Dizem-nos que é a falar que a gente se entende. Ou que a gente se desentende. As palavras não são, muitas das vezes, a solução. Enchemo-las de veneno, tal como setas disparadas numa direcção, com o objectivo de ferir quem se atreva a atravessar o nosso caminho. E de repente, torna-se uma guerra. Disparos para cá, pedras atiradas para lá, granadas lançadas de volta, canhões prestes a disparar. Assim do nada, as palavras iniciaram uma guerra campal. Só que desta guerra não saem vencedores. Não existe nenhum modo de se sair ileso da batalha mortal das palavras. Cada um acaba por morrer mais um pouco, e seguir o seu caminho, que acabou de se tornar ainda mais amargo. Por isso guardemos as palavras para quando forem realmente importantes. Para quando signifique. Para quando sejam verdadeiras. Para fluírem, não para atingir seja quem for. Não desperdicemos a nossa melhor arma em lutas pelas quais não vale a pena lutar. Não somos soldados em missão cada vez que abrimos a boca.
O peso do silêncio tem sido tão grande que me tira o sono. A mente preenche a ausência de sons com coisas que não devia. Pensamentos parvos. Não há um dia em que o silêncio seja sinónimo de paz, descanso, sossego. Muito pelo contrário, tem alimentado as maiores conversas comigo própria de que há memória. Não é que não goste de falar comigo. Simplesmente já não me posso ouvir. Sou repetitiva e insistente. Faço-me perguntas e respondo, alongando-me em monólogos inúteis. Sem proferir uma palavra. Dando voltas e voltas na cama. Dando murros na almofada. Penso, penso, penso, e não existo.
Por vezes sinto-me mal em querer mais. Sei no meu íntimo que meio mundo queria ter a vida que eu tenho. Que a sorte me tem acompanhado, sempre, e tenho uma vida boa. E no entanto, a sede de mais não desaparece. Os sonhos vão subindo de patamar, em vez de se acalmarem. Às vezes chicoteio-me, não de forma literal, para ver se me acalmo. Atenção, sou extremamente contente com aquilo que tenho. Mas não chega, quero o próximo nível. E os níveis são infinitos. Sim, é como se a minha vida fosse o Super Mario.
E tal como na vida real, em cada buraco escuro está uma planta carnívora pronta a abocanhar-nos...
E tal como na vida real, em cada buraco escuro está uma planta carnívora pronta a abocanhar-nos...
Por vezes, nos meus raros minutos livres do dia, faço coisas estúpidas. Talvez para desanuviar do stress, sair da rotina, não sei. Hoje resolvi consultar o significado de palavrões no dicionário. Já que os uso tanto, pelo menos que os use correctamente.
caralho | s. m. | interj.
1. [Calão] Pénis.
2. [Calão] Coisa reles, sem utilidade. interj.
3. [Calão] Expressão designativa de admiração, surpresa, espanto, indignação, etc.
[Calão] como o caralho: de maneira intensa ou em grande número. = MUITO
Portanto, logo a seguir a "pénis", vem "coisa reles, sem utilidade". Pensava eu que o caralho seria uma das coisas mais úteis da Humanidade. Afinal, sem ele, nem eu estaria aqui a escrever, nem ninguém a ler. Mais precisamente, foi o caralho do meu pai que me pôs aqui. Sendo assim, vou discordar do dicionário no nº 2, mas dou a mão à palmatória nos números seguintes. Eis a razão porque digo "caralho" tantas vezes: estou constantemente surpreendida e indignada. E só pretendo manifestar a minha opinião com ênfase. E se está no dicionário posso fazê-lo à vontade. Fico muito mais aliviada, caralho!
caralho | s. m. | interj.
1. [Calão] Pénis.
2. [Calão] Coisa reles, sem utilidade. interj.
3. [Calão] Expressão designativa de admiração, surpresa, espanto, indignação, etc.
[Calão] como o caralho: de maneira intensa ou em grande número. = MUITO
Portanto, logo a seguir a "pénis", vem "coisa reles, sem utilidade". Pensava eu que o caralho seria uma das coisas mais úteis da Humanidade. Afinal, sem ele, nem eu estaria aqui a escrever, nem ninguém a ler. Mais precisamente, foi o caralho do meu pai que me pôs aqui. Sendo assim, vou discordar do dicionário no nº 2, mas dou a mão à palmatória nos números seguintes. Eis a razão porque digo "caralho" tantas vezes: estou constantemente surpreendida e indignada. E só pretendo manifestar a minha opinião com ênfase. E se está no dicionário posso fazê-lo à vontade. Fico muito mais aliviada, caralho!
Já sabemos de antemão que tudo o que é bom acaba depressa. Não é fácil ter estado no paraíso e de repente ter de descer à terra.
Numa semana, conheci 3 cidades, vi 3 concertos fantásticos, tive muitas dores (todas valeram a pena), muito cansaço. Andei imenso a pé, foram demasiadas horas em transportes públicos, muita porcaria que se comeu. Vi outras culturas, muita gente, lojas, edifícios, jardins. Comi algodão doce, muffins, chocolates, gelados. Apanhei sol, chuva, frio e calor. Vi o assassino do Scream tocar acordeão em Dublin. Vi africanos a dançar na rua em Manchester. Uma israelita mostrou-me um truque tosco para ter unhas bonitas. Vikings simpáticos e embriagados gritaram o nosso nome para centenas de pessoas.
E a companhia da minha cara-metade.
Por mim, continuava por lá. Regressar é um choque que queria ter evitado por mais um tempo. Uma coisa é certa - quanto mais tempo passo lá fora, mais me apercebo que a tugalândia é muito, muito fraquinha.
Ficam as recordações. Esta, de Dublin, O2 Arena:
Numa semana, conheci 3 cidades, vi 3 concertos fantásticos, tive muitas dores (todas valeram a pena), muito cansaço. Andei imenso a pé, foram demasiadas horas em transportes públicos, muita porcaria que se comeu. Vi outras culturas, muita gente, lojas, edifícios, jardins. Comi algodão doce, muffins, chocolates, gelados. Apanhei sol, chuva, frio e calor. Vi o assassino do Scream tocar acordeão em Dublin. Vi africanos a dançar na rua em Manchester. Uma israelita mostrou-me um truque tosco para ter unhas bonitas. Vikings simpáticos e embriagados gritaram o nosso nome para centenas de pessoas.
E a companhia da minha cara-metade.
Por mim, continuava por lá. Regressar é um choque que queria ter evitado por mais um tempo. Uma coisa é certa - quanto mais tempo passo lá fora, mais me apercebo que a tugalândia é muito, muito fraquinha.
Ficam as recordações. Esta, de Dublin, O2 Arena: