Mid90s (2018)

by - quarta-feira, janeiro 09, 2019


Mid90s é a primeira longa metragem dirigida por Jonah Hill - e que estreia! Conta a história de Stevie, um rapaz de 13 anos a crescer nos anos 90, e a sua saga para pertencer a algum lugar. É claro que a minha geração, que também era criança / adolescente nessa saudosa década, vai imediatamente criar laços com a película - só de olhar para as roupas, as cassetes, as bandas que o puto ouve, e até o facto de se brincar na rua, sem telemóveis e outras porcarias - ficamos emocionalmente colados.

Stevie está naquela idade parva em que já não é uma criança e está longe de ser um adulto. Tem um irmão mais velho que lhe dá umas sovas de vez em quando e não lhe vemos amigos no horizonte. Ele admira os skaters que vê na rua - rapazes mais velhos do que ele, que se vestem e agem de modo peculiar, à margem da lei, que estão sempre rodeados de outros rapazes e raparigas que os admiram. E, é claro, quer ser como eles. Até que arranja coragem para, um dia, se lhes juntar num spot onde aqueles costumam parar e, a pouco e pouco, vai impondo a sua presença, e ganhando o dia, quando eles se dignam a falar com ele ou a pedir-lhe qualquer coisa.

É enternecedor ver a alegria do miúdo quando consegue a atenção dos rapazes mais velhos; é assustador ver como irá contra a família, especialmente contra os ensinamentos da mãe, para agradar aos novos amigos; e, porque o filme é muito bem feito, acabamos a torcer por ele em todas as etapas em que o acompanhamos.

Tudo isto é contado numa narrativa que prima pela simplicidade e crueza. É a história de um miúdo de um bairro normal e todos conseguiremos encontrar um fio que nos une a ele - e um clique faz-se na nossa cabeça porque também passámos por coisas similares. Não há detalhes desnecessários nesta história, o fio condutor é perfeito, levando-nos a rir e a ficar de lágrima ao canto do olho.

A banda sonora é da autoria de Trent Reznor e Atticus Ross, o que é um selo de qualidade prévio. O casting é perfeito e por momentos nem parece que estamos a ver um filme, mas sim cenas da vida real. Poucos filmes me encheram as medidas como este. É um retrato honesto, refrescante, sentido, uma estreia surpreendente de Jonah Hill.

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