Não ficar triste por coisas que não merecem sequer a minha atenção.
"I'm an animal
Trapped in your hot car
I am all the days
That you choose to ignore
(...)
I only stick with you
Because there are no others"
Radiohead - "All I Need"
in In Rainbows (2007)
Eu penso que preciso. Mas não preciso, eu dependo. Porque apesar de não conseguir imaginar-me de outra maneira, eu sei que conseguiria suportar. Mas a ideia, agora, parece-me insuportável. E estou bem mas sinto-me como um animal preso dentro de um carro, no Verão, com as janelas fechadas. Estou bem, mas sinto-me sozinha e queria ir lá saber, perguntar, a toda a hora, se fui esquecida ou se estou a ser ignorada. Mas há apenas uma razão - os outros para mim, morreram, há muito, e és, erradamente, uma ilha que construí na minha cabeça e de onde não consigo escapar.
"All that is now
All that is gone
All that's to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.
'There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it's all dark.'"
Pink Floyd - Eclipse
in The Dark Side of the Moon (1973)
Tudo está em harmonia. Tudo está iluminado pelo sol. Olho pela janela e os seus raios batem igualmente nos rostos, nos edifícios, nos carros que passam. Tudo está em harmonia. Há quem esteja a fechar os olhos neste momento, queixo inclinado para cima, a sentir o prazer do calor do sol de inverno nos poros do rosto. E tudo está em harmonia. As árvores fazem a fotossíntese em silêncio, também banhadas pela luz. Tudo em harmonia. Tudo funciona e nada questionamos. Está sol lá fora.
Quando está sol quase ninguém se lembra da lua. Não nos preocupemos. Não há que ter medo e indagar sobre o que estará escondido no seu lado escuro. Esqueçam. Toda ela é escura. Assim como a vida. Levamos com os raios ultravioleta na cara e está tudo bem, iluminado, claro, quente. Não passa de uma tela que transmite um filme à frente dos nossos olhos desde que nascemos até ao destino final. Todos temos um lado negro. Todos já demos conta que ele existe. Todos já fizemos tentativas de o esconder. Todos temos medo. Estamos todos na escuridão.
E lá vamos continuando, em harmonia, dando vivas ao sol, enquanto a derradeira hora, que pode ser agora, nos levará finalmente para a escuridão a que pertencemos e onde todos, sem excepção, iremos parar.
Querido Pai Natal, que merda é essa de, no espaço de uma semana, me oferecer 3 fantásticas prendas: duas costelas deslocadas, a possibilidade de ter uma hérnia na coluna e uma infecção no pulmão? Fui uma menina má? Que eu saiba não fiz nada de mal. E há violadores de criancinhas que concerteza gozam de uma saúde melhor do que eu. E para além do incómodo das dores e mau-estar, a minha carteira está muito mais leve depois de quatro médicos e dezenas de medicamentos. Ah! E ainda faltam os raios-x e a TAQ. Se calhar a sua preocupação é que a minha carteira fique mais leve, para não andar tão mal da coluna, e eu é que ando a perceber mal as coisas, peço desculpa!
Ou então é alguma alminha bondosa que me anda a desejar que todas as maleitas do mundo me caiam nas costas. Mau-olhado. Makumba. Voodoo. Não sei! Mas se for esse o caso, espero que essa pessoazinha morra empalada com um pau enfiado do rabo até à boca e que seja grelhadinha ao género de leitão na brasa.
Caso não seja esse o caso, só queria deixar então um recado ao Pai Natal:
Best Christmas ever!
Ou então é alguma alminha bondosa que me anda a desejar que todas as maleitas do mundo me caiam nas costas. Mau-olhado. Makumba. Voodoo. Não sei! Mas se for esse o caso, espero que essa pessoazinha morra empalada com um pau enfiado do rabo até à boca e que seja grelhadinha ao género de leitão na brasa.
Caso não seja esse o caso, só queria deixar então um recado ao Pai Natal:
Best Christmas ever!
