Palavras do Abismo

"Ela oferece-lhe chá. Ele tem fome: devora duas fatias de pão que mais parecem dois blocos barrados com opúncia, também de fabrico caseiro."

in Desgraça, de J.M. Coetzee (1999)

o.pún.ci.a
nome feminino
BOTÂNICA: planta da família das Cactáceas, espinhosa e sem folhas, com ramos achatados e frutos comestíveis semelhantes a bagas

Ora foi preciso ir pesquisar o que é opúncia para saber que aquele pão não devia estar muito agradável. Há muita gente que devia comer opúncia ao pequeno almoço. Com os espinhos. Sem água para ajudar a empurrar. Quando quiserem mandar alguém para algum sítio, podem dizer-lhe para ir comer opúncia. Pelo menos divertem-se com a confusão.

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Já receberam quantas centenas de emails sobre o RGPD? Hum? Já estão fartinhos como eu? Pelo menos vai ser uma grande limpeza, devia ser dia de RGPD mais vezes!

Com tanto parlapié sobre o assunto, na sua maioria coisas sérias e sem graça, há que dar os parabéns à Control por este post genial que lhes vi no Facebook. Demais!


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A capa de junho da revista National Geographic está a dar que falar, pelas melhores e piores razões. Quanto à parte positiva, é uma composição genial, que na sua simplicidade consegue passar a ideia do que se passa.

No entanto, estamos a falar de um dos maiores flagelos dos nossos tempos - o plástico nos oceanos. São 8 biliões de quilos de plástico que, todos os anos, vão parar ao fundo do mar. As consequências são gravíssimas para a vida de todos nós, afectando a biodiversidade, a vida marinha, o ambiente e, consequentemente, afecta muitas mais áreas.

Temos de cuidar da nosso planeta, da nossa casa, para que ele vá aguentando todo o mal que lhe fazemos e para que continue a ser habitável para todas as espécies, incluindo a humana. E cabe a cada um de nós preservá-lo.

Ainda há uns dias fui à praia e saí de lá com uma tristeza imensa e a certeza de que vamos todos parar ao buraco do esgoto. Tanto, mas tanto lixo, que as pessoas vão despejar às imediações. Até móveis, cadeiras velhas, mantas, roupas, despejadas ao acaso, mesmo havendo grandes caixotes por perto. As pessoas não querem saber, só se querem livrar do que é velho, mantendo as casas vazias para os egos gigantes ocuparem o espaço todo.

O plástico nos oceanos, tal como a capa indica, é apenas a ponta do icebergue. Há muitas coisas simples que podemos fazer para reduzir a produção de plástico, mas a missão não acaba aí. Só sendo responsáveis é que este planeta sobreviverá. Neste momento, não tenho muita esperança na sua sobrevivência. Não enquanto uma raça que se acha superior a todas as outras existir.


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"Cipriano Algor pôs a furgoneta em andamento. Distraíra-se com a demolição dos prédios e agora queria recuperar o tempo perdido, palavras estas insensatas entre as que mais o forem, expressão absurda com a qual supomos enganar a dura realidade de que nenhum tempo perdido é recuperável, como se acreditássemos, ao contrário desta verdade, que o tempo que críamos para sempre perdido teria, afinal, resolvido ficar parado lá atrás, esperando, com a paciência de quem dispõe do tempo todo, que déssemos pela falta dele."

in A Caverna, de José Saramago (2000)

Quem nunca falou em recuperar o tempo perdido? Todos temos mentido a nós mesmos. O tempo nunca, em situação alguma, é recuperado. Ele é-nos tirado, segundo a segundo. Se acelerarem na estrada para recuperar o tempo que estiveram parados, no fim do percurso não estará lá o mestre do tempo a dizer-vos "Peço perdão, tomem lá meia hora de compensação, subtraiam aos vossos relógios." Ou quando um certo relatório ou apresentação vai parar ao balde do lixo, o vosso chefe não vos pede "desculpa por qualquer coisinha, não tomem a peito a afronta, tomem lá 8 horas de vida a mais." Não se iludam, o que foi já lá vai e não vão ter novos fôlegos a somar aos que vos restam. Percebo a lógica, mas que a ilusão da oralidade não vos dê falsas esperanças.

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Mais um trabalhinho feito, disponível para encontrar novo dono! Ideal para oferecer àquele amigo com mau temperamento ou simplesmente para colocar na secretária de trabalho e evitar males maiores...

Tem 10cm de diâmetro e 0,7cm de espessura. Bordado a ponto cruz em tela preta, com caveiras e pequenas flores. Está pronto a pendurar através de uma fitinha preta, e emoldurado em bastidor de bambu.



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"Não, muito obrigado, disse, mas logo a seguir, quando o prestimoso cireneu já se afastava, saltou da furgoneta, correu a abrir a porta traseira, ao mesmo tempo que ia chamando, Ó Senhor, ó senhor, venha cá, O homem parou, Sempre quer que o ajude, perguntou, Não, não é isso, Então, quê, Venha aqui, faça-me esse favor."

in A Caverna, de José Saramago (2000) 

ci·re·neu
adjectivo
1. Cirenaico. substantivo masculino
2. O que auxilia em empresa árdua.

Ó mas que palavra tão bonita e tão simples de significado. Se fôssemos todos cireneus o planeta era um lugar tão mais bonito. A dar a mão nas mais complicadas empreitadas. A tornar mais fácil o que é difícil. Oferecendo o seu braço, abraço e regaço em horas duras. E ainda por cima dá jeito em rimas, para rimar com meu, ateu, pneu ou aconteceu. Faz de ti um cireneu, meu!


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Simplesmente brilhante.

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Eláááá! Eu sei que "o que rende é ir ao Continente" mas que eu saiba o meu traseiro ainda não está à disposição para ser usado assim à lagardère nas vossas lojas! A não ser que dê um descontão, isso são trâmites que podemos discutir. Só que vocês são lixados, a impôr esse limite: ou é até dia 13 ou não é? Isso nem dá tempo de uma pessoa medir os prós e os contras da coisa. Ainda por cima num dia religioso, como se o meu cu fosse aparição dos pastorinhos. Nossa senhora!

Vá, meninos do marketing do Continente, contem lá com os cortes dos previews dos SMS para empurrarrem  o cu...pão lá mais para o fundo. Conselho de amiga.

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A gaja mais chata do mundo mora no meu local de trabalho e eu tenho de escrever sobre isso antes que arranque os cabelos - os dela primeiro, depois os meus.

Nunca tive o desprazer de lidar com alguém assim. Já conheci muita gente chata, mas que acabam por se tornar conscientes de si próprias e acalmar o pito. Esta, já se viu que é mesmo coisa dela, intrínseca, inerente, uma coisa descontrolada que me descontrola.

Será impossível replicar aqui os seus comportamentos por escrito. Só visto e vivido ao vivo. De qualquer forma, vou dar o meu melhor e listar o que me aborrece.  

Ela não se cala
Existe nela uma necessidade de falar. Falar, falar, falar. Nunca a vi mais de 5 minutos calada. Quando esse tempo limite passa e ninguém vai falar com ela, ela levanta-se e toma a iniciativa. E estando num local de trabalho, seria de imaginar que falasse sobre trabalho. Mas não. Até pode começar a conversa por aí, mas depressa tudo resvala para ela própria. Do género: "Viste o email que eu te mandei? Sim? Possa, tenho aqui uma dor de lado, acho que foi de blá blá blá blá...". Ou: "Já fiz o powerpoint. Esta cor de verniz, que achas?". Foda-se, foda-se, foda-se. Se há alguém que não tem pachorra para este tipo de conversas, sou eu. E tive de lhe dizer, à segunda ou terceira tentativa de falar sobre si própria comigo, que, primeiro, tenho mais do que fazer, e, segundo, não quero saber.

É a pessoa mais importante do seu mundo e tem de falar sobre isso a alguém
No decorrer do ponto anterior... Eu também sou importante para mim. Sou a pessoa mais importante do meu mundo, no meu mundo. Este mundo que está fechado a sete chaves e que só revelo às pessoas mais próximas. Mas garanto, bastam uns segundos com esta mulher e ela desbonina tudo cá para fora. Despeja o currículo, cor preferida, gostos musicais, o que gosta de vestir, se está com período... sem que ninguém lhe pergunte... NADA!

