Joker (2019)

by - segunda-feira, outubro 07, 2019


Fui com pezinhos de lã ver o Joker ao cinema. Por um lado, odeio filmes de super-heróis. Por outro, adoro o Joaquin Phoenix. Então, fui com expectativas moderadas.

Afinal, não tinha nada com que me preocupar. Não é um filme de super-heróis. É quase uma biografia a um dos maiores vilões da banda desenhada e do cinema. Ao contrário do que estamos habituados com estas personagens saídas dos comics, não há efeitos ou truques na manga. Aqui, o Joker é humano. É o produto da sociedade. Tal como cada um de nós.

O enredo é uma sucessão de eventos que vão acontecendo com Arthur Fleck até ele vestir a pele de Joker. Começamos por conhecer o Arthur palhaço de rua e que trabalha com crianças. Um homem simples, embora resignado, e assombrado pela doença mental. Por ser diferente, a comunidade não o deixa esquecer que ele não encaixa no estereótipo de homem adulto e bem sucedido. A cidade só lhe retorna uma fria indiferença, e até mesmo desprezo, e Arthur acaba por ser consumido pela incompreensão, pela solidão, e tudo descamba quando tudo o que ele acreditava (que já era pouco) acaba por desaparecer.

É claro que o filme não seria a mesma coisa sem Joaquin Phoenix. Nem consigo imaginá-lo de outra forma. E as palavras faltam-me para descrever o que vi este homem fazer no ecrã. Começando pela linguagem corporal, trabalhada até ao limite, até à profundidade do olhar, tudo está perfeito. Tanto que poderia ter sido um filme mudo e seria genial na mesma. Este homem fez um trabalho fenomenal para entrar na personagem e é tudo impressionante. Oscar para o Quim, já!

E depois, o resto... a banda sonora poderosa e super apropriada; o ambiente dark; a fotografia; as mortes fantásticas; as cenas perturbantes, violentas... Não percebo porque é que tanta gente odiou o filme (aliás, até percebo, porque não se enquadra nos típicos filmes fáceis e ocos dos super-heróis) e percebo as discussões sobre quem é o melhor Joker - se o Heath ou o Joaquin), mas seja onde for que se posicionem, esta é uma obra de arte que têm de ver pelo que é e deixar, pelo menos, as comparações de lado. É um dos melhores filmes do ano (senão o melhor, até agora, para mim) e aí não há volta a dar. Lamento, haters. Numa era em que tudo é robotizado, alterado, melhorado, onde a tecnologia é rainha, é uma lufada de ar fresco ter um filme tão humano e uma lenda como o Joaquin à sua frente.

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2 comentários

  1. Um colega já me tinha falado neste filme mas como também sou pouco adepto dos super-herois fiquei a pensar. No dia seguinte, por acaso li o seu post e foi o empurrão que precisava!
    Fantástica,fabulosa arrepiante interpretação do "Quim"
    Ainda estou a quente mas foi um filme que me surpreendeu e agarrou 120 min.
    Muito bom!

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    1. Fico contente por ter constituído um estímulo 😊 algum tempo passou e ainda sinto as repercussões do filme e da fantástica interpretação. Grande Quim, de facto!
      Obrigada pela visita.

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