pessoas. Ir fazendo perguntas como "então, este aquecimento global, hein?", ou "gosto tanto de gatos e tenho saudades do meu... tens animais?", ou, dado o contexto, podemos fazer uma lista dos nossos filmes de terror preferidos - ele(a) há-de gostar de algum, já que as ideias tiveram de surgir de algum sítio. "Este Chucky, a maneira como espeta a faca vezes e vezes sem conta... espectacular, não?", ou "o Leatherface tem mesmo jeito para esventrar gente com uma serra eléctrica, é que aquilo tem ar de ser difícil manejar".

Normalmente estas pessoas violentas têm muitos ódios e é normal que sejam homofóbicas, racistas, xenófobas, e por aí fora. Como tal, se forem pretos, podem insultar os "paneleiros de merda". Se forem gays, podem dizer que "os pretos deviam morrer todos". Ele(a) há-de odiar alguém mais do que vos odeia a vocês. No entanto, neste contexto, se forem negros, homossexuais, muçulmanos, e do sexo feminino, esqueçam, estão fodidos. Aceitem a morte, as minhas preces estão convosco. Agora fiquei com vontade de comer um hamburguer de feijão.