Palavras do Abismo

Conforme os anos vão passando e nos vamos distanciando do 25 de abril de 1974, mais se observa o levantar de vozes dignificando Salazar, que "nesse tempo é que era". Não é de estranhar que a maior parte destas vozes não fosse viva nessa altura. E também é notório que devem falar pouco com os pais, ou com os avós. Nunca devem ter ouvido a realidade de uma boca próxima, de uma pessoa real que viveu a vida tal como ela era. Ou então, são de famílias privilegiadas. Para eles, relatos de pessoas presas, espancadas ou mortas por serem contra o regime, por opinarem, por terem voz na praça pública, são como ficção. Sem se darem conta do facto de que elas próprias terem abertura e liberdade para dizer as baboseiras que querem, é produto do fim da ditadura.

O que agora é feito com normalidade - dizer mal do governo, comentar a vida política nos cafés, VOTAR livremente! - não era possível. Os comentadores de Facebook que passam a vida a denegrir os líderes políticos atuais (sejam eles quais forem), já teriam recebido uma visita de uns certos senhores e nunca mais seriam vistos. A imprensa, que hoje consideram parcial, um "jornalixo", era altamente controlada pelo Estado e só eram publicadas notícias que lambessem as botas ao governo ou que fossem tão inócuas e dóceis que não fizessem mossa a ninguém.

Esses saudosistas da tanga, que decerto batem punhetas a ver gajas nuas entre posts a destilar veneno, nem se devem lembrar que as mulheres tinham de andar tapadinhas, em nome da decência e do decoro, tendo os biquinis sido proibidos e os tamanhos dos decotes eram determinados na lei.

Esses punheteiros que, muitos deles, gostam de ver o seu filme de super-heróis, não devem saber que as bandas desenhadas vindas do estrangeiro eram proibidas. Esses punheteiros, que dão uma golada na Coca-cola entre punhetas, não se devem lembrar que a bebida era proibida em Portugal, por medo da modernidade!

Decerto contribui para esta tesão pelo Estado Novo o controlo que era feito às mulheres. As enfermeiras, telefonistas e hospedeiras não se podiam casar. Se quisessem viajar, as mulheres tinham de ter autorização do marido, assim como para assinar documentos e tomar decisões sobre bens que lhes pertencessem. A sua correspondência também era controlada pelo marido. O acesso a um sem número de profissões era negada. As professoras tinham de ter, obrigatoriamente, um salário inferior ao marido, e precisavam de autorização para casar. E se levassem nos cornos, ou fossem traídas, era deixá-las andar, que o divórcio era proibido. Nas escolas, nada de misturas - meninas para um lado e meninos para o outro. Saias, só se não mostrassem joelhos. Que tesão, hein, machistas?

Hoje, inflamados por discursos populistas, enchem a boca com expressões como "os estrangeiros que nos invadem têm tudo, e os nossos sem-abrigo?" Pois, na altura, era proibido ser-se sem-abrigo. Se não houvesse um documento que comprovasse incapacidade para trabalhar, iam para a prisão. Percebem a contradição?

Coisas simples como acender um cigarro ou andar de bicicleta (para ter isqueiro e bicicleta era preciso licença), jogar às cartas no comboio, ouvir a música que querem, os filmes que querem, ver os programas que querem, ler os livros que querem, andarem de mãos dadas na rua, ou dar um beijinho, fazerem reuniões ou ajuntamentos de pessoas, sacudir o pó, dariam, na altura, com sorte, uma multa, ou com a falta dela, prisão ou mesmo a morte.

