Vergílio Ferreira IV

by - domingo, janeiro 24, 2010


"360: (...) Porque não foi a pífia verdade que te sustentou o fazer. E todas as mais razões que procurasses não seriam razões de o serem. É outra coisa, outra coisa. Uma subtil tristeza melacolia de se estar. Uma vontade oculta de teres onde reclinar a cabeça. Uma certa completude em simplesmente olhar ouvir. E entremeado a isso uma
meditação sobre nada, o prazer do abandono a uma oculta pacificação. O estar-se bem só por se estar."

in "escrever"


O descanso. O poder estar, e desfrutar desse estado de observação plena. Observação essa que atinge todos os sentidos. Visualizar os sons e as coisas que tocamos ou cheiramos. Ou não sentir nada. Estar, só. Para se estar, é necessária uma calma, uma paz, um poiso, uma harmonia, um estarmos connosco, também. Deixarmo-nos ir, não comandantes do nosso barco sem leme, antes passageiros confiantes no nada que nos guia. Raro é deixarmo-nos recostar em barcos-fantasma, embalados ou não por pensamentos que vão e não voltam. A melancolia é necessária, concluo. A beleza tem concerteza uma costela de melancolia, de solidão, de vivacidade pacífica, de abandono consciente e de contemplação medida. Onde o que é, o é, só por ser.


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1 comentários

  1. "Deixarmo-nos ir, não comandantes do nosso barco sem leme, antes passageiros confiantes no nada que nos guia."

    Lindo.

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