Sonhos marados #45 - a traição

by - quinta-feira, fevereiro 28, 2019

O sonho começou com um grande vendaval - tão grande que, espreitando pelas janelas, víamos as pessoas voar e a serem atiradas para todos os lados. Tirei, inclusivé, uma foto espectacular de uma senhora loira e magra, agarrada aos seus sacos de supermercado, voando por entre edifícios, com os seus cabelos longos em rodopio, mas com uma grande calma aparente reflectida no rosto. Acho que estava a aproveitar o vento para ir para casa a voar sem usufruir dos transportes públicos àquela hora de ponta que, como todos sabem, são uma chatice maior do que todos os ventos e vendavais juntos.

Achei a minha foto digna de capa da National Geographic e fui para casa, desejosa de a mostrar ao meu namorado. Qual o meu espanto quando abro a porta do quarto, e o vejo todo nu, sentado, à minha espera, com dois calmeirões ao lado, também nus, estendidos na cama, naquele repouso suado que se segue ao esforço sexual.

Não foi preciso ele dizer nada - o cheiro a sexo era palpável, e sabia o que ele tinha feito. Ele estava à minha espera para me contar, e fê-lo com uma cara de pau e com uma conversa fácil que manifestava a sua opinião de que, como tinha sido com gajos, não era traição a sério.

Fiquei triste com a situação, manifestei a minha raiva, gritei, mas no fundo, mesmo sendo um sonho, apercebi-me que a minha mágoa aconteceu mais por ele não me ter convidado para a festa do que propriamente pela traição. Os sonhos são tramados.



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