Não consigo mesmo entender os lunáticos que olham para as características da ditadura e dizem, sim senhor, é isto mesmo que eu queria. É que só podem ter um distúrbio. Não há um argumento que considere válido na defesa da ditadura. Venham os punheteiros dizer, ah mas as contas estavam equilibradas, tínhamos dinheiro! Pois, havia quem tivesse dinheiro, principalmente os amigos do regime, e havia quem fosse pobre. Se tivemos um crescimento substancial foi devido às exportações durante a guerra e à exploração das colónias. De resto, o medo da modernidade travou a industrialização e Portugal era um país bastante atrasado, preso à sua ruralidade. Ah, e construiu uma ponte. Pronto, então tudo bem, aceito levar pontapés no lombo por ler um livro proibido em troca de uma ponte. Não há mais ninguém no mundo que nos faça uma ponte. Nem havia o raio dum salário mínimo, nem sequer direito a férias! Não havia saúde pública, ensino público, sindicatos, direito à greve... Porreiro, pá!

Este ano assinalam-se 50 anos do fim da ditatura e é chocante existirem pessoas que a ela querem voltar. Quero acreditar que não sabem o que dizem. Quero acreditar que não encontram prazer na repressão e na tortura. Quem nos tirar a liberdade, tira-nos tudo. Pesquisem entrevistas de quem passou mal, falem com gerações mais velhas, estudem as atuais ditaduras. E se mesmo assim acharem que "nesse tempo é que era", e como "quem está mal muda-se", força, emigrem para um país com um regime ditatorial e divirtam-se. Sugiro a Coreia do Norte, vão adorar.

As eleições estão à porta. Não fiquem em casa. Façam uso do direito que foi conquistado a pulso. Não tomem nada por garantido. Olhem para o que está a acontecer no mundo. Não sucumbam a discursos populistas inflamados. Não fechem as portas que Abril abriu. Precisamos de responsabilidade, comprometimento e honestidade, sim, mas nunca, NUNCA, à custa de ódio e medo.

Fascismo nunca mais, 25 de abril sempre!



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Uma coisa que me irrita solenemente são as pessoas que, quando existe algum tipo de crise, vão para as redes sociais armar-se em guerrilheiros da dúvida, perguntando onde andam os defensores de alguma coisa. Passo a dar exemplos.

Temos assistido a fenómenos climáticos extremos um pouco por todo o globo - há fumo no Pólo Norte, neva no Brasil, a Europa atinge temperaturas recorde, ao mesmo tempo que é devastada por cheias, vários países ardem, pessoas e animais morrem, casas são destruídas, enfim, tá tudo na merda. E os guerrilheiros da dúvida perguntam - "Onde anda a Greta? Eheh caladinha que nem um rato, essa inútil." E o que querem que a Greta faça, que vá soprar as nuvens para outro lado ou que desligue o termómetro do globo? Que vos enfie um tofu na boca em vez do bifinho de vaca? A Greta faz mais num dia do alto dos seus 18 anos do que vocês e o vosso rabo colado ao sofá a vida toda. Olhem para o vosso umbigo, para os vossos erros diários, exijam mudança ao governo e às empresas, e entretenham-se com a vossa própria greta!

Quando é verificado algum caso mediático relacionado com animais, como recentemente os cães que morreram num hotel canino em Mafra, ou os pobres animais que ontem foram queimados vivos no incêndio que atingiu um abrigo ilegal em Castro Marim, a pergunta é: "Onde anda o PAN? Onde anda o IRA? Se estivessem lá câmaras de televisão estavam presentes, assim ninguém os vê!" Mas vocês acham o quê? Que há um elemento do IRA debaixo de cada pedra deste país? Que eles não são cidadãos comuns como nós, que não têm os seus trabalhos, as suas vidas, que recebem alguma coisa por fazerem o que fazem? Acham que têm algum título oficial de salvadores de animais, que são subsidiados por alguma Câmara? Da mesma forma, acham que os elementos do PAN têm algum canil montado em casa? Acham que têm conhecimento de todos os abrigos ilegais deste país? Acham que quatro deputados eleitos fazem milagres? Ó guerrilheiros da dúvida, se querem que a causa animal tenha voz, usem a vossa própria voz por aqueles que não têm. Têm mãozinhas, nem que seja para pegar no telefone e ligar para o SEPNA. Denunciem. Alberguem. Têm liberdade de voto, usem-no. E se têm tempo para fazer perguntas estúpidas, façam voluntariado.

