Bohemian Rhapsody (2018)

by - quarta-feira, novembro 14, 2018


Fui ver o Bohemian Rhapsody ao cinema e saí de lá feliz. É claro que sou suspeita - os Queen são uma das minhas bandas favoritas de sempre e o Freddie Mercury é um dos mais importantes heróis que carrego junto ao peito desde criança, graças aos gostos musicais do meu pai.

Nunca seria fácil fazer um filme sobre um tema que todos conhecem, com músicas que já todos ouviram, com uma história de vida que tem sido explorada e mediatizada há décadas. Quem quer que pegasse neste filme, fizesse como fizesse, seria criticado. E é o que tem acontecido. A crítica diz, por exemplo, que este filme representa os Queen versão Disney, ou que o Rami Malek faz playback (a sério, queriam que o homem cantasse como Freddie?), e ainda que há erros temporais na narrativa. Até os há, mas às vezes, quando se realiza um filme sobre várias vidas e se tem de colocar décadas em 2 horas, torna-se necessário. E se Brian May, guitarrista dos Queen e produtor do filme, concordou com a apresentação dos mesmos, acho que o mero espectador poderá dar um pouco o braço a torcer e aceitar.

É claro que o grande trunfo do filme é a música. Ela fala por si, e aliada a um supremo Rami Malek que, vê-se a léguas, se preparou para o papel de Freddie de alma e coração, apresenta-nos as histórias de como as grandes composições surgiam, como as ideias nasceram, como a banda as defendeu, e como Freddie as suava por todos os poros.

Não considero, ao contrário do que a crítica também apontou, que a sexualidade de Freddie tenha sido demasiado explorada, até porque o maior ênfase foi dado à sua relação heterosexual com Mary Austin - o amor da sua vida, como não se cansava de repetir - e que foi muito importante como rampa de lançamento e inspiração de um Freddie a quem faltava confiança e amor fraterno.

Mais do que uma biografia musical, o filme transporta consigo muitos valores, como a amizade profunda que uniu os membros da banda, ou o valor do trabalho e da preserverança que os fez bater o pé tantas vezes a quem os desacreditava. Também a solidão, o desapontamento, a falta de esperança, de visão, as más influências, a voz do dinheiro, têm papel preponderante.

Resta referir que, pela primeira vez em muito tempo, esteve-se bem num cinema cheio. Sem interferências, conversas paralelas, risadas parvas, este era um público realmente interessado e completamente imerso no que estava a ver. Ouviam-se alguns bateres de pés ao ritmo da música, alguns a murmurar as canções baixinho, até algumas fungadelas, mas isto diz muito acerca do filme que é, das horas de entretenimento que apresentou e do engagement que provocou. Podem ir ver, à confiança!

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