Free Solo (documentário, 2018)

by - terça-feira, abril 09, 2019

Free Solo é o vencedor do prémio de Melhor Documentário dos Óscares deste ano. Nele, podemos ver a preparação física e mental de Alex Honnold, alpinista, para subir El Capitan, em Yosemite - que já é, por si só, um local dificílimo de subir. Só que este pirado da cabeça quer fazê-lo sem cordas ou qualquer outro equipamento de segurança. Sim - Alex quer subir mais de 2300 metros, numa das rochas mais difíceis e verticais do mundo, contando apenas com as pontas dos dedos das mãos e dos pés. Um louco.

Portanto, temos a parte documental da coisa - os treinos, a preparação da filmagem suspensa, a vida profissional e pessoal de Alex - mas posso dizer que uma grande parte disto é um filme de terror. Ficamos suspensos, mais suspensos do que o próprio Alex, engolindo o fôlego, embasbacados, porque basta um pequeno erro para que ele caia e morra. E nada disto são efeitos especiais ou simulações, por isso ainda ultrapassa o terror...

Percebemos imediatamente que Alex não é uma pessoa comum. Era um menino tímido na infância que encontrou no alpinismo uma forma de escapar às convenções sociais, e que transportou essa estranheza para a idade adulta. Escalar é a parte mais importante da sua vida, e as poucas pessoas que o rodeiam estão relacionadas com a actividade. Agora, temem por ele. Apesar de ser dos melhores alpinistas sem cordas do mundo, nunca ninguém o fez em El Capitan, porque, resumindo, é suicídio.

E no meio daquelas paisagens fantásticas, da fotografia abismal - como é apanágio da National Geographic - de toda a emoção, da técnica, do drama, uma das coisas que mais me impressionou foi o medo puro das pessoas que o rodeiam. Ver membros da equipa de filmagens que nem quiseram olhar para as próprias câmaras durante a subida, com receio de que quando olhassem de volta ele não estivesse no plano, foi de remoer o coração.

Alex, no seu mutismo social, vivendo à margem daquilo a que chamamos convencional (vive numa carrinha por opção, por exemplo), com muito pouca tecnologia, sente-se peixe na água na solidão da subida, sente-se seguro ao contar apenas e só consigo, com o seu corpo, sem medos. Os níveis de confiança em si próprio são um exemplo, uma inspiração. E, claro, metemos em causa o nosso conforto, o comodismo, pensamos naquilo que nunca faremos, por falta de coragem, de esforço, por medo. Começamos por chamá-lo de louco, acabamos a pensar que só os loucos podem ser felizes.

Podem ver o documentário no National Geographic, ou gratuitamente no Videoclube de algumas operadoras.



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