Se alguém vacinado morre de Covid... "Onde anda a Graça Freitas? Onde andam os covideiros? O rebanho acredita em tudo o que lhes dizem e depois é isto...". Ai, santa paciência para esta gente. Olhem amigos, a dona Graça, que tem idade para ser vossa mãe ou avó, tem uma paciência de santa para aturar gente burra que busca conhecimento em vídeos do Youtube e em grupos nas redes sociais duvidosos com "Pela Verdade" ou "Por Portugal" escrito lá no meio. Gente, universidade da vida não dá diploma. Se não confiam no governo, nem no SNS, nem na ciência, nem nos vossos médicos de família, nem nos dados COMPROVADOS que a vacina é eficaz, aqui e em qualquer lugar do mundo, o problema são vocês. É culpa dessa mente pequenina que foi exposta, contaminada, por um bicho muito mais feio que o Covid, que é o da ignorância, da soberba e a da superioridade. Não se enganem, fazem parte também de um rebanho - o das ovelhas negras, que se estão a cagar para o próximo e só pensam no seu próprio conforto, na sua própria liberdade, quando esta afecta directamente a liberdade dos outros. Ninguém vos obriga a levar a vacina, é opção de cada um - o triste é o estardalhaço que fazem com isso porque nem acreditam, não pode ser, não é razoável, que a maioria da população "vá nestas tretas". Queridos, não querem levar não levem, escusam de andar a fazer figuras ridículas e a espalhar a maior doença de todas - a desinformação (apesar de vocês não o verem, porque não há seres mais iluminados e inteligentes que vós). Mééé!
Ah, e repito o que vocês já deviam saber desde o início: A VACINA NÃO IMPEDE QUE SE TENHA COVID. A VACINA NÃO IMPEDE QUE SE MORRA DE COVID. "Mas então... para quê tomar?" PORQUE REDUZ!! REDUZ A HIPÓTESE DE DOENÇA GRAVE, DE TRANSMISSÃO, DE INTERNAMENTO... Vai-nos permitir atingir mais rapidamente aquilo que vocês querem - a liberdade! Got it? Portanto o empecilho à liberdade, adivinhem quem é?

E claro, como não podia deixar de ser. No decorrer do que se passa no Afeganistão, já vi quem perguntasse: "Onde andam as feministas? Onde andam as dos lábios vermelhos? Todas caladinhas, estão de férias?" Estou a abanar a cabeça desde que li isto. É de uma tristeza avassaladora, mais do que tudo. Portanto, estamos a falar de um regime em que as mulheres não podem sequer sair à rua sozinhas, nem pintar as unhas, nem rir alto, e esperam então que vá lá a Marisa Matias, de lábios pintados, mais a Ana Gomes, a Mortágua, e todo um exército de gajas armadas com batons para torcer a orelha aos talibãs, dar-lhes tau-tau e ensiná-los a respeitar as mulheres de hoje para amanhã? Acham que cada mulher, e cada ser humano com coração, não está corroído por dentro pelo que poderá acontecer àquelas mulheres? Acham que as associações feministas não estão num desespero total perante a impotência de não poder fazer mais, imediatamente? É engraçado, de repente existe um monte de especialistas em política internacional e em direitos humanos formados no sofá. Mais uma vez, pressionem os governos, procurem saber o que essas associações estão a fazer, sobre o que a NATO está a fazer, mostrem o vosso descontentamento, não com quem dedica uma vida a lutar, e a arrisca, mas para com a situação pavorosa que está a acontecer.

