As coisas que se aprendem #102 - Eça é grande cena no Recife
No livro "Crime nas Correntes d'Escritas", de Germano Almeida, há uma personagem, uma autora brasileira, que enfatiza de forma veemente a importância de Eça de Queiroz no Brasil, em especial no Recife. Como o livro, apesar de ficção, se basear em eventos e em escritores reais, fui pesquisar o quão real esse impacto seria. Ora vejamos:
- Existiu a Sociedade Eça de Queiroz do Recife, dedicada à memória do autor, onde eram organizadas palestras, jantares e debates.
- Na Madalena existe a praça Eça de Queiroz, que foi reabilitada e recebe eventos culturais.
- Há uma relação afetiva criada na infância, pois a sua ama Ana Joaquina era natural de Pernambuco. Foi muito impactante nos seus primeiros anos de vida, visto que os seus pais não lhe ligavam nenhuma.
- Perguntei a um amigo do Recife, que confirmou que estudou O Primo Basílio como conteúdo paradidático obrigatório. É habitual livros de Eça saírem nos exames.
- Um dado curioso é que a estátua de Eça que existe na Póvoa de Varzim, sua terra natal, foi oferecida por poveiros a viver no Brasil (e não pelo Estado Novo, como alguns pensam), e essas comunidades contribuíram muito para a divulgação e adoração ao escritor.
Por último, quero enfatizar aquele que para mim é o dado mais incrível de todos - um recifense fanático mandou fabricar um rótulo de coleção, comemorativo, para uma marca de cigarros slim com a inscrição "ao illustre escriptor portuguez Eça de Queiroz". Nada grita tanto "dedicação" e "adoração" como meter o grande Eça no meio de dois bebés nus a segurar uma moldura para os Fumos Escolhidos de Pernambuco.
Portanto o veredicto final é verdadeiro - Eça é grande cena no Recife. E aprendi isso num livro de um cabo-verdiano. A língua portuguesa é incrível e liga-nos mais do que possamos pensar ou admitir.

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