Parece um suricata
Estão a visualizar um suricata, que estica o pescocinho para ver o que se passa à sua volta? Tal e qual. Ela está à minha frente, na diagonal, e basta alguém se mexer, ou falar, ou ir à casa de banho, ou qualquer coisa, para ver o seu pescocinho se levantar, muito erecto, a rodar de um lado para o outro, ainda assim não perca nenhuma acção deste escritório!

É uma queixinhas
Em conversa com um colega, que ela chamou para falar de como é eficiente, começou a falar dos colegas que andavam sempre a passar no corredor, que concerteza iam fumar, e ela, como não fuma, que é muito dedicada ao trabalho. Ela não sabe se eles vão para reunião, se vão cagar, se vão tirar café. Ela não tem nada a ver com isso, mas a tóxica que há em si acha por bem ir dizer a uma pessoa que mal conhece que os outros colegas têm maus hábitos e não são eficientes. Pois claro que ele veio chibar-se a mim.

É uma lambe-cus
Já perdi a conta às vezes em que ela disse que trabalhava pela noite dentro, que acordava mais cedo para trabalhar, que trabalhava ao fim de semana. E quando há um chefe por perto, diz ainda mais vezes e mais alto. E diz-lhes diretamente, que eu vi e ouvi, "és o chefe mais fixe, atendes-me ao sábado!". Querida. Isso só me diz que tu não tens vida social e familiar, bons hábitos e respeito pelo teu próprio tempo. E que gostas de lamber rabinhos.  

Toca nas pessoas
Não basta falar, ela tem de tocar na pessoa com quem fala. Pois que caíu no erro de me tocar. A mim, bicho do mato, pessoa-fóbica, que nem os meus pais estão autorizados a tal. Quando ela me tocou e enrolou uma meada de cabelo na sua unha de gel, eu tive de lhe dizer: "Se fazes o favor, esta foi a primeira e última vez que me tocas". O meu olhar gélido foi a cereja no topo do bolo que a fez parecer um disco riscado, ou um robô do Westworld com problemas na programação.

Eu cheguei a pensar que isto era apenas implicação minha, que já gosto pouco de gajas e esta, sendo chata como a putaça, ficou-me aqui tipo espinha na garganta. Mantive-me caladinha no meu canto, até que um colega, meio a medo, me veio perguntar se não achava a colega nova a maior chata do universo. E contou-me uma data de coisas, como quando ela o chamou com o pretexto de trabalho para lhe mostrar uma assadura na perna e as suas playlists do Spotify. No seu primeiro dia aqui. Mais tarde, fê-lo tirar os phones para dizer que ia à casa de banho e almoçar. Ele, que é simpático e não consegue dizer-lhe na cara para ir para a puta que a pariu, tem aguentado com ela e depois desabafa comigo. E depois, claro, ela liga-lhe nas férias, fazendo com que ele bloqueie o seu número. Há muito, muito mais por dizer, mas acho que isto basta para terem uma pequena noção.

Acho que ela é solteira, e tenho a certeza que assim vai continuar, até morrer, a não ser que arranje um surdo. É humanamente impossível um homem (ou uma mulher) aguentar uma relação amorosa com alguém assim. É daquelas que acabaria por ser vítima de um crime passional, e eu iria compreender perfeitamente. "Homem atira esposa da janela do 7º andar" seria uma manchete credível nesse cenário. Que pessoa tão, mas tão carente!

Hoje, já somos uns quantos que desabafamos uns com os outros sobre quanto a odiamos. No fundo, ela uniu-nos. Obrigada, suricata. Mas podes ir morrer longe.

PS: e logo esta bitch é a pessoa #100 desta rúbrica, mesmo para eu não me esquecer dela enquanto for sã.


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Ninguém é perfeito. Muito menos o inglês da Catarina Furtado. Escolhê-la para apresentar o festival da Eurovisão foi um tiro no pé. Apesar de a mulher ser agradável à vista, isso não chega para não parecer que é uma russa a tentar falar inglês, completamente embriagada e sem horas de sono.