Esta pressão estúpida que estão a colocar nos outros, estas perguntas sem sentido que fazem no conforto dos vossos lares, façam-nas a vocês próprios, e perguntem-se onde andam vocês. Mudar o mundo é responsabilidade de cada um de nós, apontar dedos e passar responsabilidades é do mais fácil que há. Difícil é mexer o cu e ter um sentimento verdadeiro, real, de querer mudar este mundo que se tornou tão podre. Querer ter a razão, provocar discórdia, alimentar discussões inócuas, é uma total perda de tempo, e tempo é coisa que nem estas mulheres, nem os animais, nem o planeta, têm. Quem está numa posição difícil não tem tempo para esta merda. Isto tudo para dizer que, se não querem ajudar, não atrapalhem. Essas perguntas podem guardá-las para o vosso deus.



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Já tinha visto este cartaz extraordinário do candidato pelo PSD à Câmara de Oeiras, Alexandre Poço. Deitado numa pose estranha (que nem no ioga consigo efectivar com tanta descontração), a dar mesmo tudo num ar sensualão e convidativo, e depois com aqueles artelhos (tornozelos para quem é da cidade) à mostra, mas num tom laranja exagerado indicativo de meia de vidro, solário parcial ou má edição de imagem.

O que não sabia, mas que me foi dado a conhecer pelo Jovem Conservador de Direita, é que o senhor é um "poço" de cocó. O que diz é errado para qualquer ser humano, mas tendo como objectivo ser o representante do povo de uma cidade é ainda mais grave. Um cagalhão machista e racista, é o que o senhor é. Pode ir procurar as "gajas boas" para santa cona de assobios (ouvi dizer que precisam lá de um Presidente assim).

Estes valores coadunam-se muito mais com a visão do Chega, e não duvido que este senhor, tal como a Suzana Garcia, e outros candidatos a Câmaras com visões demasiado encostadas ao extremo da direita, "evoluam"* naturalmente para essa ligação, mais dia menos dia. São um perigo para a nossa sociedade, são incendiários do ódio, escondidos por trás de um sorriso benemérito, falinhas mansas, e de uma cor de pessoas de bem, mas, enfim, só vai na cantiga quem quer, e a quem faltar massa cinzenta.

Oeiras, pelo menos em quem não votar já sabem.

*Entre aspas porque é uma regressão ideológica, cultural, social e muitos al, e custa-me ter a palavra "evoluir" associada a isto.

Ah, e já agora. O senhor também se acha o James Bond. Irresistível. Cuidado, ladies. 







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 A Festa do Avante é daqui a menos de um mês. Já lá fui muitas vezes e adoro a festa. E é por isso que acho um erro a mesma acontecer este ano. O PCP insiste na divulgação de regras que rapidamente vão ser esquecidas assim que o álcool e o entusiasmo baterem. No Avante, todos somos amigos, companheiros, cúmplices, vizinhos, e grita-se, abraça-se, dança-se, pula-se. Todos, desde crianças a bem velhos, gente de toda a proveniência, género, raça e estrato social, de diferentes partidos (como eu) divertem-se juntos, em comunidade, sem peneiras. É bonito de se ver. Há música, e palestras, e comes e bebes do país e do mundo, livros, discos, artesanato, e muito mais. Para mim, é um evento ímpar. Só que este ano... não.

Não vale a pena usar o argumento de que todos os festivais de verão foram cancelados (mesmo que por iniciativa própria), porque o PCP esconde-se atrás de uma lei que nem deveria ser necessária trazer à baila - de que se trata de um evento de cariz político e como tal pode acontecer. Também não vale a pena dizer que outros partidos tinham eventos programados, e cancelaram. Também não vale a pena dizer que os partidos comunistas pela Europa fora cancelaram as suas similares festas. A diferença é que todos tiveram o bom e velho bom senso, e o PCP não. 

Também não vale a pena contra-atacar o argumento dos apoiantes da festa quando dizem que há outros eventos a acontecer até ao final do ano. Pois há, e nenhum, NENHUM deles, pode ser comparável, tanto na duração como na quantidade de gente, como na diversidade de acontecimentos que ocorrem no Avante. Não sei como podem em plena consciência comparar um evento de três dias onde, dizem, estão preparados para receber 100 mil pessoas, com eventos de poucas horas, a maioria com lugares sentados, e onde se pode facilmente controlar a circulação de todas as pessoas.

