Bird Box (2018)

by - quinta-feira, janeiro 03, 2019


A parte boa desta geração Netflix em que vivemos é que chegam até nós muitos e bons filmes, com imensa gente talentosa envolvida. É o caso de Bird Box, de Susanne Bier, protagonizado por Sandra Bullock e com a participação de John Malkovich e Sarah Paulson. A parte menos boa é que a quantidade traz, por vezes, ideias que já vimos em algum lado, a originalidade perde-se e temos cada vez mais dificuldade em filtrar o que nos vem parar às mãos.

Não obstante, este é um dos filmes que vale a pena ver, apesar de algumas falhas no argumento e da incapacidade de se encaixar na categoria de "terror", como foi apregoado. Suspense, thriller, aceito.

O filme passa-se num futuro apocalíptico onde, de repente, a população começa a suicidar-se sem explicação. A vontade súbita de morrer causa o caos e torna o início do filme muito dinâmico e prometedor. Esta parte em que o problema ainda é desconhecido e em que pessoas, estranhas, partilham o mesmo espaço, as mesmas dúvidas e medos é de facto interessante. Conforme o avançar da narrativa, vão percebendo que o problema está no olhar - quem abre os olhos fora de portas começa a ver coisas que levam ao suicídio. O quê, não sabemos, pois só temos pequenos vislumbres de movimentos e sombras.

Tudo isto passa-se ao jeito de flashback - no presente, Malorie (Bullock) tenta levar duas crianças para um lugar seguro, e propõe-se a atravessar um rio, numa floresta densa e isolada, durante dias, com os olhos vendados. Ela, e as crianças. E apesar da coragem demonstrada e da experiência adquirida, há um sentimento de impossibilidade que se cola a nós, e não podemos deixar de pensar, "yeah right".

Mas isto sou eu que sou incrédula, e considero-o um bom filme, com um leque de actores excelente, uma boa fotografia, e que consegue criar momentos de intenso suspense, que acaba por nos deixar agarrados até ao final. Não deixamos é de pensar nos filmes recentes do género - ainda há pouco tempo saiu um tal filme em que não se podia falar, outro antes desse em que não se podia respirar, agora não se pode ver, estará para vir aquele onde não se pode tocar, ou onde o chão é lava.

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