Ontem à noite passei na RTP e fiquei estupefacta. Cinco minutos bastaram para ficar de boca aberta e sentir a vergonha alheia. Por muito boa profissional que ela seja e ninguém o discute, não é admissível que não se perceba um cu do que ela está para ali a tentar dizer, desviando as atenções do que é realmente importante - a música -, tornando-se um motivo de chacota a nível europeu.

Se o problema fosse só a pronúncia não seria tão mau - ela chegou a dar calinadas na conferência de imprensa quando fugiu ao script e começou a falar das suas causas pessoais. Foi a Daniela Ruah que interveio em seu auxílio, especialmente na situação mais grave onde a Catarina disse que as mulheres eram as mais fracas - "Women are the weakest person in the world". É claro que não era isso que ela queria dizer, mas é um erro ao nível da escola primária e que incendiou os fãs do certame. Podem ver aqui a conferência, e reparem no reparo, passe a redundância, lá para os 18 minutos.

Não se fizeram tardar os comentários que dizem, entre outras coisas, para ela se preparar melhor em vez de ir para o solário, e perguntam onde arranjou esta cunha. Como mulher estudada, viajada, e até embaixadora da ONU, não estava à espera desta lacuna.

Mais uma vez, ninguém é perfeito. O meu inglês não é perfeito (embora seja melhor que o dela), mas eu não sou paga para apresentar um festival visto por milhares ou milhões de pessoas pela Europa fora. Acho que percebermos o que a pessoa está a tentar dizer será o mínimo indispensável. Compreendo a cena de ter quatro mulheres a apresentar um evento desta dimensão, mas senhores, às vezes menos é mais.

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Este filme conta a história de Christine Chubbuck, a primeira pessoa a cometer suicídio em directo na televisão. Poderá ser um grande spoiler para muitos (peço desculpa), mas é um facto. Nos anos 70, ela era repórter num canal da Florida, nos Estados Unidos, e lutava contra a depressão.

Remetida várias vezes para reportagens de segundo plano e que fugiam ao objectivo que ela perseguia - que era ter um verdadeiro impacto social com as suas histórias - acabou por ficar obcecada quando surgiu uma vaga importante noutro canal. Depois de o chefe lhe apontar que as suas causas não geravam audiências, começou, por todos os meios, a procurar histórias mediáticas, mas que não geraram o sucesso esperado.

Christine perde a cabeça várias vezes e outras tantas se vai levantando e tendo novas ideias, tudo em nome do estatuto que julga que lhe pertence. Vai-se afastando dos seus colegas, gerando discussões e momentos embaraçosos que vão afectando também a relação com a sua mãe, com quem vive. Tudo culmina no momento em que ela não vislumbra outra solução para o sucesso, para as audiências ambicionadas e para o mediatismo desejado do que dar um tiro na própria cabeça, em directo. Tinha 29 anos.

Apesar da estranheza deste acto e de ser fácil fazer um filme também ele mediático acerca do mesmo, não foi esse o caminho escolhido - e ainda bem. Conhecemos Christine como ser humano, como alguém que tem por dentro algo muito negro e inexplicável, mas que é uma pessoa como tantas outras a trabalhar por um objectivo. Sentimos facilmente a empatia e é com calma que acompanhamos o desenrolar das suas desilusões. Não é um simples filme sensionalista e comercial que explora uma grande tragédia - longe disso. É subtil, tem detalhe e sofisticação, num excelente trabalho de realização de Antonio Campos.

Não há palavras suficientes para descrever o profissionalismo e o trabalho da actriz Rebecca Hall para se colocar no papel de Christine. É simplesmente divinal sem qualquer tipo de alarido, é uma coisa natural, mas complexa, que só é possível com uma preparação fora de série. Também já tinha saudades de ver Michael C. Hall (o eterno Dexter) no grande ecrã.

Um filme que passou fora dos grandes circuitos comerciais mas que foi nomeado e ganhou vários prémios em festivais de cinema mais low-profile. Recomendado.

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A série The Terror, que está a passar no canal AMC, é baseada no livro de 2007 com o mesmo nome e inspirada por acontecimentos reais.