Também não vale a pena jogar a carta da injustiça - enquanto há profissionais que não trabalham desde março, feiras de verão que não podem acontecer, bailes populares que não se realizarão, discotecas e bares que ainda não abriram, e muitos mais que aguardam autorização e melhores dias para trabalhar, está tudo bem no Avante. Não se arranjam condições para se realizar uma feira da aldeia com algumas centenas de populares, mas arranjam-se condições para se meterem 100.000 num evento. Não vale a pena virem com a desculpa de que cumpre com as regras da DGS, porque acredito que a feira da aldeia também arranje as condições, e mais facilmente. Falta é boa vontade. Não se pode comprar uma cerveja depois das 20h00, mas pode-se ir ao Avante. Alguma coisa me está a queimar o tico e o teco aqui.

Mas o que mais me irrita até ao tutano é quando ouço e leio o seguinte comentário - só vai quem quer! Ó meus caros... Seria tão simples se as pessoas que fossem ficassem lá os 3 dias dentro sem entrar e sair, e que depois no fim fossem para as suas casinhas e por lá ficassem 14 dias de quarentena, para prevenir. Era, não era? Só que não. Eu moro perto do Avante. Quem lá vai, irá comprar pão à padaria, irá ao supermercado, à mercearia, a algum restaurante, a um take-away, ao banco, a alguma loja, ao mercado, onde eu e os outros residentes da zona também iremos. Os que não usarão o transporte próprio, irão nos mesmos transportes públicos que eu e os outros usam para irmos trabalhar (os transportes que o PCP está sempre a criticar). Garantem-me que todos os milhares de pessoas que irão estar no Avante irão ser o máximo cuidadosas possível? Não, não o podem garantir. Logo, estão a colocar várias pessoas em perigo, tanto do Seixal, que tem números Covid muito elevados, como do resto do país.

Outra coisa que me entristece é ver os velhos do Restelo deste partido no Facebook, a mandar para a puta que pariu as pessoas que manifestam desconforto pela realização do Avante. Chamam-lhes miseráveis, invejosos, burros, covideiros, aziados, e está tudo tristemente estampado no Facebook da Festa e noutros grupos de residentes locais dos quais faço parte. Os argumentos trocam-se, insultos para cá e para lá, ameaças, muita falta de respeito, e esquecem-se do problema real: estamos em plena pandemia, não existe vacina nem tratamento, pessoas morrem todos os dias, a situação em Lisboa e Vale do Tejo é a mais complicada do país, e podemos assistir a uma regressão do que foi conquistado até agora.

A meu ver, e num cenário em que a festa acontece de qualquer forma, o PCP perdeu uma oportunidade para reinventar a festa deste ano. Não estou a falar dos vídeos ridículos que ensinam a dançar a carvalhesa à distância, mas de uma verdadeira reinvenção dos eventos em tempo de Covid. Em vez de uma festa de três dias, faziam apenas um. Em vez de dezenas de concertos por dia espalhados por três palcos, faziam três concertos num único palco, com lugares sentados e previamente marcados. Em vez de capacitarem o espaço para receber 100 mil pessoas, fariam-no para 10 mil. E por aí fora. 

Eu escolho não ir à festa este ano. Só é pena que viva rodeada de pessoas que o vão fazer e que me vão, e aos outros, colocar em risco. A saúde é mais importante que o ego do PCP, que, eu sei, está na mó de baixo, mas não é por esta via que o vão levantar. Pelo contrário, estão a criar uma data de ressabiados que, espero eu, não se irão esquecer desta irresponsabilidade. Não há festa como esta, este ano, em mais lado nenhum.



