Estava curiosa para ver o Frankenstein pela mão de Guillermo del Toro, e no geral não me desiludi. A sua estética caracterÃstica está lá, a produção é excelente, assim como as interpretações dos atores, e até mesmo a adaptação do livro de Mary Shelley é bem feita - talvez a melhor das adaptações Frankenstein.
No entanto, tenho uma crÃtica a fazer (e que ninguém perguntou): o monstro é bonito.
É suposto o monstro criado por Victor Frankenstein ser grotesco, provocar repulsa ao olhar, medo, pânico. No fundo, ele é feito de cadáveres e órgãos alheios; quer-se que seja fisicamente anti-natura, feio, uma anormalidade. Este "monstro", no entanto, pareceu-me saÃdo de um Fantasma da Ópera ou de um filme da Disney, o que mudou o meu sentimento ao ver o filme - deixou de me parecer um monstro para parecer um adulto infantilizado.
A humanização do monstro é algo chave para a narrativa, sim, mas em termos psicológicos e não fÃsicos. Caso contrário, quase nos esquecemos da origem nefasta da sua existência. Ao tornar o monstro bonito, a empatia surge mais rapidamente do que era suposto e a ideia de Mary Shelley (quem é o monstro - a criatura ou o criador?) perde alguma força. Sentimos mais pena do que medo, menos desconforto, menos impacto emocional. Simplesmente, se a criatura é bonita, não será uma falha assim tão grande no conflito ético / cientÃfico que domina o inÃcio da sua criação.
Se calhar estou a pensar demais, mas que dizer, olhem bem para estes beiços carnudos e cabelo à D'Artagnan.