Não posso deixar de comunicar o meu orgulho e contentamento pelo sucesso do primeiro concerto de Rammsteil. Como ajudante / assistente / maquilhadora / manicure / fotógrafa / videógrafa, etc, estou totalmente babada por todos eles. Mas é claro que não posso deixar de salientar o meu menino, super sexy com as minhas perneiras enfiadas nos braços, e todo desembaraçado em palco. Venham mais concertos, mas atenção groupies, estou de olho em vocês! :)
"She is everything to me
The unrequited dream
A song that no one sings
The unattainable
She's a myth that I have to believe in
All I need to make it real is one more reason.
(...)
She isn't real
I can't make her real."
Encontrar palavras de afecto nas letras das músicas de bandas que são consideradas pelos puritanos quase como o "anti-cristo", agressivas, pesadas, enfim, é muito habitual. Penso que conseguem colocar as coisas de outra maneira que os românticos nunca conseguirão, e dar um sentido poético, e ao mesmo tempo, negro, do amor. Sem enfeites ou brejeirices. E esta música tira-me do sério. É de uma sinceridade tamanha que, apesar de dizerem que "ela não é real", é como se estivesse bem presente aqui, ao meu lado, e a conseguisse tocar. Ele é que não. E isso aflige-me. Só queria dizer-lhe para continuar a tentar...
"Life is a sexually transmitted disease"
R. D. Laing
É sempre bom quando se sabe, no mesmo dia, que duas bandas que gosto muito vêm a Portugal. "Gosto" é dizer pouco, os Metallica são a minha banda favorita. Quando aos Coldplay...gosto, muito. Por isso, espero ter dinheiro para um eventual passeio à Invicta :) Quanto a Lisboa, lá estarei certamente, James =)
"Must be a devil between us
or whores in my head
whores at the door
whore in my bed
but hey
where, have you been?
if you go i will surely die.
we're chained."
Pixies - "Hey"
Estamos acorrentados, sem correntes, sem o aço, sem cadeados ou chaves. É mais imaterial e mais forte do que tudo isso. Venham as "whores" todas desta vida, a ver se conseguem quebrar as correntes. Bem... há o ácido corrosivo. Uma machadada bem forte. Uma serra eléctrica. Metaforicamente falando, claro. Ficam as dicas.
"Most people have seen worse things in private than they pretend to be shocked at in public."
Edgar Watson Howe
Há quem se finja chocadíssimo com determinado assunto quando está em público, mas que em privado já fez / assistiu a coisas bem piores. São aquelas pessoas do género que ficam escandalizadas com imagens de pessoas a ter relações sexuais, mas que têm uma colecção de pornografia guardada no computador, que inclui todos os fetiches mais psicóticos e mais alguns. Aquelas pessoas que dizem "coitadinha daquela que leva nos cornos do marido", e que em casa arreiam na mulher / filhos / marido (sim, que eles também já levam) como se não houvesse amanhã, nem hoje, nem ontem. Cada um tem a vida que quer ter, e faz o que quer na privacidade da sua casa, mas por favor, falsos moralismos é que não. Todos temos podres, alguns de nós grandes podres, e... who cares? Sejam vocês próprios e não mintam para os outros nem para o espelho, a vida é tão mais tranquila quando se lida com a verdade.
Escolher entre saber e ser-se ignorante parece uma escolha fácil. Mas não é. Às vezes sabemos mais do que devíamos. Sabemos o que não queríamos saber. Coisas que moem, chateiam, nos alteram o dia, e fazem com nada do que façamos satisfaça. Coisas que não saem da cabeça. Coisas que se colam ao corpo e à cabeça, que não nos deixam dar um passo sem nos lembrarem da nossa miséria.
No que depender de mim, não deixarei mais essas coisas entrar. Prefiro resignar-me com a ignorância e ser um bocadinho feliz, do que saber e martelar hora após hora, dia após dia. Sei lá eu se vou estar aqui para a semana, ou amanhã, e não quero passar os meus últimos dias preocupada e com um peso nos ombros que me faz quase rastejar, junto ao chão, porque já nem a cabeça consigo levantar.
No que depender de mim, não deixarei mais essas coisas entrar. Prefiro resignar-me com a ignorância e ser um bocadinho feliz, do que saber e martelar hora após hora, dia após dia. Sei lá eu se vou estar aqui para a semana, ou amanhã, e não quero passar os meus últimos dias preocupada e com um peso nos ombros que me faz quase rastejar, junto ao chão, porque já nem a cabeça consigo levantar.