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 Nesta sátira política, Sacha Baron Cohen, tal como tão bem ele sabe, entra na pele de vários personagens, para nos dar um vislumbre de como são os americanos. Irreconhecível na maioria das peles em que entra, ele entrevista e promove eventos junto de algumas personalidades políticas, celebridades, mas também do americano comum.

O melhor desta série é que é assustadora. É assustador saber que existem pessoas assim. Custa a crer que a realidade é esta. Que em pleno século XXI exista tanto preconceito, tanta mente fechada, e não só, ignorantes, burros que nem uma porta.

O meu personagem favorito é o coronel Erran Morad, um agente militar israelita islamofóbico e com métodos pouco ortodoxos para combater o Estado Islâmico. Ele é um homem duro, másculo, machista, intolerante. Dando um exemplo que me vai ficar para sempre na memória, ele convenceu um americano de que era possível combater os islâmicos homem-a-homem porque eles têm medo de ficar gays, e uma grande arma contra eles é baixar as calças e esfregar-lhes o rabo nu, ameaçando-os de mariquice. Sim, isto é real. Sim, isto aconteceu, e sim, vemos esse homem a simular um ataque com o seu rabo despido. Podem ver no clip em baixo. Esse gajo, um célebre advogado, ganhou vergonha na cara e apresentou a demissão. E é apenas uma das "vítimas" da série.

Outro personagem que gosto muito é o Billy Wayne Ruddick, apoiante de Trump e que não olha à lógica para defender o melhor presidente de todos os tempos. Mas não há nada como assistir, porque cada episódio é um choque. Sem exagero, disse "foda-se" pelo menos 10 vezes em cada um deles, e passei-os de boca aberta. Não consigo também deixar de pensar na genialidade deste homem. Sasha é um dos melhores. Se puderem, vejam - está a passar no canal TVSéries.

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Ah, a Assembleia. Esse bando de bois que decide o nosso destino de cu sentado, que nos espeta uma bandarilha hipotética no lombo no meio de subidas de impostos, que nos toureia, ludibriando, abanando mantos vermelhos à nossa frente para não vermos o nosso futuro terrível.

E depois há o deputado do PSD, Luís Campos 'Olé' Ferreira, o boi mais boi de todos, o que nos dá a estocada final e nos fica a ver estendidos no chão, a apontar o dedo e a rir, tirando fotos para mostrar aos seus comparsas de cabelo à beto e sapatos de vela, como um perfeito bully da lezíria.

Quando há dias decorreu a votação para o Orçamento de Estado 2019 relativa à redução do IVA das touradas para 6% e os votos foram favoráveis, o queridinho saído da era medieval mas com telemóvel na mão - vá-se lá perceber esta viagem temporal - proferiu o seguinte:

"Aí está o Grupo de Forcados do Largo do Rato. Vai dar entrada o touro!" - e largou um "Olé", antes de pôr a tocar a música das touradas que anuncia a entrada dos touros.

Epá, que classe! Que mostra valente de respeito no palco da democracia. E que risinhos, palmadinhas nas costas, provocou, por parte dos seus comparsas de patilhas e bolsos avantajados. Não sabia que aquilo era o jardim infantil, pensava que era apenas um tacho comum.

Opiniões diferentes, todos temos. Temos de viver em comunidade, de uma forma de outra, porque estamos todos no mesmo barco, este buraquinho único que vê o sol pôr-se no horizonte. Esta atitude de adolescente reprimido que ainda não saiu do armário provoca-me vergonha alheia. Estas merdas despertam o pior das pessoas. Assim sendo, quando a mulher do senhor lhe puser os corninhos, alguém devia lá estar para lhe dar um "Olé" caridoso, ou quando o seu filhote disser que é gay, dando-lhe o desgosto da sua fútil vida, alguém devia pôr a tocar o YMCA, e um gajo vestido de latex devia sair de trás da porta e enrabá-lo. Porque tudo na vida fica melhor com banda sonora e exemplos visuais, não é?

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