Em 1847, dois navios partem numa arriscada expedição em busca da passagem marítima do Noroeste do Ártico. São homens que sabem à partida que a missão é megalómana e difícil, mas que esperam fazer História. Atravessando um inverno rigoroso, os navios Erebus e The Terror acabam por ficar presos no gelo e a tripulação não tem outro remédio senão esperar o degelo numa estação menos severa.

Mas a espera que se previa de alguns meses torna-se de anos, e as provisões estão a esgotar-se. Não há nada à volta, apenas o gelo infinito que leva à loucura. A paciência e a obediência dos homens aos seus capitães torna-se mais frágil. Os laços que os unem vão-se quebrando conforme a sobrevivência se torna a prioridade. E para além de todas as dificuldades, há uma criatura no gelo que os atormenta e que parece invencível.

É uma produção do caraças (por Ridley Scott) e uma das melhores séries do ano. Já a vi toda e foi uma belíssima aventura. Os cenários são inacreditáveis, apoiados por uma fotografia irrepreensível. O ambiente é sempre tenso, deixa-nos colados e de queixo caído conforme assistimos à desventura daquelas almas que vamos tomando como perdidas. Nota máxima para as interpretações, em especial de Jared Harris (The Crown, Mad Men) e de Tobias Menzies (Outlander, Game of Thrones).

Há mistério, tensão, mortes, dúvidas, amizade, companheirismo, vinganças, facadas nas costas e tudo o que é esperado num grupo que se vê preso durante anos num dos locais mais inóspitos do mundo. Acima de tudo, saber que a base é real e que estes homens (e muitos mais, ao longo dos tempos) arriscaram tudo em nome da descoberta do mundo deixa-nos com uma certa melancolia. Se ainda não estão a ver não sabem o que perdem.

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A Islândia tem uma população que nem chega a metade do distrito de Setúbal (a baixa densidade populacional é um dos seus atractivos) mas porra, parece que tudo o que vem de lá é de excelência.

Depois da Björk e dos Sigur Rós, eis que me são apresentados os Sólstafir - mais uma vez o Spotify a fazer o jeitinho e a acertar na mouche. Foi amor à primeira audição. Sim, porque isto no amor nem temos de falar a mesma linguagem para nos entendermos. Não percebo uma porra do que dizem, mas isso não foi impedimento para me arrepiarem a espinha.

Eles existem desde 1995 e é pena que só os tenha conhecido agora. Quer dizer, já tinha ouvido algumas coisas aqui e ali, mas não lhes tinha dado a devida atenção. Foi com esta música em baixo, Ottá (que signigica 'medo'), que me conquistaram definitivamente. Parece que trazem agarradas à voz e aos instrumentos a beleza interminável das paisagens da Islândia, o poder crescente do fogo dos vulcões e a melancolia saudável do gelo infinito. É um daqueles casos que o sítio de onde são é palpável e até visível através da audição. Mais em baixo, outra música do mesmo álbum e com imagens que talvez ajudem a ilustrar esta influência que não consigo colocar melhor em palavras.

Eles são muito versáteis - até começaram por ser uma banda de heavy metal, mas agora estão mais numa onda de post-rock. Convido-vos a ouvir e a seguir nesta viagem onde serão transportados para longe, sem pagar nada.


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"Silvas e mais silvas, picos a cobrirem a casa dos poetas e só o telhado se mantém hirto, um acúleo levantado ao céu como umas mãos erguidas que rezam a Deus o pecados dos homens."

in Mea Culpa, de Carla Pais (2017)

a·cú·le·o
(latim aculeus, -i, aguilhão, ponta)
substantivo masculino

1. Ponta afiada.
2. [Botânica] Saliência pontiaguda rija e afiada. = ESPINHO, PICO
3. [Zoologia] Ferrão de certos animais. = FERRÃO, ESPÍCULO

Lidamos com tantos acúleos no nosso dia-a-dia e e eu que não sabia. Podemos picar-nos no acúleo da agulha ou tirar algum resto de comida dos dentes com o acúleo de um palito. Há quem já tenha levado e sofrido com o acúleo de uma vespa ou de uma rosa. E depois há aqueles que andam sempre com o acúleo alçado esperando enfiá-lo em algum lugar escuro... Não é por acaso que acúleo tem "cú" no meio.


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